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Nota de repúdio aos ataques sofridos pela companheira e liderança indígena Joziléia Kaingang
02 de dezembro de 2022
NOTA DE REPÚDIO AOS ATAQUES SOFRIDOS COMPANHEIRA E LIDERANÇA INDÍGENA JOZILÉIA KAINGANG
“Eu acredito que a primeira regra ao bem viver é o respeito. O respeito como principal meio de promover amor, acolhimento, empatia” (Cristiane Julião Pankararu)
“a violência contra indígenas faz parte de um sistema que é violento com os povos tradicionais, uma violência corriqueira e até planejada contra indígenas. (Sônia Guajajara)
Nós Igrejas, Organizações Baseadas na Fé e Conselhos de Igrejas que compomos o FEACT-Brasil unimos as nossas vozes às inúmeras manifestações de repúdio aos ataques racistas e misóginos deferidos à companheira e liderança indígena Joziléia Kaingang.
Joziléia, mulher indígena da etnia Kaingang, que também integra a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade – ANMIGA, no último dia 18 de novembro no âmbito da sua participação na COP 27 no Egito, quando compartilhava a sua experiência naquele espaço de articulação e denúncia, foi violentamente atacada através das páginas do facebook Aliança Luterana e Aliança Luterana que compartilharam o seu vídeo com uma legenda de conteúdo racista, seguida de mais comentários de usuários e seguidores com conteúdos racistas e misóginos.
Como organizações ecumênicas não podemos nos calar diante desses ataques de tamanha violência contra uma mulher. Para nós, é preciso responsabilizar quem realiza tais atos de violência porque o Cristo em que cremos nos ensinou a lutar contra toda a discriminação e ódio e a valorizar as diversidades.
O nosso compromisso de fé se expressa através do mandamento maior que nos move: amar ao próximo como a si mesmo. Isso certamente exige de nós posicionamentos cada vez mais firmes e nítidos na defesa da dignidade da pessoa humana, de forma a não deixar dúvidas de que estamos do lado do Jesus torturado, que acolheu as diversidades e combateu as tradições que levam ao ódio, à destruição e à morte.
Que o nosso testemunho cristão seja inspirado sempre no mandamento maior: “Se alguém disser: amo a Deus e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê” (1Jo 4,20).
Nosso abraço acolhedor e solidário a companheira Joziléia.
RACISTAS, NÃO PASSARÃO!
MACHISTAS, NÃO PASSARÃO!
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
A CESE é a marca do ecumenismo na defesa de direitos. É serviço aos movimentos populares nas lutas por justiça. Parabéns à Diretoria e equipe da CESE pela persistência e compromisso, sempre renovado nesses cinquenta anos, de preservação da memória histórica na defesa da democracia em nosso país.
Somos herdeiras do legado histórico de uma organização que há 50 anos dá testemunho de uma fé comprometida com o ecumenismo e a diaconia profética. Levar adiante esta missão é compromisso que assumimos com muita responsabilidade e consciência, pois vivemos em um país onde o mutirão pela justiça, pela paz e integridade da criação ainda é uma tarefa a se realizar.
A família CESE também faz parte do movimento indígena. Compartilhamos das mesmas dores e alegrias, mas principalmente de uma mesma missão. É por um causa que estamos aqui. Fico muito feliz de poder compartilhar dessa emoção de conhecer essa equipe. Que venham mais 50 anos, mais pessoas comprometidas com esse espírito de igualdade, amor e fraternidade.
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
A gente tem uma associação do meu povo, Karipuna, na Terra Indígena Uaçá. Por muito tempo a nossa organização ficou inadimplente, sem poder atuar com nosso povo. Mas, conseguimos acessar o recurso da CESE para fortalecer organização indígena e estruturar a associação e reorganizá-la. Hoje orgulhosamente e muito emocionada digo que fazemos a Assembleia do Povo Karipuna realizada por nós indígenas, gerindo nosso próprio recurso. Atualmente temos uma diretoria toda indígena, conseguimos captar recursos e acessar outros projetos. E isso tudo só foi possível por causa da parceria com a CESE.
Celebrar os 50 anos da CESE é reconhecer uma caminhada cristã dedicada a defesa dos direitos humanos em todas as suas dimensões, comprometida com os segmentos mais vulnerabilizados da população brasileira. E valorizar cada conquista alcançada em cada luta travada na busca da justiça, do direito e da paz. Fazer parte dessa caminhada é um privilégio e motivo de grande alegria poder mais uma vez nos regozijar: “Grande coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres!” (Salmo 126.3)
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.