Diálogo e articulação com movimentos sociaisEcumenismo e Diálogo Inter-religioso
Roda de Diálogo PAD: Decolonialidade e Cooperação Internacional
16 de outubro de 2023
Roda de Diálogo PAD – Fotos: Kátia Visentainer/PAD
Nos dias 05 e 06 de outubro, aconteceu no Sítio Titara, em Planaltina de Goiás, a Roda de Diálogo 2023 do PAD. Além da coordenação executiva – formada por Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE, SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, Heks-Eper, secretária executiva e a comunicação; representantes de mais 17 organizações parceiras estiveram presentes.
A facilitação foi realizada pela consultora Luciana Pinto, que dividiu a roda em três momentos:
MOMENTO CALEIDOSCÓPIO
Após a apresentação de cada participante, todos foram convidados a refletir sobre: Cooperação Internacional e a relação com o Brasil: como descolonizar a relações Norte/Sul e Sul/Sul? E Quais estratégias das articulações das OSC´s olhando para a reconfiguração das relações de cooperação a partir de 2023?
Neste momento houve um espaço para escuta dos participantes sobre o tema e muitas foram as contribuições para reflexão:
As mudanças na cooperação confessional, e o movimento de apoio da cooperação ao Governo Brasileiro;
O papel fundamental do grupo PAD nas relações com a cooperação, e a necessidade de debater o racismo e as relações de poder;
A necessidade da participação das OSC com princípio das relações de cooperação internacional para o desenvolvimento.
A urgência de um debate profundo sobre a sustentabilidade financeira e política das organizações;
A importância da realização das brigadas internacionais do MST, que dialoga com a sociedade civil de diversos países;
A importância da articulação com o Kobra, na articulação Brasil/Berlim, e como esse processo tem sido um exercício de diálogo com a sociedade alemã;
É possível falar em decolonialidade no sistema capitalista?
Colocar no radar um olhar para a Cooperação brasileira, para a cooperação chinesa e as Fundações.
No início da tarde, a partir de um resumo do debate da manhã, com um olhar a partir do resgate de pontos da reunião da Coordenação Executiva Ampliada realizada em março deste ano e da Avaliação Externa (2020-2023).
O que o PAD deve priorizar considerando as frentes e agendas políticas propostas:
– Monitoramento dos Direitos Humanos: O PAD é parte da Articulação de Monitoramento de DH – AMDH, e é a partir da produção desta rede que se dialoga e produz incidências quanto a violação dos DH e o papel das relações de cooperação. – O debate sobre o Estado Laico e a influencia dos fundamentalismos que influencia diretamente no comportamento social, político e cultural da sociedade e das instituições que integram o Estado, assim a aliança como Fórum Ecumênico – FEACT é estratégica na construção de articulações e estratégias com as organizações baseadas na fé e que compõem os conselhos das agências de cooperação confessionais. – A articulação com a ABONG com vistas a realização do C20/G20 torna-se uma prioridade para o ano de 2024, assim como a COP 30 para o ano de 2025. – O diálogo com a Frente contra o acordo União Europeia e Mercosul e EFTA, segue estratégico, considerando-se os interesses econômicos e suas consequências para as relações de cooperação internacional. – Com a parceria do Kobra deve-se seguir com as estratégias de monitoramento da consolidação do novo acordo Brasil e Alemanha, ao mesmo tempo buscar incidir no âmbito do governo brasileiro para que se constitua mecanismos de participação social neste processos de cooperação bilaterais e multilaterais.
MOMENTO AYA
Após a reflexão e debate sobre conjuntura, contexto e atividades do PAD, o momento AYA foi usado para pensar na dinâmica organizativa do PAD considerando a agenda política para os próximos anos. Diante do contexto e os desafios, como funcionamos até agora e como iremos prosseguir em diálogo e articulação?
Em roda foram debatidos os desafios do PAD e propostas de atuação para o próximo período.
O que se quer do PAD e qual o PAD que se quer?
O maior desafio é a necessidade de incidir junto ao Governo Brasileiro. Assim, como produzimos estudos sobre a cooperação de vários países, há compreensão da importância de estudar quanto a política de cooperação adotada pelo governo, de incidir para constituir espaços de participação da sociedade civil na política de relações de cooperação.
Avaliou-se também que é notório o movimento de não priorização da América Latina por parte da cooperação europeia e uma maior presença da cooperação conduzida por fundações no Brasil.
A agenda política do PAD para o próximo período tem como prioridade manter o radar sobre estes desafios, além de se fazer presente nos processos de preparação dos espaços de participação das OSC e Redes no C20/G20, COP 30 e seguir em diálogo com a AMDH, com o FEACT e a Frente Br contra o Acordo União Europeia e Mercosul e EFTA. Em todas as frentes o foco de atuação do PAD é os impactos destes acordos na relação de cooperação com o Brasil e seus desdobramentos na relação com as OSC´s.
O PAD segue priorizando os quatro eixos de ação: comunicação – viabilizando a divulgação de temas importantes, formação para dar capilaridade às produções de estudos e pesquisa do PAD no tema da cooperação internacional, articulação entre OSC e redes brasileiras e de países relevantes na política de cooperação com o BR e incidência política.
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
Nós, do SOS Corpo, mantemos com a CESE uma parceria de longa data. Temos objetivos muito próximos, queremos fortalecer os movimentos sociais porque acreditamos que eles são sujeitos políticos de transformação. Seguiremos juntas. Um grande salve aos 50 anos. Longa vida à CESE
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
A CESE não está com a gente só subsidiando, mas estimulando e fortalecendo. São cinquenta anos possibilitando que as ditas minorias gritem; intervindo realmente para que a gente transforme esse país em um lugar mais igualitário e fraterno, em que a gente possa viver como nos quilombos: comunidades circulares, que cabe todo mundo, respirando liberdade e esperança. Parabéns, CESE. Axé e luz para nós!
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
Somos herdeiras do legado histórico de uma organização que há 50 anos dá testemunho de uma fé comprometida com o ecumenismo e a diaconia profética. Levar adiante esta missão é compromisso que assumimos com muita responsabilidade e consciência, pois vivemos em um país onde o mutirão pela justiça, pela paz e integridade da criação ainda é uma tarefa a se realizar.