Moção de apoio à ocupação da antiga usina Ariadnópolis Quilombo Campo Grande
06 de novembro de 2018Os conflitos nas áreas da antiga Usina Ariadnópolis se estendem há mais de 20 anos. A área da Usina possui cerca de 4.000 hectares, onde toda sua produção era destinada a monocultura de cana de açúcar, e produção de álcool. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra chega ao sul de Minas, no município de Campo do Meio, no ano de 1997, diante conflitos trabalhistas protagonizados pela antiga Usina Ariadnópolis, a CAPIA – Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo, que até hoje ainda não foram totalmente resolvidos, ainda há trabalhadores e trabalhadoras que não receberam seus direitos. Nos organizamos através desses processos de luta e resistência que posteriormente, em 1999, resultaram na ocupação das terras improdutivas da antiga Usina após sua falência.
Desde a primeira ocupação já ocorreram cinco despejos ao longo de 20 anos, e somente a resistência e a organização popular tem possibilitado conquistas. Em 2017-2018, as famílias sem terra produziram mais de 8.500 mil sacas de café, 55 mil sacas de milho e 500 toneladas de feijão. Além de uma diversificada produção de hortaliças, verduras, legumes, galinhas, gado e leite. Ao longo desses anos também foram construídas parcerias com organizações e instituições da região que incentivaram a produção, o fomento da educação popular e a melhoria de infraestrutura para as famílias.
Em setembro de 2015 o movimento tinha em mãos o Decreto Estadual 365 que desapropria 3.195 hectares da falida Usina Ariadnópolis. O Decreto Estadual tinha como proposta desapropriar a área mediante o pagamento de R$ 66 milhões à empresa. Porém, acionistas da CAPIA não aceitaram o acordo e levaram o caso à justiça contra o governo de Minas Gerais, pedindo anulação do decreto. Há dois meses atrás chegamos a firmar um acordo em que o Estado se comprometia a pagar o valor em cinco parcelas, mas com o avanço da onda fascista junto ao processo eleitoral, através de um conluio jurídico entre o agronegócio, a bancada ruralista e latifundiários da região, fizeram uma manobra política julgando e anulando o decreto, sendo que o mesmo já havia passado por dois julgamentos que validaram a importante ação do governo de Minas Gerais.
Através de uma operação jurídica duvidosa retomaram uma ação de despejo de 2011, com afirmativas mentirosas, e pretendem retirar as famílias que já vivem na área a mais de 20 anos.
Esses são os primeiros passos das ações fascistas do Estado, da criminalização da luta pela terra e pela reforma agrária.
As entidades e parceiros(as) que assinam abaixo, vem manifestar o total apoio a permanência dessas famílias na área e pedir a definitiva resolução de um dos conflitos mais antigos do Brasil.
Somos e seremos resistência!
Lutar! Construir Reforma Agrária Popular!
Organizações e parceiros(as) que assinam:
CUT – Central Única dos Trabalhadores
CTB – Central dos Trabalhadores do Brasil
SindUTE/MG – Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais
Marcha Mundial das Mulheres
SINPRO/MG – Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais
Levante Popular da Juventude
Movimento dos Trabalhadores por Direitos
CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Eu acho extraordinário o trabalho da CESE, porque ela inaugurou outro tipo de ecumenismo. Não é algo que as igrejas discutem entre si, falam sobre suas doutrinas e chegam a uma convergência. A CESE faz um ecumenismo de serviço que é ecumenismo de missão, para servir aos pobres, servir seus direitos.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
Há muito a celebrar e agradecer! Nestes anos todos, a CESE tem sido uma parceira importantíssima dos movimentos e organizações populares e pastorais sociais. Em muitos casos, o seu apoio foi e é decisivo para a luta, para a vitória da vida. Faz as exigências necessárias para os projetos, mas não as burocratiza nem as excede. O espírito solidário e acolhedor de seus agentes e funcionários faz a diferença. O testemunho de verdadeiro ecumenismo é uma das suas marcas mais relevantes! Parabéns a todos e todas que fazem a CESE! Vida longa!
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.
Parabéns à CESE pela resistência, pela forte ancestralidade, pelo fortalecimento e proteção aos povos quilombolas. Onde a política pública não chega, a CESE chega para amenizar os impactos e viabilizar a permanência das pessoas, das comunidades. Que isso seja cada vez mais potente, mais presente e que a gente encontre, junto à CESE, cada vez mais motivos para resistir e esperançar.
Somos herdeiras do legado histórico de uma organização que há 50 anos dá testemunho de uma fé comprometida com o ecumenismo e a diaconia profética. Levar adiante esta missão é compromisso que assumimos com muita responsabilidade e consciência, pois vivemos em um país onde o mutirão pela justiça, pela paz e integridade da criação ainda é uma tarefa a se realizar.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
Celebrar os 50 anos da CESE é reconhecer uma caminhada cristã dedicada a defesa dos direitos humanos em todas as suas dimensões, comprometida com os segmentos mais vulnerabilizados da população brasileira. E valorizar cada conquista alcançada em cada luta travada na busca da justiça, do direito e da paz. Fazer parte dessa caminhada é um privilégio e motivo de grande alegria poder mais uma vez nos regozijar: “Grande coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres!” (Salmo 126.3)
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.