<a href="https://www.cese.org.br/ajuda-humanitaria-da-cese-chega-a-comunidades-atingidas-pela-barragem-do-quati-ba/"><strong>Ajuda humanitária da CESE chega a comunidades atingidas pela Barragem do Quati (BA)</strong></a>
01 de junho de 2020
Fome, desamparo e enfraquecimento dos laços comunitários para manter a resistência e a esperança vivas são os desafios adicionais para comunidades que já estavam em situação crítica antes do ápice dos efeitos da pandemia. É o caso de famílias dos municípios baianos de Pedro Alexandre e Coronel João Sá, atingidas pelo rompimento da barragem do Quati em julho de 2019.
Segundo informações do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), cerca de 520 domicílios foram afetados pelas águas, com perda de móveis, e aproximadamente 100 famílias perderam tudo. Em Coronel João Sá, mais de 14 mil pessoas foram atingidas indireta e diretamente. Muitas famílias de Pedro Alexandre aguardam até hoje o recebimento de auxílio moradia que lhes é de direito.
“A situação hoje das famílias atingidas está ainda mais difícil do que no período em que rompeu a barragem. No caso da comunidade de Quati, que é majoritariamente uma comunidade de pescadores, a barragem era uma fonte de sustentação deles, ou seja, perderam seu meio de sobrevivência. Temos denúncias vindas da comunidade de Boa Sorte, de pessoas com casas destruídas pelas águas e nem aluguel social recebeu. No entanto, na época, a situação estava tendo visibilidade e estava até caminhando, mas agora é muito crítica, gritante. A crise sanitária só fez agravar o problema deles”, explica Andréia Neiva, liderança do MAB que atua na região.
Chama da resistência ativa
Para contribuir na redução de danos e fortalecimento dessas comunidades duplamente afetadas, o Movimento de Atingidos por Barragens foi apoiado pela CESE e Justiça Global e direcionou esforços para a compra de alimentos não perecíveis e de higiene. Foi doado um total de 70 cestas básicas com mais de duas toneladas de produtos para famílias atingidas de Pedro Alexandre.
“Pelas informações que nos passaram, essa foi a única ajuda que chegou na região nesse momento de crise, conta Andreia, reforçando a fragilidade social que essas comunidades vêm atravessando.
A Comissão de Atingidos do MAB também reforçou o apoio por meio de parceria com a Igreja Católica local, com a confecção e doação de máscaras para essas 70 famílias beneficiadas.
Neiva ressalta que esse processo de solidariedade ajuda bastante no aspecto imediato. “As famílias já estão passando necessidade, então elas têm garantia, por uns dias, de ter o que comer e de dar comida pra seus filhos”.
No médio e longo prazo, a ativista do MAB destaca um outro efeito do apoio: manter a comunidade ativa e organizada. “A gente faz uma ajuda humanitária, mas são eles que fazem o exercício da organização. Isso reforça a mensagem que todo o tempo a gente faz no MAB, que precisamos lutar por direitos, mas de forma organizada, com os grupos de atingidos e coordenações locais. Foi o que aconteceu: nós não precisamos estar lá, mas por conta do processo organizativo, a gente conseguiu executar e executar muito bem. Isso só reforça, na prática, para os atingidos/as, que só funciona e vale a pena se a gente se articular”, detalha. “O apoio da CESE vai para além da ajuda pontual: ajuda o processo organizativo, de manter a luta ativa”, resume a liderança do Movimento dos Atingidos por Barragens.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
A CESE completa 50 anos de testemunho de fé ativa no amor, faz jus ao seu nome. Desde o início, se colocou em defesa dos direitos humanos, denunciou atos de violência e de tortura, participou da discussão de grandes temas nacionais, apoiou movimentos sociais de libertação. Parabéns pela atuação profética, em prol da unidade e da cidadania. Que Deus continue a fazer da CESE uma benção para muitos.
A CESE é a marca do ecumenismo na defesa de direitos. É serviço aos movimentos populares nas lutas por justiça. Parabéns à Diretoria e equipe da CESE pela persistência e compromisso, sempre renovado nesses cinquenta anos, de preservação da memória histórica na defesa da democracia em nosso país.
Eu acho extraordinário o trabalho da CESE, porque ela inaugurou outro tipo de ecumenismo. Não é algo que as igrejas discutem entre si, falam sobre suas doutrinas e chegam a uma convergência. A CESE faz um ecumenismo de serviço que é ecumenismo de missão, para servir aos pobres, servir seus direitos.
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
A gente tem uma associação do meu povo, Karipuna, na Terra Indígena Uaçá. Por muito tempo a nossa organização ficou inadimplente, sem poder atuar com nosso povo. Mas, conseguimos acessar o recurso da CESE para fortalecer organização indígena e estruturar a associação e reorganizá-la. Hoje orgulhosamente e muito emocionada digo que fazemos a Assembleia do Povo Karipuna realizada por nós indígenas, gerindo nosso próprio recurso. Atualmente temos uma diretoria toda indígena, conseguimos captar recursos e acessar outros projetos. E isso tudo só foi possível por causa da parceria com a CESE.
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.