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Lançamento da cartilha “Mulheres do Cerrado: construindo resistências” traz a voz e a mística das mulheres cerradeiras
05 de julho de 2021
Cartilha reúne os saberes tradicionais e textos sobre o enfrentamento ao sistema capitalista, racista e patriarcal a partir das vozes de mulheres do cerrado
A cartilha “Mulheres do Cerrado: construindo resistências” é parte de um conjunto de materiais lançados como iniciativa da Articulação de Mulheres do Cerrado. Esses materiais reúnem saberes tradicionais, conteúdos formativos e místicos a partir das vozes de mulheres cerradeiras, que são múltiplas e plurais.
Nesta semana, entre os dias 29 de junho e 02 de julho, aconteceu a “Semana das Mulheres do Cerrado: Construindo Resistências”, evento virtual realizado pela Articulação das Mulheres do Cerrado com o apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) e de Misereor. No dia 29 foi lançado o vídeo-manifesto da Articulação e nos dias 01 de julho aconteceu a roda de conversa virtual “Mulheres do Cerrado: Espaço de Cura” e na sexta-feira, 02 de julho, lançamento público da Cartilha.
A Articulação das Mulheres do Cerrado surge em junho de 2019, com a realização do I Encontro de Mulheres do Cerrado e desde então vem se consolidando como um espaço de auto-organização das mulheres no âmbito da Campanha em Defesa do Cerrado. Nesse curto período de existência muito já foi construído, alimentado e fortalecido.
Em novembro de 2020 foi realizado o II Encontro de Mulheres do Cerrado: construindo resistências. Com coragem e teimosia mais de 100 mulheres estiveram reunidas virtualmente, enfrentando os desafios impostos pela pandemia, entre eles o da exclusão digital.

Esta cartilha é um dos muitos produtos desse esforço coletivo de entender a realidade vivida, buscando transformá-la. Nela estão registradas, com força e beleza, muitas das falas das mulheres, e muitas das referências trazidas por elas, sobre o sistema capitalista, sobre o racismo e o etnocentrismo e sobre o patriarcado, mostrando como esses sistemas, operando ao mesmo tempo, atravessam nossos corpos e os territórios.
A partir desse material também é possível refletir como tudo isso se manifesta nesse momento de pandemia em que as mulheres são tão fortemente impactadas e como o sistema capitalista é responsável pelo surgimento das pandemias.
Mas, como não poderia deixar de ser, também estão grafadas nessas páginas algumas das muitas expressões de resistência das mulheres do cerrado que, mesmo em um período de tantos desmandos, tantos retrocessos promovidos pelo projeto genocida em curso, não esmorecem.
Assim, com a força das suas ancestrais, as mulheres do cerrado seguem enfrentando o sistema capitalista-racista-patriarcal a partir da vida cotidiana, da produção de conhecimento, das lutas travadas nos seus territórios. Seguem construindo resistências pois, como dito na carta do II Encontro: “Não existem territórios livres com corpos presos!”
Acesse a cartilha aqui.
Assista o vídeo-manifesto “As mulheres do Cerrado estão em pé e em luta” abaixo:
Fonte: Campanha Nacional em Defesa do Cerrado
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
A família CESE também faz parte do movimento indígena. Compartilhamos das mesmas dores e alegrias, mas principalmente de uma mesma missão. É por um causa que estamos aqui. Fico muito feliz de poder compartilhar dessa emoção de conhecer essa equipe. Que venham mais 50 anos, mais pessoas comprometidas com esse espírito de igualdade, amor e fraternidade.
A gente tem uma associação do meu povo, Karipuna, na Terra Indígena Uaçá. Por muito tempo a nossa organização ficou inadimplente, sem poder atuar com nosso povo. Mas, conseguimos acessar o recurso da CESE para fortalecer organização indígena e estruturar a associação e reorganizá-la. Hoje orgulhosamente e muito emocionada digo que fazemos a Assembleia do Povo Karipuna realizada por nós indígenas, gerindo nosso próprio recurso. Atualmente temos uma diretoria toda indígena, conseguimos captar recursos e acessar outros projetos. E isso tudo só foi possível por causa da parceria com a CESE.
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
A CESE completa 50 anos de testemunho de fé ativa no amor, faz jus ao seu nome. Desde o início, se colocou em defesa dos direitos humanos, denunciou atos de violência e de tortura, participou da discussão de grandes temas nacionais, apoiou movimentos sociais de libertação. Parabéns pela atuação profética, em prol da unidade e da cidadania. Que Deus continue a fazer da CESE uma benção para muitos.
Parabéns à CESE pela resistência, pela forte ancestralidade, pelo fortalecimento e proteção aos povos quilombolas. Onde a política pública não chega, a CESE chega para amenizar os impactos e viabilizar a permanência das pessoas, das comunidades. Que isso seja cada vez mais potente, mais presente e que a gente encontre, junto à CESE, cada vez mais motivos para resistir e esperançar.