Vos salve Deus. Os Orixás, o Universo, a Democracia, as pessoas, as religiões, toda Igreja, o Sol Nascente, a Caridade, a Natureza, o Profeta, o Povo Santo: onde mora Deus. Com esse canto, um grupo ecumênico e inter-religioso se reuniu na Praça da Piedade no fim da tarde desta quinta-feira (27) para um ato em defesa da Democracia brasileira. O momento foi marcado pela diversidade de religiões e de segmentos da sociedade civil presentes.
O encontro foi realizado por organizações baseadas na fé, pastorais e movimentos sociais. Quis o destino que o Coletivo Poesia Além das 7 Praças estivesse no local no mesmo horário também para a realização de um ato democrático. A coincidência fez os grupos unirem suas vozes e entoarem juntas o amor de Deus e a poesia libertária de Luís Gama, de Carolina Maria de Jesus e poemas autorais de mulheres negras ali presentes.
Freiras, poetas, artistas, pastores, reverendas, candomblecistas, umbandistas, organizações da sociedade civil, ecumênicas, inter-religiosas, coletivos populares, jovens, músicos, estudantes. Um movimento diverso em nome da paz, do respeito, da equidade, da justiça, dos direitos socioambientais, da liberdade religiosa, da defesa do povo negro, dos povos e comunidades tradicionais: em defesa da Democracia em sua plenitude!
O ato teve por objetivo unir diferentes segmentos da sociedade civil para denunciar a relação nociva dos fundamentalismos político e religioso e falar em nome do esperançar. Para Bianca Daébs, pastora da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) e Assessora de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CESE, esse é o ponto chave. “Se nós nos unimos e dialogamos, a Democracia vence”.
Henrique Peregrino da Trindade destacou que o que une tão fortemente diferentes religiões é a fé e isso é fundamental. “A nossa fé nos faz acreditar que a Democracia é a única maneira de respeitar todas as pessoas desse país. Não há como fazer isso sem Democracia. Chegamos até o final dessa tarde porque a nossa fé nos motivou. Todas as religiões vieram pela paz e sabem que a Democracia é o único caminho.”
Edmilson Sales, da Comissão da Caminhada dos Terreiros do Engenho Velho da Federação, relembrou a música “Para não dizer que não falei das flores”, conhecida por ser um grande hino de resistência contra a ditadura militar (1964-1985). “Eu sou do Candomblé, mas também vou nas igrejas católica, metodista, adventista: onde se fala de amor, eu estarei lá, como falamos no meu terreiro, que tem 300 anos. Porque lá está a vida. Viva a Democracia!”
Ruben Siqueira, coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra, classifica como extraordinária a coincidência do encontro dos movimentos na Praça. “É o pessoal do melhor da vida, do lado mais humano, amoroso, fraterno e dialogante com as forças vivas da natureza. Não é só a Democracia que está em risco, mas também os melhores valores que nos constituem enquanto nação brasileira, como humanidade no planeta terra. Estamos aqui para reforçar o melhor da vida, que também é carga do sentimento que levaremos às urnas no domingo”.
Após a realização do primeiro momento na Praça da Liberdade, os grupos se dirigiram para a Estação da Lapa, onde encontram outros movimentos sociais e foi realizado um segundo ato conjunto em defesa da Democracia.
Veja as fotos do ato aqui.