Viabilizado através do Programa de Pequenos Projetos da CESE, Projeto Casa da Luz, oferece atividades para refugiadas em São Paulo
Venezuelanas, haitianas, angolanas e bolivianas. De diferentes lugares da América e de África, essas mulheres vieram para o Brasil com esperança de dias melhores, encontraram inúmeros desafios, mas também acolhimento e esperança. Apoiado pelo Programa de Pequenos Projetos, a iniciativa Casa Na Luz foi idealizada pela Associação da Igreja Metodista 3 – Região Luz, na capital paulistana e promove ciclos de oficinas de formação com mulheres refugiadas e imigrantes em situação de vulnerabilidade. As atividades formativas seguem em curso até esse mês de agosto.
O objetivo do projeto é possibilitar que mulheres imigrantes e refugiadas de diversos países e diversos contextos, que em comum, vivem numa situação socioeconômica de extrema vulnerabilidade, possam viver com maior autonomia no Brasil. Através de conteúdo formativo e informativo, a Casa Na Luz quer alargar o conhecimento na área da Defesa de Direitos das Mulheres imigrantes e refugiadas. Além de oferecer conteúdos sobre Economia Solidária, Ciclo de Empreendedorismo, Saúde Reprodutiva e Informações sobre a Cultura e História Brasileira, o projeto oferece alimentação e doações para as participantes.
As ações formativas foram adaptadas para o contexto da pandemia, no qual as atividades presenciais estão sendo evitadas. Assim, os conteúdos são transmitidos através de aulas e vídeos curtos, enviados para os grupos de WhatsApp no qual as imigrantes estão inscritas. Elas recebem os materiais didáticos e fazem as atividades orientadas. As equipes também fazem acompanhamentos presenciais e doações, reforçando os cuidados com o uso de máscara e higiene. Elas já acompanharam ciclos de formação tratando sobre Economia Solidária, também conheceram mais sobre a história do Brasil e foi compartilhado conteúdo sobre saúde reprodutiva.
Refugiadas – Elas vêm de diferentes países, em sua maioria da América Latina, têm idades distintas, mas muitas já são avós e aqui estão com netos, também filhos e filhas. As imigrantes e refugiadas buscaram a cidade de São Paulo para recomeçar as suas vidas. Contudo, diante da crise econômica do país e enorme desemprego, milhares dessas mulheres vivenciam um cotidiano de extrema vulnerabilidade. Os grupos religiosos têm tido um papel relevante no acolhimento das famílias imigrantes, a exemplo da experiência da Igreja Metodista 3, que atua na Região da Luz, no Centro de São Paulo.
De acordo com Eliad Santos, Pastora da Igreja Metodista e teóloga, o projeto Casa na Luz iniciou suas atividades antes da pandemia, recebendo as mulheres para cursos presenciais. Além das formações, elas recebiam atendimento psicossocial, com psicóloga e psicopedagoga. Eram oferecidas aulas de Língua Portuguesa e acompanhamento com assistente social. A programação também envolvia rodas de conversas sobre questões de gênero e uma vez por semana, tinham encontros para cozinhar: “Os sábados era o dia que elas mais gostavam porque era o Dia da Saudade, porque a cada sábado um grupo fazia comida. Então elas chegavam de manhã paras aulas de português, depois elas iam para cozinha e preparavam comida. Era um dia de festa porque elas faziam a comida, falavam um pouco, matavam a saudade, contavam um pouco do seu país, da da história, da comida também e, assim, a gente passava o sábado” lembra a teóloga. Com a pandemia, a dinâmica precisou ser alterada, bem como se agravaram os desafios dessa população.
As mulheres vivem em abrigos transitórios para pessoas imigrantes e refugiadas. São lugares muitas vezes improvisados, onde é extremamente desafiante conviverem homens, mulheres e crianças conjuntamente e com condições muito precárias. A acolhida da Casa Na Luz propicia trazer perspectivas para essas mulheres que passavam o dia inteiro fora desses abrigos, sem muitas atividades ou instrumentos para trabalho. As atividades buscam oferecer empoderamento integral das imigrantes e contribuir para recuperação de sua autonomia, além de fazer os encaminhamentos para que acessem às políticas sociais para pessoas em situação de migração e refúgio.
Apoio – Segundo Eliad Santos, a Igreja Metodista fez uma pesquisa interna identificando qual deveria ser o seu foco de atendimento e foi apontado que os imigrantes necessitavam de maior atenção. “Escolhemos fazer o o atendimento para as mulheres e crianças e nos comprometemos a criar esse espaço para as mulheres. Para que elas possam ter o melhor atendimento e que elas possam ter a melhor forma de passar o dia, que possam conseguir atingir os objetivos do projeto que são a autonomia dela. Essa autonomia está em conseguir uma casa, trabalho e conseguir se manter no Brasil ou no lugar que elas escolherem” explica a pastora.
Através do Programa de Pequenos Projetos, a Casa Na Luz pôde seguir com suas atividades formativas, adequadas ao contexto da pandemia. “A importância do apoio da CESE é que sem ele, a gente não conseguiria fazer esse projeto da melhor forma. Trabalhamos com elas na pandemia, enquanto aguardam o trabalho ou uma casa. As atividades ajudam a repensar suas vidas, repensar suas atitudes, conhecer um pouco mais sobre o Brasil, o lugar onde elas estão” afirma Eliad. A iniciativa conta também com o engajamento de grupos de voluntários e voluntárias, que se somam no atendimento das mulheres e crianças, utilizando o Método Paulo Freire e a perspectiva de troca de saberes.