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CESE e COIAB Fortalecem cultura e gestão territorial do povo Apurinã no Sul do Amazonas
09 de setembro de 2025
No Sul do Amazonas, o Instituto Runyn Pupykary Yawanawá, desenvolve ações no âmbito do Projeto Dabucury, na categoria Urucum, iniciativa que apoia diversas organizações indígenas da Amazônia Legal na valorização de povos indígenas e na gestão territorial sustentável.
O projeto “Maky: Fortalecendo a cadeia produtiva da castanha Apurinã” tem como foco o fortalecimento da cultura, a integração comunitária e a proteção do território do povo Apurinã, na Terra Indígena Kamikuã, no município de Boca do Acre-AM. Segundo Dan Apurinã, presidente da organização, a comunidade soube da oportunidade do projeto a partir da articulação que já tinham com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e seus parceiros regionais, com forte influência das lideranças locais. “Nossa família sempre participou do movimento indígena, o que nos possibilitou acesso às informações e ao apoio necessário. O projeto surge da necessidade de fortalecer nosso povo”, explicou. O território do povo Apurinã enfrenta pressões externas, como narcotráfico, invasões de terra e exploração ilegal de recursos naturais, intensificadas pela proximidade da aldeia com o meio urbano.
Para enfrentar esses desafios, o Instituto Runyn Pupykary Yawanawá promove mutirões, reuniões e atividades de proteção, garantindo a presença da comunidade e o uso sustentável da terra. Entre as ações desenvolvidas no escopo do Projeto Dabucury, destaca-se a coleta de castanha, envolvendo cerca de 50 famílias. O trabalho não apenas garante a preservação do território, mas também reforça a identidade cultural da comunidade.
“Cada pedacinho do território que ocupamos é estratégico. Trabalhando juntos, conseguimos proteger nossa terra e fortalecer a integração comunitária”, afirma Dan Apurinã, presidente do Instituto Ryunyn Pupykary Yawanawá. Um dos pontos que a liderança destaca é a participação da juventude e das mulheres, considerada estratégica. “Temos jovens coordenando atividades e mulheres líderes mobilizando a comunidade. A troca entre gerações – jovens, adultos e idosos – mantém vivo o conhecimento tradicional e fortalece a cultura Apurinã”. Confira:
Maria Eunice, do Instituto Ryunyn e coordenadora do projeto apoiado no Dabucury, reforça a importância da atuação das mulheres: “Antes, as mulheres eram mais isoladas, era sempre o homem que estava à frente. Hoje nós estamos na coordenação, na frente dos projetos, mostrando que também somos guerreiras. Isso quebra preconceitos e fortalece a nossa voz dentro e fora da aldeia”.

VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Somos herdeiras do legado histórico de uma organização que há 50 anos dá testemunho de uma fé comprometida com o ecumenismo e a diaconia profética. Levar adiante esta missão é compromisso que assumimos com muita responsabilidade e consciência, pois vivemos em um país onde o mutirão pela justiça, pela paz e integridade da criação ainda é uma tarefa a se realizar.
Celebrar os 50 anos da CESE é reconhecer uma caminhada cristã dedicada a defesa dos direitos humanos em todas as suas dimensões, comprometida com os segmentos mais vulnerabilizados da população brasileira. E valorizar cada conquista alcançada em cada luta travada na busca da justiça, do direito e da paz. Fazer parte dessa caminhada é um privilégio e motivo de grande alegria poder mais uma vez nos regozijar: “Grande coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres!” (Salmo 126.3)
A CESE completa 50 anos de testemunho de fé ativa no amor, faz jus ao seu nome. Desde o início, se colocou em defesa dos direitos humanos, denunciou atos de violência e de tortura, participou da discussão de grandes temas nacionais, apoiou movimentos sociais de libertação. Parabéns pela atuação profética, em prol da unidade e da cidadania. Que Deus continue a fazer da CESE uma benção para muitos.
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.
Nós, do SOS Corpo, mantemos com a CESE uma parceria de longa data. Temos objetivos muito próximos, queremos fortalecer os movimentos sociais porque acreditamos que eles são sujeitos políticos de transformação. Seguiremos juntas. Um grande salve aos 50 anos. Longa vida à CESE
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
Ao longo desses 50 anos, fomos presenteadas pela presença da CESE em nossas comunidades. Nós somos testemunhas do quanto ela tem de companheirismo e solidariedade investidos em nossos territórios. E isso tem sido fundamental para que continuemos em luta e em defesa do nosso povo.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.