Nota do Cimi sobre o assassinato de liderança na Terra Indígena Wajãpi
29 de julho de 2019por Direção Nacional do Centro de Estudos Bíblicos*
Diante da violência aos irmãos indígenas Wajãpi e assassinato de uma de suas lideranças promovida por interesses da exploração econômica e da tomada das terras de quem são seus legítimos herdeiros, nós do CEBI, através desta nota, repudiamos e somos veemente contra tais atos que atentam contra a vida.
Vários setores do governo e da mídia (inclusive pelas redes sociais) tentam minimizar os conflitos na região, simplesmente noticiando uma “suposta morte de índio” ou “nem por drone ou informações obtidas por agentes da região atestam a presença de grupos armados”, ou ainda, “reflexo do susto da morte de um indígena”.
Essas são algumas afirmações absurdas do desconhecimento dos graves conflitos na região e os interesses governamentais, políticos e econômicos no âmbito nacional e internacional de tomada de terras indígenas para extração e garimpo. Diante dessas ações assassinas e da violência contra a vida de tantos irmãos e irmãs, ouvimos as provocações diante da morte de Abel: “Onde está o teu irmão?” “O que foi que você fez? O clamor do sangue do seu irmão grita por mim desde o solo”.
O sangue do povo Wajãpi clama desde a mãe terra contra aqueles que no poder das armas, no poder do capital e no poder político tramam contra a vida.
Exigimos o respeito à vida dos povos indígenas e originários e a garantia de seus direitos em suas terras. Exigimos que os órgãos federais e as autoridades públicas tomem medidas urgentes para identificar e punir, na forma da lei, os responsáveis pelo ataque aos Wajãpi. Por fim, nos unimos às muitas organizações e movimentos na defesa sagrada da vida.
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Nota da Direção Nacional do CEBI, 29 de julho de 2019.
Foto de capa: Os índios Wajãpi/VICTOR MORIYAMA/El País
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
A CESE completa 50 anos de testemunho de fé ativa no amor, faz jus ao seu nome. Desde o início, se colocou em defesa dos direitos humanos, denunciou atos de violência e de tortura, participou da discussão de grandes temas nacionais, apoiou movimentos sociais de libertação. Parabéns pela atuação profética, em prol da unidade e da cidadania. Que Deus continue a fazer da CESE uma benção para muitos.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
Parabéns à CESE pela resistência, pela forte ancestralidade, pelo fortalecimento e proteção aos povos quilombolas. Onde a política pública não chega, a CESE chega para amenizar os impactos e viabilizar a permanência das pessoas, das comunidades. Que isso seja cada vez mais potente, mais presente e que a gente encontre, junto à CESE, cada vez mais motivos para resistir e esperançar.
A CESE não está com a gente só subsidiando, mas estimulando e fortalecendo. São cinquenta anos possibilitando que as ditas minorias gritem; intervindo realmente para que a gente transforme esse país em um lugar mais igualitário e fraterno, em que a gente possa viver como nos quilombos: comunidades circulares, que cabe todo mundo, respirando liberdade e esperança. Parabéns, CESE. Axé e luz para nós!
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Celebrar os 50 anos da CESE é reconhecer uma caminhada cristã dedicada a defesa dos direitos humanos em todas as suas dimensões, comprometida com os segmentos mais vulnerabilizados da população brasileira. E valorizar cada conquista alcançada em cada luta travada na busca da justiça, do direito e da paz. Fazer parte dessa caminhada é um privilégio e motivo de grande alegria poder mais uma vez nos regozijar: “Grande coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres!” (Salmo 126.3)
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.