Em novo Atlas, CPT detalha ligação entre agro e aumento da violência no campo

Tendo em vista a chegada do seu ano jubilar, a CPT lançará o segundo “Atlas de Conflitos no Campo”, com recorte 1985-2023

Seminário de Construção do Atlas de Conflitos no Campo 1985-2023

Os conflitos se acentuaram. São despejos, expulsões, invasões de terras indígenas e comunidades quilombolas. Os grandes empreendimentos de energias renováveis tomam seu lugar de algozes ao lado do agronegócio. O agro se expandiu e viu braços como o hidronegócio e a mineração se espalharem por territórios tradicionais. A pecuária avançou ainda mais sobre a Amazônia e, a soja, sobre o Cerrado.

É este o cenário que mostram as análises preliminares de dados levantados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), a partir do seu Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc), e analisados em parceria com grupos de pesquisa universitários. Os dados dizem respeito aos conflitos no campo brasileiro desde 1985, quando essas informações começaram a ser sistematizadas pela organização, até 2023.

Tendo em vista a chegada do seu ano jubilar, em 2025, a CPT lançará a segunda edição do “Atlas de Conflitos no Campo”. Nos dias 21 e 22 de novembro, agentes pastorais da CPT e membros destes grupos de pesquisa se reuniram em Goiás para fazer uma análise preliminar conjunta dos dados colhidos e também para definir a metodologia que será utilizada na construção do documento. O encontro contou com apoio da CESE através do seu Programa de Pequenos Projetos.

O Atlas e o aumento dos conflitos

A construção do Atlas está sendo coordenada pela CPT em parceria com o Grupo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Geografia Agrária (GeoAgrária), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e Laboratório de Estudos de Movimento Sociais e Territorialidades (Lemto), da Universidade Federal Fluminense. Mas conta também com a contribuição de pesquisadores/as de outras universidades federais – da Bahia, do Sul e Sudeste do Pará, do Amapá, de Pernambuco e a Rural do Rio de Janeiro.

O Atlas tratará de conflitos envolvendo terra, água, trabalho, a violência contra a pessoa e a ação dos movimentos sociais. Esta ação diz respeito a ocupações/retomadas e acampamentos. Seus diferentes capítulos irão explorar mapas, gráficos e textos. A ideia é aprofundar as análises conjunturais tanto dos conflitos em si quanto das localidades em que eles acontecem.

As análises preliminares mostram nitidamente o aumento da violência do agronegócio contra os povos do campo brasileiro. É o que afirma o professor Paulo Alentejano, membro do grupo GeoAgrária, afirma que nos últimos anos. “A expansão do agro é o principal elemento que observamos. O avanço da pecuária na Amazônia, da soja no Cerrado. Esses são processos cruciais para explicar a violência que os trabalhadores sofrem nesse contexto”.

A primeira edição do Atlas foi lançada em 2013, com um recorte de 1985 até 2006. Além de ampliar o recorte temporal (de 1985 a 2023), a nova publicação traz como novidade o detalhamento dos agentes causadores dos conflitos – se um fazendeiro, uma hidrelétrica ou um grileiro, por exemplo – e as vítimas. Neste caso, a análise se voltará para povos indígenas e comunidades quilombolas, interligada à questão de gênero.

50 anos da CPT

Em 2025, a Comissão Pastoral da Terra completa 50 anos de existência e atuação junto aos povos da terra, das águas e das florestas e ao lado dos movimentos sociais. A ideia é lançar o Atlas no V Congresso Nacional da CPT, em São Luís. O grande encontro acontecerá entre 20 e 25 de julho de 2025. De acordo com Valéria Santos, coordenadora da organização, esta é uma aposta histórica.

“Estamos com muita expectativa. O Cedoc é esse coração nosso. A expectativa é de construir uma grande análise para dialogar entre nós, movimentos sociais, organizações e comunidades, mas também para provocar o Estado sobre essa questão que pouco avança. Esses conflitos são uma situação persistente. Alguns territórios seguem aparecendo nos Cadernos da CPT ao longo de décadas”, explica a coordenadora.

Programa de Pequenos Projetos

Desde a sua fundação, a CESE definiu o apoio a pequenos projetos como a sua principal estratégia de ação para fortalecer a luta dos movimentos populares por direitos no Brasil.

Quer enviar um projeto para a CESE? Aqui uma lista com 10 exemplos de iniciativas que podem ser apoiadas:

1. Oficinas ou cursos de formação

2. Encontros e seminários

3. Campanhas

4. Atividades de produção, geração de renda, extrativismo

5. Manejo e defesa de águas, florestas, biomas

6. Mobilizações e atos públicos

7. Intercâmbios – troca de experiências

8. Produção e veiculação de materiais pedagógicos e informativos como cartilhas, cartazes, livros, vídeos, materiais impressos e/ou em formato digital

9. Ações de comunicação em geral

10. Atividades de planejamento e outras ações de fortalecimento da organização

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