CESE reafirma seu compromisso com a resistência dos povos indígenas do Brasil
01 de abril de 2021
Ao longo de sua trajetória, como organização ecumênica, a CESE segue reafirmando seu compromisso com a luta dos povos indígenas por seus direitos culturais e territoriais.

Desde o Brasil colônia até os dias atuais, os povos originários vêm sofrendo com processos de violência, opressão e expulsão dos seus territórios. Como se não fosse suficiente os desmontes de direitos, invasão dos seus territórios e ataque às demarcações, populações indígenas resistem à pandemia, enchentes e queimadas. Segundo o Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2019, publicado anualmente pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), essa situação “evidencia que os indígenas enfrentam um dos momentos históricos mais desafiadores desde a invasão dos colonizadores”.
Nesse momento a população indígena está entre os grupos mais vulneráveis da pandemia. A COVID-19, potencializada pelo projeto de morte do governo federal, tem chegado aos territórios de forma devastadora. Segundo a plataforma de monitoramento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), até o dia 01 de abril, 1029 vidas foram perdidas, 163 povos afetados e 51. 857 pessoas contaminadas. Tudo isso somado aos incêndios criminosos na Amazônia, Cerrado, Pantanal e desmonte de órgãos de fiscalização e controle ambientais.
Aliado ao modelo de desenvolvimento predatório – que viola direitos e explora indiscriminadamente as riquezas naturais para sustentar o capital, o agronegócio, a mineração e madeireiras, combina-se o racismo religioso. O projeto fundamentalista do governo tem adentrado os territórios numa tentativa de minar sua resistência pela imposição da conversão religiosa. Trata-se de uma força política e econômica, de raízes coloniais, que se ampara também no sagrado para aniquilar a existência dos povos indígenas.
Apesar desse cenário de inseguras e violências constantes, os povos indígenas seguem em resistência pelo Bem Viver, defendendo seus corpos e territórios para manter viva sua história. Há 520 anos, resistem a todo um processo de opressão e dominação.
Ao longo de sua trajetória, como organização ecumênica, a CESE segue reafirmando seu compromisso com a luta dos povos indígenas por seus direitos culturais e territoriais. No movimento ecumênico, espaço prioritário de atuação, tem trabalhado para sensibilizar igrejas e organizações à solidariedade e ao engajamento nessa causa, sobretudo na realização de ações de incidência em situações concretas de violência
Uma das maiores expressões do compromisso da CESE com os povos indígenas nesses 48 anos de existência é o suporte financeiro a pequenos projetos que expressam a luta pela resistência e pela garantia de direitos culturais e territoriais desse segmento. Somente nos últimos cinco anos foram 197 iniciativas apoiadas através do Programa de Pequenos Projetos, num total de R$ 1.800.079,00 aplicados, beneficiando cerca de 22 mil famílias. Além disso, a CESE tem também propiciado apoio político por intermédio de posicionamentos públicos, facilitado processos de diálogo e articulação, promovido ações de formação, vivências, intercâmbios e colocado os canais de comunicação institucional para a visibilização e divulgação da luta indígena
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Somos herdeiras do legado histórico de uma organização que há 50 anos dá testemunho de uma fé comprometida com o ecumenismo e a diaconia profética. Levar adiante esta missão é compromisso que assumimos com muita responsabilidade e consciência, pois vivemos em um país onde o mutirão pela justiça, pela paz e integridade da criação ainda é uma tarefa a se realizar.
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
Ao longo desses 50 anos, fomos presenteadas pela presença da CESE em nossas comunidades. Nós somos testemunhas do quanto ela tem de companheirismo e solidariedade investidos em nossos territórios. E isso tem sido fundamental para que continuemos em luta e em defesa do nosso povo.
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.
Há muito a celebrar e agradecer! Nestes anos todos, a CESE tem sido uma parceira importantíssima dos movimentos e organizações populares e pastorais sociais. Em muitos casos, o seu apoio foi e é decisivo para a luta, para a vitória da vida. Faz as exigências necessárias para os projetos, mas não as burocratiza nem as excede. O espírito solidário e acolhedor de seus agentes e funcionários faz a diferença. O testemunho de verdadeiro ecumenismo é uma das suas marcas mais relevantes! Parabéns a todos e todas que fazem a CESE! Vida longa!
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
A CESE não está com a gente só subsidiando, mas estimulando e fortalecendo. São cinquenta anos possibilitando que as ditas minorias gritem; intervindo realmente para que a gente transforme esse país em um lugar mais igualitário e fraterno, em que a gente possa viver como nos quilombos: comunidades circulares, que cabe todo mundo, respirando liberdade e esperança. Parabéns, CESE. Axé e luz para nós!