<a href="https://www.cese.org.br/milhares-de-pessoas-protestam-em-correntina-ba-em-defesa-das-aguas-e-do-cerrado/"><strong>Milhares de pessoas protestam em Correntina (BA) em defesa das águas e do Cerrado</strong></a>
11 de novembro de 2016
Cerca de dez mil pessoas foram às ruas de Correntina, no oeste baiano, no dia 11 de novembro, para denunciar o baixo nível do rio Arrojado em consequência do intenso desmatamento, e do uso abusivo das águas, sobretudo pelas empresas do agronegócio, e das mudanças climáticas.
A manifestação também foi em apoio ao protesto realizado por aproximadamente 600 pessoas, no dia 02 de novembro, contra os abusos do uso da água em duas fazendas no distrito de Rosário. No oeste da Bahia os conflitos por água são antigos e, só entre 2010 e o ano passado, mais de sete mil famílias já foram atingidas.
Os manifestantes se reuniram em frente ao Museu do Cerrado Altair Sales e seguiram pelas ruas da cidade até a Ilha do Ranchão, nas margens do rio Correntina. O ato contou com a participação do Juiz Federal Dr. Leonardo Hernandes Santos Soares, do Bispo Dom João Cardoso, da Diocese de Bom Jesus da Lapa, e do prefeito da cidade, Nilson José Rodrigues.
Em seu discurso durante o ato, o Bispo se posicionou contra a violência para a resolução de conflitos, e enfatizou o debate de ideias e o diálogo como formas mais eficazes. Também ressaltou a importância de lutar pelas águas do Cerrado e das comunidades na preservação do meio ambiente. “Pequenos ou grandes agricultores não vão ganhar nada com a morte dos rios, é a fonte que nos alimenta. Temos que discutir crescimento com sustentabilidade e responsabilidade ambiental. Nós somos os cuidadores da irmã Terra”, disse.
Já o Juiz Federal, Dr. Leonardo Hernandes, prometeu ouvir ambos os lados e aproximar ainda mais a Justiça Federal em favor do meio ambiente. “Eu não me baseio por notícias, eu me baseio por fatos. Nem sempre é bom fazer a justiça com as próprias mãos, mas nem sempre somos ouvidos. Não vamos perder o foco, temos que olhar para os nossos rios, o código das águas esta aí para ser cumprido. Eu tenho uma preocupação com o meio ambiente, com os rios, e que o desenvolvimento seja sustentável e proteja os direitos das futuras gerações, esse é um direito constitucional”, concluiu.
Para Valdemir Araújo, moradora da região, a população não vai permitir que o rio seja destruído. “De dez anos para cá, o rio está ficando cada ano mais seco, porque a seca ta longa. Mas aí vem essas empresas querendo ser mais do que Deus, se apoderando das cabeceiras lá de cima, atingindo os lençóis freáticos. Nós não vamos deixar o rio morrer, porque água é vida, é pureza”, completou.
Comunicação CPT Bahia
Foto: Thomas Bauer/ CPT Bahia
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Somos herdeiras do legado histórico de uma organização que há 50 anos dá testemunho de uma fé comprometida com o ecumenismo e a diaconia profética. Levar adiante esta missão é compromisso que assumimos com muita responsabilidade e consciência, pois vivemos em um país onde o mutirão pela justiça, pela paz e integridade da criação ainda é uma tarefa a se realizar.
A CESE é a marca do ecumenismo na defesa de direitos. É serviço aos movimentos populares nas lutas por justiça. Parabéns à Diretoria e equipe da CESE pela persistência e compromisso, sempre renovado nesses cinquenta anos, de preservação da memória histórica na defesa da democracia em nosso país.
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
Nós, do SOS Corpo, mantemos com a CESE uma parceria de longa data. Temos objetivos muito próximos, queremos fortalecer os movimentos sociais porque acreditamos que eles são sujeitos políticos de transformação. Seguiremos juntas. Um grande salve aos 50 anos. Longa vida à CESE
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.
A CESE não está com a gente só subsidiando, mas estimulando e fortalecendo. São cinquenta anos possibilitando que as ditas minorias gritem; intervindo realmente para que a gente transforme esse país em um lugar mais igualitário e fraterno, em que a gente possa viver como nos quilombos: comunidades circulares, que cabe todo mundo, respirando liberdade e esperança. Parabéns, CESE. Axé e luz para nós!