Tragédia brasileira e riscos para a Casa Comum. Entrevista especial com Romi Bencke

A destruição da biodiversidade e as consequências da proliferação do novo coronavírus fazem com que o Brasil se torne um “potencial perigo para os demais países”, diz a secretária-geral do Conic

Fonte: INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS / Patricia Fachin

Romi Bencke (Foto: Agência Ecumênica de Comunicação)

Igrejas desempenham papéis importantes na sociedade, e muitos grupos vinculados a diferentes igrejas têm dado sustentação a esta política destrutiva”, diz a pastora Romi Bencke ao comentar a conjuntura nacional e os efeitos gerados pelas políticas adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro, com apoio de setores cristãos. Como uma voz dissonante em contraposição a outros grupos religiosos que apoiam e sustentam o governo Bolsonaro em seus pronunciamentos à comunidade cristãRomi chama atenção para a necessidade de “reunir expressões cristãs que compreendem e assumem a sua responsabilidade social como resposta ao Evangelho. Pensar nossa atuação diaconal e pastoral exige que compreendamos de maneira profunda a realidade e seus desafios. Para isso, precisamos dialogar com as diferentes áreas de conhecimento”, afirma.

Segundo ela, o presidente se aproxima “com habilidade” de alguns setores cristãos. A postura dele, pontua, “é uma prática antiga, que é a de identificar em setores religiosos uma espécie de ‘curral‘ eleitoral. Ele realiza um discurso conservador, e garante alguns privilégios para se manter no poder. No entanto, destaco, esta não é uma prática única e exclusiva do atual presidente. Ela se repete sempre que há eleições. É uma prática assumida por todos os partidos”. E acrescenta: “Vejo que em um debate sobre a reforma do sistema político, um grande desafio é pensar a relação entre igrejas e partidos políticos”. Para fazer frente à “desconfiguração da mensagem cristã” em curso, Romi sugere o investimento em “formação teológica crítica e aberta para interagir com a sociedade moderna. Não se entregando ao discurso fácil de prosperidade e de combate ao inimigo nem à divisão simplória da humanidade entre bem e mal“.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU, Romi Bencke comenta alguns dos temas do “Seminário Internacional Tragédia brasileira: Risco para a Casa Comum?“, que foi realizado nesta semana, entre os dias 4 e 6 de maio. Na avaliação dela, a atual conjuntura brasileira representa “dois riscos potenciais” para a humanidade. “O primeiro é a destruição da nossa biodiversidade que ocorre pela monocultura, uso intensivo de veneno, mineração e derrubada de florestas. Os impactos da destruição ambiental não atingem somente o Brasil, mas o planeta como um todo, pois o que chamamos de vida é um sistema interdependente. Outro risco é a atual pandemia da Covid-19 e as novas cepas identificadas em nosso país. Se não levarmos a sério os alertas da comunidade científica sobre as consequências da não contenção da proliferação do novo coronavírus, nos tornaremos um potencial perigo para os demais países, em especial para os países que fazem fronteira com o Brasil“, destaca.

O evento foi promovido pela Comissão Brasileira de Justiça e Paz – CBJPConselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil – ConicCoordenadoria Ecumênica de Serviço – CESEFundação Luterana de Diaconia – FLD, FEACT-BRASILInstituto Humanitas Unisinos – IHUConferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB/Pastorais Sociais#RespiraBrasil, com apoio do ISER, PAD, CRB e REPAM Brasil. As palestras foram transmitidas pelo Facebook do Conicda CESE pelo Canal do Youtube da Comissão Brasileira Justiça e Paz e pela página eletrônica do Instituto, no Faceebok do IHU, no Canal do IHU no YouTube.

Confira a entrevista completa aqui 

Assista os 3 dias do seminário nos links abaixo:

4 DE MAIO:

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5 DE MAIO:

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6 DE MAIO