CESE apoia mobilização nacional para a 18ª edição do Acampamento Terra Livre
04 de abril de 2022
Brasília amanheceu ocupada. Hoje, 4 de abril de 2022, povos indígenas de todas as regiões do Brasil tomaram o Distrito Federal para lutar contra a violência do grande capital que sequestra o Estado para atacar seus direitos. É o início do Acampamento Terra Livre, que se estenderá até o próximo dia 14. “Retomando o Brasil: demarcar territórios e aldear a política” será a temática central da 18ª edição do ATL.
A luta pela demarcação de terras será o mote que reunirá milhares de indígenas de diferentes povos na capital do país. Segundo dados da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), das 1.298 Terras Indígenas no Brasil, 829 (63%) apresentam alguma pendência do Estado para que seu processo demarcatório seja finalizado e, destas, 536 (64%) não tiveram ainda nenhuma providência adotada pelo Estado.
O ataque pelas vias legislativa e jurídica têm sido constantes, a exemplo da tese do marco temporal, que está sendo discutida atualmente no Supremo Tribunal Federal a partir do Projeto de Lei (PL) 490/2007, e também do PL 191/2020, que prevê que empresas mineradoras e de outros setores possam atuar dentro das TIs. Outros PLs estão na agenda de prioridade do Congresso Nacional, como os 6.299/2002 (Agrotóxicos); 2.633/2020 e 510/2021 (Grilagem); e 3.729/2004 (Licenciamento Ambiental).
Todos esses projetos afetam diretamente a vida dos povos originários e visam o seu extermínio como resultado final de toda essa arquitetura. Diante deste cenário em que o próprio Estado tenta legalizar um massacre, a CESE reafirma seu compromisso com os povos indígenas de todo o Brasil e apoia suas lutas em Brasília no mês de abril, com o auxílio direto a grupos que se deslocaram para a capital federal.
Até o momento, um total de R$ 122.300 foram destinados a 288 beneficiárias/os de dezenas de povos – Potiguara, Tapuia, Tapeba, Kariri, Tremembé, Pitaguary, Tupi Guarani, Guarani Mbya, Pataxó, Caxixó, Xukuru Kariri, Parakanã, entre outros – espalhados por 7 estados diferentes – Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Pará e São Paulo.
Uma das maiores expressões do compromisso da CESE com os povos indígenas nesses 48 anos de existência é o suporte financeiro a pequenos projetos que expressam a luta pela resistência e pela garantia de direitos culturais e territoriais do segmento. Somente nos últimos cinco anos, foram 233 iniciativas apoiadas através do Programa de Pequenos Projetos, num total de R$ 2.530.398,00 aplicados, beneficiando cerca de 26 mil famílias.
Durante os 11 dias em que ocuparão Brasília, os povos indígenas realizarão plenárias sobre juventudes e diversidade, debates sobre educação, saúde, ancestralidade, futuro e outras mobilizações. A programação completa do Acampamento Terral Livre 2022 pode ser conferida neste link.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Ao longo desses 50 anos, fomos presenteadas pela presença da CESE em nossas comunidades. Nós somos testemunhas do quanto ela tem de companheirismo e solidariedade investidos em nossos territórios. E isso tem sido fundamental para que continuemos em luta e em defesa do nosso povo.
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
Celebrar os 50 anos da CESE é reconhecer uma caminhada cristã dedicada a defesa dos direitos humanos em todas as suas dimensões, comprometida com os segmentos mais vulnerabilizados da população brasileira. E valorizar cada conquista alcançada em cada luta travada na busca da justiça, do direito e da paz. Fazer parte dessa caminhada é um privilégio e motivo de grande alegria poder mais uma vez nos regozijar: “Grande coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres!” (Salmo 126.3)
Parabéns à CESE pela resistência, pela forte ancestralidade, pelo fortalecimento e proteção aos povos quilombolas. Onde a política pública não chega, a CESE chega para amenizar os impactos e viabilizar a permanência das pessoas, das comunidades. Que isso seja cada vez mais potente, mais presente e que a gente encontre, junto à CESE, cada vez mais motivos para resistir e esperançar.
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
Nós, do SOS Corpo, mantemos com a CESE uma parceria de longa data. Temos objetivos muito próximos, queremos fortalecer os movimentos sociais porque acreditamos que eles são sujeitos políticos de transformação. Seguiremos juntas. Um grande salve aos 50 anos. Longa vida à CESE