Pacaraima: indignação e solidariedade
24 de agosto de 2018
Era estrangeiro e tu me acolheste” (Mt 25, 35a)
Nós, 58 bispos e 27 demais representantes de Prelazias e Dioceses reunidos em Manaus (AM) de 20 a 23 de agosto no III Encontro da Igreja Católica da Amazônia Legal, convocados pela Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB para dialogar sobre o Sínodo Especial para Amazônia tomamos conhecimento dos violentos atos ocorridos no dia 18 de agosto em Pacaraima, Roraima. Inspirados pelo Evangelho de Jesus Cristo, tornamos pública nossa indignação com a intolerância manifestada contra as mulheres, homens e crianças, refugiados venezuelanos. Já o profeta Zacarias nos adverte:
*não oprimam a viúva e o órfão, nem o estrangeiro e o necessitado.’ (Zc 7, 10)
Expressamos nossa solidariedade com as famílias que sofreram a violenta expulsão do Brasil e nos edificamos com as pessoas, instituições e comunidades católicas que acolhem e protegem nossos irmãos e irmãs migrantes.
Reconhecemos que a situação é crítica, principalmente pela ausência de uma ação integrada e eficaz das esferas municipais, estadual e federal do Estado Brasileiro, que assegure a acolhida humanitária aos refugiados. Insistimos que o governo da Venezuela supere as causas geradoras desse deslocamento forçado.
Lembramos que os refugiados pertencem a povos da Amazônia e merecem respeito à sua dignidade e aos Direitos Humanos. Dizemos BASTA ao ódio e SIM à acolhida fraterna.
Que a Virgem de Nazaré, Rainha da Amazônia, interceda pelos povos da Amazônia para que o Espírito de Deus nos indique os caminhos de vivermos como irmãs e irmãos.
Manaus (AM), 23 de agosto de 2018
Bispos católicos da Amazônia Legal e demais representantes participantes no III Encontro
Cardeal Dom Cláudio Hummes,
Presidente da Comissão Episcopal para Amazônia da CNBB,
Presidente da REPAM – Rede Eclesial Pan-Amazônica
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Há muito a celebrar e agradecer! Nestes anos todos, a CESE tem sido uma parceira importantíssima dos movimentos e organizações populares e pastorais sociais. Em muitos casos, o seu apoio foi e é decisivo para a luta, para a vitória da vida. Faz as exigências necessárias para os projetos, mas não as burocratiza nem as excede. O espírito solidário e acolhedor de seus agentes e funcionários faz a diferença. O testemunho de verdadeiro ecumenismo é uma das suas marcas mais relevantes! Parabéns a todos e todas que fazem a CESE! Vida longa!
Celebrar os 50 anos da CESE é reconhecer uma caminhada cristã dedicada a defesa dos direitos humanos em todas as suas dimensões, comprometida com os segmentos mais vulnerabilizados da população brasileira. E valorizar cada conquista alcançada em cada luta travada na busca da justiça, do direito e da paz. Fazer parte dessa caminhada é um privilégio e motivo de grande alegria poder mais uma vez nos regozijar: “Grande coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres!” (Salmo 126.3)
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
A CESE não está com a gente só subsidiando, mas estimulando e fortalecendo. São cinquenta anos possibilitando que as ditas minorias gritem; intervindo realmente para que a gente transforme esse país em um lugar mais igualitário e fraterno, em que a gente possa viver como nos quilombos: comunidades circulares, que cabe todo mundo, respirando liberdade e esperança. Parabéns, CESE. Axé e luz para nós!