Feijoada solidária e ato em defesa de defensoras/es de direitos
29 de agosto de 2018
A CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviço) celebra a chegada da nova estação com a 18ª edição da sua Campanha Primavera para a Vida. Neste ano, a iniciativa abraça o tema “Bem Aventuradas as Vidas que Defendem os Direitos, a Justiça e a Paz”, trazendo a discussão sobre assassinatos e criminalização de defensores e defensoras de direitos humanos e dos movimentos sociais.
Segundo dados divulgados pela Anistia Internacional, o número estimado de defensores/as dos direitos humanos mortos/as em todo o mundo desde a adoção da Declaração sobre Defensores dos Direitos Humanos, em 1998, é de 3.500 pessoas. Conforme a mesma fonte, em 2016, a maioria dos assassinatos documentados de defensores e defensoras de direitos humanos no mundo aconteceram no Brasil. Se formos considerar unicamente a situação no campo, dados da Comissão Pastoral da Terra – CPT indicam que o número de pessoas assassinadas por defenderem seus direitos de acesso à terra, água e território foi de 73 somente no ano de 201 (31 das quais como resultado de massacres). Outras formas de violência também cresceram: 120 tentativas de assassinato, 226 ameaças de morte, 06 pessoas torturadas e 263 presas.
A Campanha “Bem–aventuradas as vidas que defendem os Direitos, a Justiça e a Paz” nos ajudará a refletir sobre este crescente ambiente de ódios e intolerâncias. Consideramos importante refletir sobre as lições e provocações advindas das bem-aventuranças em nossos grupos de estudo bíblico, nas escolas dominicais, na catequese e em outros espaços possíveis da atividade eclesial para sensibilizar e comprometer as comunidades com defensores/as de direitos.
As bem-aventuranças desafiam a uma espiritualidade comprometida com os pobres e com as pessoas que têm fome e sede de justiça, convocando à prática da solidariedade e da misericórdia. “Acreditamos que o amor é mais forte que o ódio. Acreditamos que vale a pena continuar sendo fiéis ao evangelho libertador de Jesus Cristo. Acreditamos que muitas pessoas são solidárias e comprometidas com a construção do Reino de Deus”.
PROGRAMAÇÃO DA CAMPANHA
15 DE SETEMBRO: LANÇAMENTO OFICIAL DA CAMPANHA (Museu de Arte da Bahia- Corredor da Vitória – ESTACIONAMENTO)
10:00: Roda de Diálogo: A situação dos defensores/as de DHs na Bahia
12:00: Tradicional Feijoada Solidária (no valor de R$ 30), com música ao vivo e sorteio de brindes. Toda a renda arrecadada com as ações desse dia será revertida para projetos sociais que a CESE apoia.
Os convites estão disponíveis na recepção da CESE (Rua da Graça, 150), crédito/débito. Tel.: (71) 2104-5457
DIA 24 DE SETEMBRO: Ato inter religioso na pracinha em frente a Gamboa de Baixo, uma comunidade pesqueira com 350 famílias altamente estigmatizada e visada pelo capital imobiliário, a qual luta para permanecer em seu território e preservar sua cultura e seu direito à moradia. Realizada no início da Primavera, o ato público se propõe como um momento de solidariedade das diversas religiões com aquela comunidade, de denúncia às violações de direitos a que moradores e moradoras da Gamboa são submetidos na luta pela resistência em seus espaços; e anúncio de um futuro esperançosamente próximo da existência digna desses povos.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
A gente tem uma associação do meu povo, Karipuna, na Terra Indígena Uaçá. Por muito tempo a nossa organização ficou inadimplente, sem poder atuar com nosso povo. Mas, conseguimos acessar o recurso da CESE para fortalecer organização indígena e estruturar a associação e reorganizá-la. Hoje orgulhosamente e muito emocionada digo que fazemos a Assembleia do Povo Karipuna realizada por nós indígenas, gerindo nosso próprio recurso. Atualmente temos uma diretoria toda indígena, conseguimos captar recursos e acessar outros projetos. E isso tudo só foi possível por causa da parceria com a CESE.
Somos herdeiras do legado histórico de uma organização que há 50 anos dá testemunho de uma fé comprometida com o ecumenismo e a diaconia profética. Levar adiante esta missão é compromisso que assumimos com muita responsabilidade e consciência, pois vivemos em um país onde o mutirão pela justiça, pela paz e integridade da criação ainda é uma tarefa a se realizar.
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
Nós, do SOS Corpo, mantemos com a CESE uma parceria de longa data. Temos objetivos muito próximos, queremos fortalecer os movimentos sociais porque acreditamos que eles são sujeitos políticos de transformação. Seguiremos juntas. Um grande salve aos 50 anos. Longa vida à CESE
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
A CESE completa 50 anos de testemunho de fé ativa no amor, faz jus ao seu nome. Desde o início, se colocou em defesa dos direitos humanos, denunciou atos de violência e de tortura, participou da discussão de grandes temas nacionais, apoiou movimentos sociais de libertação. Parabéns pela atuação profética, em prol da unidade e da cidadania. Que Deus continue a fazer da CESE uma benção para muitos.
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.