Para compartilhar aprendizados e debater a atual conjuntura, além dos desafios vividos pela juventude, cerca de 30 jovens da região Nordeste se reuniram na CESE para um intercâmbio de experiências durante três dias. O Encontro “Cá entre nós: diálogos com juventude do nordeste na defesa de direitos” aconteceu nos dias 31 de maio, 01 e 02 de junho de 2023, que contou com o apoio de DKA Áustria e Pão para o Mundo.
Diversas frentes participaram do encontro, como juventude camponesa, indígena, de terreiro, juventude negra, urbana, LGBTQIA+, mulheres, juventude pesqueira, quilombola, de diferentes expressões culturais e de religiosidades, dentre outras.
Foram 15 grupos de juventudes da região Nordeste, com diversas formas de atuação, que durante os três dias pautaram questões relevantes como educação, liberdade religiosa, cultura, comunicação popular, gênero, raça, território, políticas públicas, dentre outros.
A iniciativa busca contribuir com o fortalecimento de organizações de juventude do campo e da cidade, a partir de diálogos e da partilha das suas práticas coletivas na defesa de direitos, através de intercâmbio de experiências e aprendizagens.
O intercâmbio começou com uma roda sobre o que instiga e move esses jovens. No decorrer do dia houve uma análise da conjuntura atual e os desafios enfrentados pelas juventudes, que é marcada por desigualdades sociais. “Estamos na mesma luta em busca de melhorias, o futuro é agora, o presente que nós estamos construindo’’, afirmou Ana Maria, uma das representantes do Coletivo Regional das Organizações da Agricultura Familiar.
No segundo dia, houve o momento Feira de Experiências, onde os grupos puderam conhecer melhor um o coletivo do outro e com o que trabalham. Entre os temas apresentados durante a Feira estão a comunicação popular, agroecologia, defesa do território, educação, entre outros, que foram exibidos através de exposições e por algumas ferramentas e materiais, como cartilhas, sites e vídeos.
A juventude é moldada por suas experiências. As complexidades, dilemas e possibilidades que encontram em determinados contextos sociais se refletem em suas práticas, sendo, portanto, fundamental compreender como isso contribui para o exercício da autonomia assegurada pela participação e pelo diálogo. ‘’Estamos aqui trocando experiências, falando sobre conjunturas, falando sobre movimentos. É um momento importante de escuta, e conhecer as vivências do outro’’, relatou Rodolfo Potiguara, representante do departamento da juventude da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme).
A partir das indagações e reflexões que surgiram durante o Encontro, os coletivos puderam analisar suas atuações em grupos e sobre a forma de lidar com conflitos. Maria Leandra Arruda, do Coletivo Força Tururu, comentou sobre a importância de estar em rodas de diálogos e ter espaços como esse de interação. “Aqui nós temos liberdade para nos expressar, é muito importante, é uma forma de conseguirmos falar”, diz.
Foi pautado também a juventude que comunica, com críticas aos meios de comunicação e ao jornalismo de grandes mídias. Analisando os riscos e o papel da comunicação como ferramenta importante que colabora com a expansão das lutas pelas redes sociais de uma forma dinâmica.
Representando o departamento da juventude da Apoinme, Gabriele Pankararu diz que por meio da comunicação a juventude troca experiências e quebra barreiras. “A diferença nos une e o respeito nos fortalece”. Refletem que, apesar de serem de estados diferentes, seus territórios têm lutas iguais. “Esse momento nos mostra que outras comunidades também estão passando por situações parecidas”.
A demarcação de terras indígenas, eleições de 2018 e 2022, Fake News, religiosidade, avanço de parlamentares negros, negras e indígenas, feminicídio, criminalização da homofobia, o aumento significativo de coletivos e participação política da juventude, saúde mental, justiça climática e cultura também foram destacadas pelos(as) jovens.
Os dias de vivência no encontro “Diálogos com juventude do nordeste na defesa de direitos”, suscitaram reflexões importantes acerca dos temas que foram debatidos, das pautas que foram levantadas e dos aprendizados adquiridos. Esses jovens são multiplicadores de saberes, são protagonistas de suas histórias e trazem narrativas e formas de pensar o mundo, transformadoras.
Participaram do encontro os seguintes grupos: Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Articulação Nacional de Negras Jovens Feministas, Associação Agentes Agroflorestais Quilombolas AAQ, Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza, Coletivo de Jovens da Região CUC, Coletivo Força Tururu, Coletivo Incomode, Coletivo Regional das Organizações da Agricultura Familiar, Fórum de Juventudes de Pernambuco (FOJUPE), Fórum da Juventude de ABB, Movimento do Espírito Lilás (MEL), Juventude Pesqueira (MPP), RENAFRO, Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe (REPROTAI) e Teia dos Povos.