Tupinambá: pelo direito de viver
12 de março de 2019
Com ameaças e violações recorrentes, lideranças Tupinambá de Olivença relatam, em vídeo, plano de assassinato denunciado no início deste ano
Por Assessoria de Comunicação da CPT e do Cimi
Os Tupinambá da Aldeia Serra do Padeiro, do sul da Bahia, Terra Indígena (TI) Tupinambá de Olivença, denunciaram no início do ano a autoridades públicas estaduais e federais, um ardiloso plano que previa incriminar os indígenas através de provas falsas implantadas em seus pertences, e ainda assassinar suas principais lideranças. No vídeo, disponível em cinco línguas (DE, EN, ES, FR), os Tupinambá relatam as recentes ameaças e como elas se relacionam com o histórico de violências e violações a que vêm sendo submetidos. Nesta semana, a indígena Glicéria de Jesus da Silva, conhecida como Célia Tupinambá, da TI Tupinambá de Olivença, levará à Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, uma série de denúncias envolvendo a situação de ameaças contra o povo Tupinambá e as violações aos direitos dos povos indígenas do Brasil.
Em fevereiro de 2019, lideranças da Aldeia Serra do Padeiro, do povo Tupinambá, no sul da Bahia, denunciaram a autoridades públicas estaduais e federais um ardiloso plano visando assassinar indígenas que estão à frente da luta pelo território. Os atentados ocorreriam em falsas blitz de trânsito, em que se buscaria também criminalizar os indígenas, “plantando” drogas e armas em seus veículos.
Em carta-denúncia difundida em janeiro de 2019, a comunidade já havia indicado que as declarações e medidas do presidente Jair Bolsonaro vêm acirrando a violência contra os Tupinambá. O documento — que relata a longa trajetória do povo, pontuada por esbulho e outras formas de violência — pede providências às autoridades e o apoio da comunidade internacional.
Os ataques, enfatizam as lideranças da Serra do Padeiro, visam impedir a conclusão da demarcação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, que se arrasta desde 2004. Apenas a finalização desse processo pode garantir os direitos de indígenas e não indígenas, levando ao fim dos conflitos.
Na terça-feira (12) pela manhã, a indígena Glicéria de Jesus da Silva, conhecida como Célia Tupinambá, da TI Tupinambá de Olivença, falará na 40ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, durante uma reunião sobre situações de direitos humanos que requerem a atenção do Conselho. No mesmo dia, a partir das 10h no Brasil, a indígena participará de uma atividade paralela no Palácio das Nações, cujo tema é “A situação dos Direitos Humanos no Brasil”. A atividade é realizada por ABGLT, Artigo 19, Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil, Conectas, Cimi, Fian Brasil, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e Terra de Direitos. Ao longo da semana, a indígena permanecerá em Genebra e participará de outras atividades e reuniões com organizações da sociedade civil e membros da ONU.
O vídeo “Tupinambá: pelo direito de viver”, realizado por parceria entre CPT e Cimi, teve roteiro de Daniela Alarcon e Thomas Bauer, que também fez as filmagens e a edição do material.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
Ao longo desses 50 anos, fomos presenteadas pela presença da CESE em nossas comunidades. Nós somos testemunhas do quanto ela tem de companheirismo e solidariedade investidos em nossos territórios. E isso tem sido fundamental para que continuemos em luta e em defesa do nosso povo.
Nós, do SOS Corpo, mantemos com a CESE uma parceria de longa data. Temos objetivos muito próximos, queremos fortalecer os movimentos sociais porque acreditamos que eles são sujeitos políticos de transformação. Seguiremos juntas. Um grande salve aos 50 anos. Longa vida à CESE
Celebrar os 50 anos da CESE é reconhecer uma caminhada cristã dedicada a defesa dos direitos humanos em todas as suas dimensões, comprometida com os segmentos mais vulnerabilizados da população brasileira. E valorizar cada conquista alcançada em cada luta travada na busca da justiça, do direito e da paz. Fazer parte dessa caminhada é um privilégio e motivo de grande alegria poder mais uma vez nos regozijar: “Grande coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres!” (Salmo 126.3)
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
A CESE completa 50 anos de testemunho de fé ativa no amor, faz jus ao seu nome. Desde o início, se colocou em defesa dos direitos humanos, denunciou atos de violência e de tortura, participou da discussão de grandes temas nacionais, apoiou movimentos sociais de libertação. Parabéns pela atuação profética, em prol da unidade e da cidadania. Que Deus continue a fazer da CESE uma benção para muitos.