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CESE e CONAQ reúnem representantes de organizações e comunidades quilombolas, universidade e poder público em seminário sobre direitos territoriais
09 de setembro de 2025

Nos dias 28 e 29 de agosto, a Coordenadoria Ecumênica de Serviço(CESE) promoveu em Salvador o encontro “Partilhando colheitas, saberes e trajetórias na regularização fundiária de comunidades quilombolas”. Realizado em parceria com a Coordenação de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), a atividade reuniu parceiros, representantes de organizações estaduais quilombolas, do poder público, de universidades e de territórios quilombolas para compartilhar experiências, discutir desafios e propor caminhos coletivos para avançar na garantia dos direitos territoriais.
A programação do seminário, que compõe o projeto Otun, contou com análise de contexto e panorama do segmento quilombola no país e também ressaltou as estratégias de permanência desses povos nas suas comunidades. Com a força e a ancestralidade daqueles que vivem há séculos nos seus territórios, e no enfrentamento aos racismos (fundiários, ambientais e outros), o encontro trouxe histórias de luta, resistência, mas também de sonhos e esperança pelo reconhecimento de seus direitos.
“Para mim, foi um encontro bonito, forte, que mostrou a força do povo quilombola e seus parceiros na luta pelo direito à existência”, destaca Marcella Gomez, assessora de projetos e formação da CESE.
Além disso, foram trazidas propostas para o enfrentamento de desafios centrais para a garantia do direito constitucional aos territórios quilombolas, como, por exemplo, da morosidade e burocracia do Estado quanto às questões envolvendo sua regularização. Diante do racismo estrutural que é transversal a esses problemas, Marcella Gomez salienta que a luta dos povos quilombolas é também uma luta por justiça racial.
“Se falando de Brasil, um país que traz na sua estrutura e centralidade o seu cunho racista, falar de direito à terra e território a partir dos povos quilombolas é falar sobre reparação”, aponta Marcella.
Outros temas de destaque apontados pelos participantes foram a violência nos territórios, os conflitos socioambientais e seus impactos no seu modo de vida, além dos desafios enfrentados pelas comunidades quilombolas diante das mudanças climáticas, sobretudo no que refere a segurança e soberania alimentar. Destaque para o protagonismo das mulheres na defesa das comunidades, a potência do diálogo geracional e o papel das juventudes no fortalecimento das pautas de luta. Com isso, é da resistência coletiva que brota a força para continuar reivindicando justiça, direitos e territórios protegidos aos povos quilombolas.
“O encontro tem essa potência porque ele conseguiu envolver diversos segmentos a partir da pauta da regularização fundiária dos segmentos quilombolas, mas também pode dialogar com outras temáticas tão importantes e caras para todos nós”, finaliza Marcella Gomez.
O assessor de projetos e formação da CESE, Carlos Eduardo Chaves, ressaltou: “Incorporando o conceito dos ensinamentos de Nêgo Bispo, de uma temporalidade não linear, mas circular, com ”começo, meio e começo”, o seminário trouxe experiências diversas pautadas na ancestralidade e na força de uma juventude quilombola aguerrida e atuante, com foco em oportunidades para continuar no caminho de soluções para as diversas crises que atingem suas comunidades e exigem avanços na titulação de seus territórios tradicionais”.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
A gente tem uma associação do meu povo, Karipuna, na Terra Indígena Uaçá. Por muito tempo a nossa organização ficou inadimplente, sem poder atuar com nosso povo. Mas, conseguimos acessar o recurso da CESE para fortalecer organização indígena e estruturar a associação e reorganizá-la. Hoje orgulhosamente e muito emocionada digo que fazemos a Assembleia do Povo Karipuna realizada por nós indígenas, gerindo nosso próprio recurso. Atualmente temos uma diretoria toda indígena, conseguimos captar recursos e acessar outros projetos. E isso tudo só foi possível por causa da parceria com a CESE.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
Há muito a celebrar e agradecer! Nestes anos todos, a CESE tem sido uma parceira importantíssima dos movimentos e organizações populares e pastorais sociais. Em muitos casos, o seu apoio foi e é decisivo para a luta, para a vitória da vida. Faz as exigências necessárias para os projetos, mas não as burocratiza nem as excede. O espírito solidário e acolhedor de seus agentes e funcionários faz a diferença. O testemunho de verdadeiro ecumenismo é uma das suas marcas mais relevantes! Parabéns a todos e todas que fazem a CESE! Vida longa!
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.
A CESE é a marca do ecumenismo na defesa de direitos. É serviço aos movimentos populares nas lutas por justiça. Parabéns à Diretoria e equipe da CESE pela persistência e compromisso, sempre renovado nesses cinquenta anos, de preservação da memória histórica na defesa da democracia em nosso país.
A CESE não está com a gente só subsidiando, mas estimulando e fortalecendo. São cinquenta anos possibilitando que as ditas minorias gritem; intervindo realmente para que a gente transforme esse país em um lugar mais igualitário e fraterno, em que a gente possa viver como nos quilombos: comunidades circulares, que cabe todo mundo, respirando liberdade e esperança. Parabéns, CESE. Axé e luz para nós!
A CESE completa 50 anos de testemunho de fé ativa no amor, faz jus ao seu nome. Desde o início, se colocou em defesa dos direitos humanos, denunciou atos de violência e de tortura, participou da discussão de grandes temas nacionais, apoiou movimentos sociais de libertação. Parabéns pela atuação profética, em prol da unidade e da cidadania. Que Deus continue a fazer da CESE uma benção para muitos.