Ajuda humanitária da CESE chega a comunidades atingidas pela Barragem do Quati (BA) - CESE - Coordenadoria Ecumênica de Serviço" /> Ajuda humanitária da CESE chega a comunidades atingidas pela Barragem do Quati (BA) - CESE - Coordenadoria Ecumênica de Serviço" />

Fome, desamparo e enfraquecimento dos laços comunitários para manter a resistência e a esperança vivas são os desafios adicionais para comunidades que já estavam em situação crítica antes do ápice dos efeitos da pandemia. É o caso de famílias dos municípios baianos de Pedro Alexandre e Coronel João Sá, atingidas pelo rompimento da barragem do Quati em julho de 2019.

Segundo informações do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), cerca de 520 domicílios foram afetados pelas águas, com perda de móveis, e aproximadamente 100 famílias perderam tudo. Em Coronel João Sá, mais de 14 mil pessoas foram atingidas indireta e diretamente. Muitas famílias de Pedro Alexandre aguardam até hoje o recebimento de auxílio moradia que lhes é de direito.

“A situação hoje das famílias atingidas está ainda mais difícil do que no período em que rompeu a barragem. No caso da comunidade de Quati, que é majoritariamente uma comunidade de pescadores, a barragem era uma fonte de sustentação deles, ou seja, perderam seu meio de sobrevivência. Temos denúncias vindas da comunidade de Boa Sorte, de pessoas com casas destruídas pelas águas e nem aluguel social recebeu. No entanto, na época, a situação estava tendo visibilidade e estava até caminhando, mas agora é muito crítica, gritante. A crise sanitária só fez agravar o problema deles”, explica Andréia Neiva, liderança do MAB que atua na região.

Chama da resistência ativa

Para contribuir na redução de danos e fortalecimento dessas comunidades duplamente afetadas, o Movimento de Atingidos por Barragens foi apoiado pela CESE e Justiça Global e direcionou esforços para a compra de alimentos não perecíveis e de higiene. Foi doado um total de 70 cestas básicas com mais de duas toneladas de produtos para famílias atingidas de Pedro Alexandre.

“Pelas informações que nos passaram, essa foi a única ajuda que chegou na região nesse momento de crise, conta Andreia, reforçando a fragilidade social que essas comunidades vêm atravessando.

A Comissão de Atingidos do MAB também reforçou o apoio por meio de parceria com a Igreja Católica local, com a confecção e doação de máscaras para essas 70 famílias beneficiadas.

Neiva ressalta que esse processo de solidariedade ajuda bastante no aspecto imediato. “As famílias já estão passando necessidade, então elas têm garantia, por uns dias, de ter o que comer e de dar comida pra seus filhos”.

No médio e longo prazo, a ativista do MAB destaca um outro efeito do apoio: manter a comunidade ativa e organizada. “A gente faz uma ajuda humanitária, mas são eles que fazem o exercício da organização. Isso reforça a mensagem que todo o tempo a gente faz no MAB, que precisamos lutar por direitos, mas de forma organizada, com os grupos de atingidos e coordenações locais. Foi o que aconteceu: nós não precisamos estar lá, mas por conta do processo organizativo, a gente conseguiu executar e executar muito bem. Isso só reforça, na prática, para os atingidos/as, que só funciona e vale a pena se a gente se articular”, detalha. “O apoio da CESE vai para além da ajuda pontual: ajuda o processo organizativo, de manter a luta ativa”, resume a liderança do Movimento dos Atingidos por Barragens.