Ação em memória e por justiça para as 500 mil vítimas da Covid-19 no Brasil
17 de junho de 2021
O Brasil caminha a passos largos para a infeliz marca de 500 mil mortes por Covid-19. Por conta da negligência e atuação criminosa de lideranças políticas, em especial do Governo Federal, o país que tem em sua estrutura pública o Sistema Único de Saúde – referência em todo o mundo – contabiliza hoje o segundo maior número de vítimas de uma doença para a qual já existe vacina há pelo menos 7 meses.
Diante desta situação, instituições inter-religiosas que integram a campanha #SilêncioPelaDor e o coletivo #RespiraBrasil realizam, neste domingo (20), das 09:00 às 16:00, o ato “500 velas para Meio Milhão de vidas”. Será um momento de orações em silêncio, denúncia e resistência. O ato é organizado por CEBIC – Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs; CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço; e FEACT – Fórum Ecumênico ACT Brasil. Leve sua vela, ore em silêncio, use máscara e evite aglomerações.
Um grande pano branco será estendido na Colina Sagrada, em frente à Basílica do Senhor do Bonfim, em Salvador. O pano ficará disponível para que aquelas/es que perderam uma pessoa querida para a Covid-19 possam escrever seus nomes e deixá-los registrados ali. A iniciativa será aberta a quem passar pela praça ao longo do dia. Membros das igrejas que integram o CEBIC estarão presentes no local a partir das 9h.
Os/as organizadores/as da ação solicitam que as pessoas levem suas velas. Uma vez acesas, elas serão postas dentro e ao redor de uma grande cruz, que permanecerá deitada no local. A organização do evento também incentiva quem participar do ato a fotografar suas homenagens e postá-las nas redes sociais acompanhadas das tags #Lutopormeiomilhão, #SilêncioPelaDor e #RespiraBrasil.
Henrique Peregrino da Trindade, inspirador da campanha #SilêncioPelaDor e um dos organizadores desta iniciativa, destaca que ela tem por objetivo, além de homenagear as vítimas e suas famílias, transformar este luto em luta. “Os/as familiares das vítimas da Covid muitas vezes não conseguiram nem se despedir delas. Queremos dar uma oportunidade para que vivam seu luto, mas também incentivá-las a transformar este luto em denúncia, de forma consciente. Precisamos deixar claro quem são as pessoas responsáveis pela tragédia brasileira na gestão da pandemia”, enfatiza.
Sônia Mota, Pastora da IPU – Igreja Presbiteriana Unida e Diretora Executiva da CESE, reforça que não podemos nos calar diante das 500 mil mortes por Covid-19. “Nossa voz profética precisa continuar denunciando o descaso com a vida do nosso povo. Foram milhares de mortes evitáveis. Cada morte significa dor e sofrimento a familiares e amigos/as e, portanto, precisamos transformar nossa dor em indignação e nosso luto em luta permanente em favor da vida e por vacina para todos e todas”.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
A CESE é a marca do ecumenismo na defesa de direitos. É serviço aos movimentos populares nas lutas por justiça. Parabéns à Diretoria e equipe da CESE pela persistência e compromisso, sempre renovado nesses cinquenta anos, de preservação da memória histórica na defesa da democracia em nosso país.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Celebrar os 50 anos da CESE é reconhecer uma caminhada cristã dedicada a defesa dos direitos humanos em todas as suas dimensões, comprometida com os segmentos mais vulnerabilizados da população brasileira. E valorizar cada conquista alcançada em cada luta travada na busca da justiça, do direito e da paz. Fazer parte dessa caminhada é um privilégio e motivo de grande alegria poder mais uma vez nos regozijar: “Grande coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres!” (Salmo 126.3)
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
A gente tem uma associação do meu povo, Karipuna, na Terra Indígena Uaçá. Por muito tempo a nossa organização ficou inadimplente, sem poder atuar com nosso povo. Mas, conseguimos acessar o recurso da CESE para fortalecer organização indígena e estruturar a associação e reorganizá-la. Hoje orgulhosamente e muito emocionada digo que fazemos a Assembleia do Povo Karipuna realizada por nós indígenas, gerindo nosso próprio recurso. Atualmente temos uma diretoria toda indígena, conseguimos captar recursos e acessar outros projetos. E isso tudo só foi possível por causa da parceria com a CESE.
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.
A CESE não está com a gente só subsidiando, mas estimulando e fortalecendo. São cinquenta anos possibilitando que as ditas minorias gritem; intervindo realmente para que a gente transforme esse país em um lugar mais igualitário e fraterno, em que a gente possa viver como nos quilombos: comunidades circulares, que cabe todo mundo, respirando liberdade e esperança. Parabéns, CESE. Axé e luz para nós!