Comitiva brasileira vai ao Papa denunciar violações de direitos no país
06 de agosto de 2018No dia 3 de agosto, uma comitiva brasileira foi recebida pelo Papa Francisco, para entregar documentos denunciando violações de Direitos Humanos no país. O grupo esteve integrado por Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco, assassinada em março deste ano e que ainda aguarda justiça; a jurista Carol Proner, que levou ao Papa os livros A Resistência Internacional ao Golpe de 2016 e Comentários a uma Sentença Anunciada – o Processo Lula; Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro de Direitos Humanos e ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade; e a secretária executiva da Fundação Luterana de Diaconia, pastora Cibele Kuss, representando o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), que entregou o documento Intolerância e Violência Religiosa no Brasil e a publicação Fé, Justiça de Gênero e Incidência Pública – 500 anos da Reforma e Diaconia Transformadora.
O documento Intolerância e Violência Religiosa no Brasil afirma que em um contexto de absoluta incerteza em relação aos rumos da democracia brasileira, o Brasil vive situações cada vez mais graves de violações de Direitos. “As perseguições à espiritualidade afro-brasileira e indígena, por meio da crescente destruição de Terreiros e de Casas de Reza, e o próprio assassinato de Marielle, são apenas alguns exemplos da violência que atravessa o país, em toda sua extensão, e isso precisa ser denunciado internacionalmente”, disse Cibele.
O fundamentalismo neo pentecostal e seu ultra-conservadorismo têm resultado em uma extrema violência cultural e simbólica, a partir do interesse em aumentar a “conversão” de mulheres e homens negros. “Templos da religião afro-brasileira são continuamente destruídos, lideranças religiosas são obrigadas a abandonarem suas casas, seus templos, e estão acontecendo assassinatos em ‘nome de Deus’”.
O mesmo se passa em comunidades indígenas, como a dos Guarani Kaiowá, que, na tentativa de preservarem sua religião tradicional, têm sofrido varias formas de pressão, caracterizadas como intolerancia religiosa. “É uma política de genocidio”, afirmou Cibele. A submissão do Estado ao agronegócio mantém milhares de pessoas confinadas em reservas, nas quais a sobrevivencia física e cultural é insustentável.
O Fórum Ecumênico ACT Brasil (FE ACT), juntamente com o CONIC e organizações parceiras, têm denunciado de forma contundente a situação. Uma das ações são as missões ecumênicas, realizadas desde 2015. A I Missão Ecumênica ocorreu no Mato Grosso do Sul, e desde então outros locais foram visitados, entre os quais Pau D´Arco, no Pará, e comunidades Kaingang e Guarani, no interior do Rio Grande do Sul. A participação é de representações de igrejas, organismos ecumênicos e inter-religiosos, organizações da sociedade civil e defensoras e defensores de direitos humanos.
Texto: Comunicação FLD – Fundação Luterana de Diaconia
Foto: Reprodução
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Nós, do SOS Corpo, mantemos com a CESE uma parceria de longa data. Temos objetivos muito próximos, queremos fortalecer os movimentos sociais porque acreditamos que eles são sujeitos políticos de transformação. Seguiremos juntas. Um grande salve aos 50 anos. Longa vida à CESE
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
Somos herdeiras do legado histórico de uma organização que há 50 anos dá testemunho de uma fé comprometida com o ecumenismo e a diaconia profética. Levar adiante esta missão é compromisso que assumimos com muita responsabilidade e consciência, pois vivemos em um país onde o mutirão pela justiça, pela paz e integridade da criação ainda é uma tarefa a se realizar.
Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
Parabéns à CESE pela resistência, pela forte ancestralidade, pelo fortalecimento e proteção aos povos quilombolas. Onde a política pública não chega, a CESE chega para amenizar os impactos e viabilizar a permanência das pessoas, das comunidades. Que isso seja cada vez mais potente, mais presente e que a gente encontre, junto à CESE, cada vez mais motivos para resistir e esperançar.
Há muito a celebrar e agradecer! Nestes anos todos, a CESE tem sido uma parceira importantíssima dos movimentos e organizações populares e pastorais sociais. Em muitos casos, o seu apoio foi e é decisivo para a luta, para a vitória da vida. Faz as exigências necessárias para os projetos, mas não as burocratiza nem as excede. O espírito solidário e acolhedor de seus agentes e funcionários faz a diferença. O testemunho de verdadeiro ecumenismo é uma das suas marcas mais relevantes! Parabéns a todos e todas que fazem a CESE! Vida longa!
A CESE completa 50 anos de testemunho de fé ativa no amor, faz jus ao seu nome. Desde o início, se colocou em defesa dos direitos humanos, denunciou atos de violência e de tortura, participou da discussão de grandes temas nacionais, apoiou movimentos sociais de libertação. Parabéns pela atuação profética, em prol da unidade e da cidadania. Que Deus continue a fazer da CESE uma benção para muitos.
Eu acho extraordinário o trabalho da CESE, porque ela inaugurou outro tipo de ecumenismo. Não é algo que as igrejas discutem entre si, falam sobre suas doutrinas e chegam a uma convergência. A CESE faz um ecumenismo de serviço que é ecumenismo de missão, para servir aos pobres, servir seus direitos.
Ao longo desses 50 anos, fomos presenteadas pela presença da CESE em nossas comunidades. Nós somos testemunhas do quanto ela tem de companheirismo e solidariedade investidos em nossos territórios. E isso tem sido fundamental para que continuemos em luta e em defesa do nosso povo.