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Mulheres indígenas do oiapoque levam suas pautas para III marcha das mulheres indígenas
05 de fevereiro de 2024
Através do Projeto Patak Maymu, com apoio da União Europeia, dentro do Programa de Pequenos Projetos, a CESE apoiou a ida de 8 mulheres indígenas do Oiapoque-AP para a III Marcha das Mulheres Indígenas, que ocorreu entre os dias 11 e 13 de setembro em Brasília. Proposto pela Associação de Mulheres Indígenas em Mutirão (AMIM), o projeto teve como objetivo fortalecer o protagonismo feminino indígena e levar as pautas dos povos da região para o encontro nacional.
Marchando pelo diálogo
A III Marcha das Mulheres Indígenas foi organizada pela Anmiga (Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade). Nesse ano, contou com a participação de mais de 6 mil mulheres na luta por direitos humanos e dignidade.
Entre as organizações presentes, esteve a AMIM. Fundada em 2006, a organização representa as mulheres indígenas do extremo norte do Amapá, pertencentes às etnias Karipuna, Palikur, Galibi Marworno e Galibi Kali´nã. São mais de 15 mil pessoas reunidas em 66 aldeias, distribuídas entre as terras indígenas Galibi, Jumina e Uaçá, compondo uma área contínua de 518.454 hectares.
Claudia Renata, coordenadora administrativa, destaca: “Sempre buscamos estar em constante diálogo e estar presente em todas as reuniões de tomadas de decisões, junto com nossos caciques e coordenadores. Não somos só uma organização representante, mas também uma organização que delibera junto com todos os caciques”.

Associação de Mulheres Indígenas em Mutirão
Lá, as mulheres fizeram a venda de artesanatos, mostrando a arte de seu povo e enfatizando as posições de destaques que estão começando a assumir em suas respectivas aldeias.
“O protagonismo feminino estreitou ainda mais a relação da diretoria da AMIM, com as mulheres dos nossos territórios. Desde março decidimos participar da marcha. Buscamos apoio e parceria pra que todas pudessem ir, pois decidimos que iriam representantes de todos os povos indígenas de Oiapoque. Fomos então aprovadas no edital do Patak Maymu”, destaca Claudia Renata.
Resistência e continuidade
A maioria dessas mulheres foram pela primeira vez ao evento e puderam ter contato com outros povos indígenas reunidos ali, na busca de objetivos em comum. A dificuldade de mobilidade no estado é uma questão de impedimento para os movimentos sociais, o que já é inclusive pauta de disputa. Uma dessas questões está no fato de a BR 156 cortar parte da Terra Indígena Uaçá, onde vivem os Galibi Marworno.

Kássia Galiby, Claudia Renata e Marcela Jean Jaque na III Marcha das Mulheres Indígenas
Apesar disso, há expectativas de continuidade de projetos semelhantes. Janina Forte, representante da AMIM, reforça: “As mulheres indígenas desses povos são um exemplo de resistência e ensinamento. O deslocamento de mulheres da região do Oiapoque custa muito caro. Com o apoio da CESE a gente conseguiu levar mais mulheres para participar desse movimento. Estamos planejando estar presentes na próxima marcha. Já estamos correndo atrás de mais editais, para que a gente possa ter recurso para levar cada vez mais mulheres nesse movimento nacional”.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
A gente tem uma associação do meu povo, Karipuna, na Terra Indígena Uaçá. Por muito tempo a nossa organização ficou inadimplente, sem poder atuar com nosso povo. Mas, conseguimos acessar o recurso da CESE para fortalecer organização indígena e estruturar a associação e reorganizá-la. Hoje orgulhosamente e muito emocionada digo que fazemos a Assembleia do Povo Karipuna realizada por nós indígenas, gerindo nosso próprio recurso. Atualmente temos uma diretoria toda indígena, conseguimos captar recursos e acessar outros projetos. E isso tudo só foi possível por causa da parceria com a CESE.
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
Ao longo desses 50 anos, fomos presenteadas pela presença da CESE em nossas comunidades. Nós somos testemunhas do quanto ela tem de companheirismo e solidariedade investidos em nossos territórios. E isso tem sido fundamental para que continuemos em luta e em defesa do nosso povo.
A CESE não está com a gente só subsidiando, mas estimulando e fortalecendo. São cinquenta anos possibilitando que as ditas minorias gritem; intervindo realmente para que a gente transforme esse país em um lugar mais igualitário e fraterno, em que a gente possa viver como nos quilombos: comunidades circulares, que cabe todo mundo, respirando liberdade e esperança. Parabéns, CESE. Axé e luz para nós!
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
Nós, do SOS Corpo, mantemos com a CESE uma parceria de longa data. Temos objetivos muito próximos, queremos fortalecer os movimentos sociais porque acreditamos que eles são sujeitos políticos de transformação. Seguiremos juntas. Um grande salve aos 50 anos. Longa vida à CESE