A Cese, em parceria com a União Europeia, através do Programa de Pequenos Projetos, apoiou 20 organizações para a III Marcha das Mulheres Indígenas, que aconteceu entre os dias 11 a 13 de setembro de 2023, em Brasília. Dentre elas, o coletivo de Mulheres Indígenas Guerreiras Xakriabá.
O coletivo foi criado nos eventos articuladores para a Primeira Marcha das Mulheres Indígenas, que aconteceu em Brasília no ano de 2019. Elisângela Lopes Xakriabá, integrante do coletivo, relata que as atividades da organização começaram ainda na pandemia com o intuito de ajudar as mulheres da aldeia a saírem da rotina e ocupar a mente, a partir de oficinas de artesanato e troca de saberes que fortalecem cada vez mais sua cultura e costumes.
O povo Xakriabá tem seu território situado em Minas Gerais, sendo o maior grupo étnico do estado. Sua população está estimada em 13 mil pessoas e a taxa de crescimento populacional é elevada. O território possui aproximadamente 40 aldeias, entre áreas reconhecidas e em retomada.
Com o objetivo de levar as mulheres Xakriabá para a marcha e contribuir a partir desse espaço de partilha e escuta com o empoderamento, fortalecimento e autonomia, o coletivo organizou uma reunião interna dentro do território, a fim de comunicar e esclarecer a importância de estar presente e participar dessa mobilização. “Graças ao apoio da Cese juntamente com outros recursos, conseguimos levar um total de 70 mulheres” afirmou Karine Waridã Xakriabá, articuladora do coletivo.
A marcha é um momento muito importante para todas essas mulheres, e vem ganhando força, aliados/as e apoiadores/as. Durante os dias de acampamento, foram pautados temas como igualdade de gênero, defesa dos direitos das mulheres indígenas, conservação dos biomas, a demarcação de terras e o fim da violência contra os povos originários. É um espaço de escuta que tem alcançado avanços significativos na reivindicação dos direitos das mulheres indígenas no Brasil.
A mobilização teve como tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”. O ato reafirma o compromisso dessas mulheres com a preservação de seus territórios, modo de vida e culturas. É um momento que ultrapassa fronteiras e aproxima mulheres com objetivos que se unificam para pautar suas lutas por justiça e igualdade.
Resistir para existir, III Marcha das Mulheres Indígenas
A capital federal se tornou um dos pontos centrais da resistência e da luta dos povos originários. A marcha reúne mulheres indígenas do Brasil e de várias partes do mundo com o objetivo de fortalecer a atuação das mulheres indígenas, debater os desafios e propor novos diálogos de incidência na política indígena do país.
A III Marcha das Mulheres Indígenas ocupou as ruas de Brasília, no dia 13 de setembro, com a participação de mais de 6 mil mulheres, de diferentes povos e territórios. O evento foi organizado pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga). “A Marcha fortalece as organizações, empoderando as mulheres, dando autonomia e mostrando a força que as mulheres indígenas têm, dentro e fora da base”, afirma Elisângela.
Durante os dias de mobilização aconteceram debates, lançamento de livros e apresentações culturais. As mulheres indígenas elencaram reivindicações, como: Emergências Climáticas, Violência de Gênero, Saúde mental, Acessibilidade, Educação e Biodiversidade. “Estar presente nesses espaços, traz mais fortalecimento para a luta de base”, destaca.
Através do apoio da CESE, mais de 40 mulheres Xakriabá puderam participar desse momento histórico e importante para o movimento indígena. Para o coletivo, o apoio foi exitoso e teve um impacto muito positivo: “Me senti muito contemplada e creio que várias outras mulheres, que assim como eu, nunca haviam ido em uma marcha. Tivemos o privilégio de entender mais sobre os nossos direitos e a importância de estarmos sempre presentes nas mobilizações”.
Um resultado positivo do apoio, de acordo com integrantes do coletivo, foi ter uma quantidade expressiva de mulheres em Brasília, muitas delas jovens que ainda não haviam saído do território. “Foi a minha primeira vez indo à marcha. Uma vivência incrível, pois além de ouvir e entender assuntos de extrema importância para nós, eu pude ter o prazer de conhecer e trocar experiências com nossos parentes de outros povos ali presentes”, relata Elisângela.
A CESE ao longo de seus 50 anos segue reafirmando seu compromisso com a luta dos povos indígenas por seus direitos culturais e territoriais. O movimento indígena tem sido uma força política fundamental produzindo mobilização social para defesa de direitos, proteção ambiental e enfrentamento a retrocessos democráticos no Brasil.