A Última Casa de Reza Kaiowá foi queimada em aldeia de Dourados (MS)
09 de julho de 2019

Na manhã de ontem (08), nos deparamos com a triste notícia do incêndio da Casa de Reza, Ongusu, do Ñanderu Getúlio Juca e da Ñandesy Alda Silva, do povo Kaiowá. Este espaço sagrado era chamado de Gwyra Nhe’engatu Amba, na língua kaiowá. Era a última construção kaiowá para esta finalidade que resistia nesta terra indígena. Recentemente, foi realizado um projeto arquitetônico para reformá-la, mas não deu tempo.
A casa de reza (ogapysy ou ongusu) é o lócus principal dos processos de transmissão de conhecimentos deste povo e abrigo de seus objetos de culto como o Yvyrai, Xiru e Mbaraka. A comunidade está apreensiva porque a casa é o abrigo do Xiru, onde os anciãos rezam, cantam e dançam diante dele. Um incêndio destes objetos pode ter implicações que prejudicam as colheitas, o clima, alimentos e para a saúde deste povo.
O local era referência cultural da comunidade e já recebeu mitos eventos como o Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (ENEI), o Kunhangue Jeroky Guasu, Aty Guasu, além de receber diariamente crianças para serem batizadas, benzidas, fazerem tratamentos médicos tradicionais, além de orientação espiritual.

Segundo as pessoas que tentaram combater o incêndio, enquanto a casa queimava, os Xiru, objetos sagrados, que eram ali protegidos, choravam e pediam socorro.
O incêndio ocorreu na Aldeia Jaguapiru, Terra Indígena de Dourados, Dourados (MS). Estas casas são referência espiritual do povo indígena auto-denominado Kaiowa. Os Kaiowa são um dos povos que pertencem ao grupo mais abrangente de populações Guarani residentes no Brasil (composta também pelos Guarani Mbya e pelos Guarani Ñandeva).
A forma tradicional dos kaiowá se organizarem socialmente é formando núcleos comunitários constituídos por um número variado de parentes e liderados por um casal de mais idade (ñanderu e ñandesy, que pode ser traduzido para o português como “nosso pai” e “nossa mãe”).
Esta comunidade é formada por varias famílias extensas, sendo o sr. Getúlio e a sra. Alda dois de seus líderes religiosos tradicionais.
A Casa de Reza, antes de ser queimada
A comunidade mora na Reserva Indígena de Dourados, que consiste num complexo multi-comunitário, abrigando centenas de outros núcleos familiares. A Reserva de Dourados é composta por duas grandes aldeias (Jaguapiru e Bororó) e possui aproximadamente 17 mil habitantes (SESAI, 2019).
A área é reconhecida pelo Estado, mas num tamanho muito menor que o território tradicional, e em condições que tornam muito difícil a reprodução da cultura. A reserva foi criada pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), em 1917, com 3.600 hectares inicialmente reservados aos indígenas da etnia kaiowá, que já ocupavam o local e suas imediações.
NOTAS:
- METADADOS: Ongusu; Ñanderu; Ñandesy; Violência; Incêndio.
- IMAGENS: Aty Guasu, Kunhangue Jeroky Guasu Marangatu, Getúlio Juca.
Neimar Machado Professor da UFGD (Universidade da Grande Dourados)
Fonte: Gazeta Trabalhista
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Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
A CESE é a marca do ecumenismo na defesa de direitos. É serviço aos movimentos populares nas lutas por justiça. Parabéns à Diretoria e equipe da CESE pela persistência e compromisso, sempre renovado nesses cinquenta anos, de preservação da memória histórica na defesa da democracia em nosso país.
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
Nós, do SOS Corpo, mantemos com a CESE uma parceria de longa data. Temos objetivos muito próximos, queremos fortalecer os movimentos sociais porque acreditamos que eles são sujeitos políticos de transformação. Seguiremos juntas. Um grande salve aos 50 anos. Longa vida à CESE
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
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Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
Parabéns à CESE pela resistência, pela forte ancestralidade, pelo fortalecimento e proteção aos povos quilombolas. Onde a política pública não chega, a CESE chega para amenizar os impactos e viabilizar a permanência das pessoas, das comunidades. Que isso seja cada vez mais potente, mais presente e que a gente encontre, junto à CESE, cada vez mais motivos para resistir e esperançar.
