Mulheres Negras e Populares: Por uma agenda feminista e negra
30 de outubro de 2017


No último dia 20 de outubro, foi realizada a Oficina de Formação em Gestão, Análise de Contexto e Incidência Política das Mulheres Negras, uma atividade promovida pela CESE e SOS Corpo, em parceria da Rede de Mulheres Negras da Bahia. A oficina aconteceu na Casa Betânia, em Salvador, durantes os dias 20, 21 e 22 de outubro.
Durante esses três dias, movimentos sociais e organizações de mulheres negras discutiram sobre o momento político vivido no Brasil e como essa conjuntura tem afetado diretamente às mulheres negras. Para Rosana Fernandes, assessora de Projetos e Formação da CESE, as essas mulheres, além de serem as maiores vítimas de feminicídio,são também as principais vítimas das violações dos Direitos Humanos: “As mulheres negras sofrem com o machismo, racismo e preconceito de classe, tudo ao mesmo tempo, uma vez que ocupam a base da pirâmide social com subempregos, condições de trabalho inapropriadas, falta de acesso à saúde, entre outros”.


Na ocasião, as participantes puderam fazer uma autorreflexão sobre suas vidas, enquanto mulheres negras, e partilharam suas vivências, crenças e experiências. Muitas relataram que a Marcha das Mulheres Negras, realizada no ano de 2015, em Brasília, foi um marco para visibilizar a luta das mulheres no nosso país. Para Lindinalva de Paula, da Rede de Mulheres Negras da Bahia: “Pela primeira vez na história do país, mais de 50 mil de nós, ocupamos as ruas de Brasília para reivindicar políticas públicas.”, e completa: “Nossas ações pós marcha, é continuar na articulação e no enfretamento, contra esse ou qualquer governo opressor, racista e machista.”.
Nesse momento de cerceamento dos direitos e ataques à população negra, é preciso discutir e realizar ações afirmativas e coletivas. A ideia é que as participantes integrem a Rede de Mulheres Negras no estado da Bahia, para continuar construindo e incidindo de maneira contínua na luta negra e feminista.
A formação é uma iniciativa faz parte do projeto”Mulheres Negras e Populares: Traçando Caminhos e Construindo Direitos”, com financiamento da União Europeia no Brasil. O projeto tem por finalidade o fortalecimento das organizações de mulheres negras e de setores populares do Norte e Nordeste do País.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Parabéns à CESE pela resistência, pela forte ancestralidade, pelo fortalecimento e proteção aos povos quilombolas. Onde a política pública não chega, a CESE chega para amenizar os impactos e viabilizar a permanência das pessoas, das comunidades. Que isso seja cada vez mais potente, mais presente e que a gente encontre, junto à CESE, cada vez mais motivos para resistir e esperançar.
A CESE completa 50 anos de testemunho de fé ativa no amor, faz jus ao seu nome. Desde o início, se colocou em defesa dos direitos humanos, denunciou atos de violência e de tortura, participou da discussão de grandes temas nacionais, apoiou movimentos sociais de libertação. Parabéns pela atuação profética, em prol da unidade e da cidadania. Que Deus continue a fazer da CESE uma benção para muitos.
Nós, do SOS Corpo, mantemos com a CESE uma parceria de longa data. Temos objetivos muito próximos, queremos fortalecer os movimentos sociais porque acreditamos que eles são sujeitos políticos de transformação. Seguiremos juntas. Um grande salve aos 50 anos. Longa vida à CESE
Há muito a celebrar e agradecer! Nestes anos todos, a CESE tem sido uma parceira importantíssima dos movimentos e organizações populares e pastorais sociais. Em muitos casos, o seu apoio foi e é decisivo para a luta, para a vitória da vida. Faz as exigências necessárias para os projetos, mas não as burocratiza nem as excede. O espírito solidário e acolhedor de seus agentes e funcionários faz a diferença. O testemunho de verdadeiro ecumenismo é uma das suas marcas mais relevantes! Parabéns a todos e todas que fazem a CESE! Vida longa!
A CESE não está com a gente só subsidiando, mas estimulando e fortalecendo. São cinquenta anos possibilitando que as ditas minorias gritem; intervindo realmente para que a gente transforme esse país em um lugar mais igualitário e fraterno, em que a gente possa viver como nos quilombos: comunidades circulares, que cabe todo mundo, respirando liberdade e esperança. Parabéns, CESE. Axé e luz para nós!
A CESE é a marca do ecumenismo na defesa de direitos. É serviço aos movimentos populares nas lutas por justiça. Parabéns à Diretoria e equipe da CESE pela persistência e compromisso, sempre renovado nesses cinquenta anos, de preservação da memória histórica na defesa da democracia em nosso país.
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.