CEBIC promove curso voltado para lideranças religiosas
03 de março de 2020
A partir do mês de março, o Cebic – Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs oferece o curso “Enfrentando o fundamentalismo: a leitura da Bíblia por outros olhares”. A iniciativa será realizada em Salvador (BA), com apoio da CESE e parceria da Faculdade Jardins.
A formação do cânon, exemplos de abordagem histórica de textos e hermenêutica ecumênica serão tópicos de reflexão dos encontros. “O curso tem como objetivo refletir, de maneira aprofundada, sobre o conhecimento bíblico, como ele chegou até nos, as dificuldades de tradução e interpretação, para que a gente possa perceber a complexidade do fundamentalismo – como as pessoas usam, por exemplo, um texto traduzido ao pé da letra e trazem um prejuízo enorme aos direitos humanos”, pondera Lucy Luz, membro da coordenação do CEBIC.
Lideranças religiosas que tenham conhecimento bíblico-teológico são o público-alvo da iniciativa. “O curso foi pensado como forma de fortalecer lideranças religiosas, clérigas e leigas para enfrentarem as consequências maléficas do fundamentalismo religioso que tem invadido nossos espaços de fé, disseminado a cultura do ódio, e promovido o racismo religioso”, avalia Bianca Daebs, da coordenação do CEBIC, acrescentando que a formação também é uma forma de resistência a esse momento de retrocesso político por meio da fé.

“A Bíblia é um campo de disputa de interpretações. Dentre as diversas leituras possíveis também se encontram tentativas de instrumentalizar os textos em favor de interesses próprios. O curso busca capacitar pessoas a discernir os espíritos e evitar leituras fundamentalistas, arbitrárias, moralistas e exclusivistas”, convida o Dr. Nelson Kilpp, facilitador do curso e especialista em Bíblia, com mais de 30 anos de experiência no ensino da Bíblia.

Os encontros estão previstos para acontecer quinzenalmente, nas terças-feiras de cada mês.

Serviço
Curso “Enfrentando o fundamentalismo: a leitura da Bíblia por outros olhares”
Local: Rua da Graça, 150 – no auditório da CESE
Início: 03 de março de 2020
Horário: das 18h às 21h
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
A família CESE também faz parte do movimento indígena. Compartilhamos das mesmas dores e alegrias, mas principalmente de uma mesma missão. É por um causa que estamos aqui. Fico muito feliz de poder compartilhar dessa emoção de conhecer essa equipe. Que venham mais 50 anos, mais pessoas comprometidas com esse espírito de igualdade, amor e fraternidade.
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
A gente tem uma associação do meu povo, Karipuna, na Terra Indígena Uaçá. Por muito tempo a nossa organização ficou inadimplente, sem poder atuar com nosso povo. Mas, conseguimos acessar o recurso da CESE para fortalecer organização indígena e estruturar a associação e reorganizá-la. Hoje orgulhosamente e muito emocionada digo que fazemos a Assembleia do Povo Karipuna realizada por nós indígenas, gerindo nosso próprio recurso. Atualmente temos uma diretoria toda indígena, conseguimos captar recursos e acessar outros projetos. E isso tudo só foi possível por causa da parceria com a CESE.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
A CESE é a marca do ecumenismo na defesa de direitos. É serviço aos movimentos populares nas lutas por justiça. Parabéns à Diretoria e equipe da CESE pela persistência e compromisso, sempre renovado nesses cinquenta anos, de preservação da memória histórica na defesa da democracia em nosso país.
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.