Entre os meses de outubro e novembro, a CESE esteve presente em comunidades indígenas da Amazônia afetadas pelos incêndios, com o objetivo de levar ajuda humanitária emergencial, através do Fórum Ecumênico ACT-Brasil. A ação foi apoiada pela ACT – Aliança com o intuito de equipar as brigadas indígenas de combate ao fogo, possibilitar a essas brigadas os meios para fiscalizar as áreas queimadas vulneráveis a invasões, além de socorrer as famílias com alimentos e água potável.
A CESE foi procurada pela organização indígena COAPIMA (Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão) em função do alastramento do fogo no estado e ameaça a sobrevivência das comunidades indígenas, que dependem exclusivamente da floresta para sobreviver. Por esse motivo, os povos indígenas do Maranhão receberam a última parcela do recurso destinado a ajuda humanitária. Entre esses povos estavam: Povo Krikati, da Terra Indígena Krĩkati, a sudoeste do estado; Povo Guajajara da Terra Indígena Caru, na região norte, e da Terra Indígena Araribóia, ao sul do Maranhão; Povo Gavião Pykopjê da Terra Indígena Governador, também ao sul maranhense; e Povo Canela Apanyekrá da Terra Indígena Porquinhos, na região centro oeste do estado.
As brigadas desses territórios receberam apoio da ACT-Aliança para a segurança alimentar das famílias, com aquisição de alimentos e água, e para reforço da brigada indígena de combate ao fogo, com equipamentos (soprador, roçadeira, motosserra, abafador, bomba pinga-fogo e bomba anti-incêndio) e combustível para deslocamentos de vigilância da área e de prevenção a novos focos de incêndio.
A Terra Indígena Krikati está localizada nos municípios maranhenses de Amarante do Maranhão, Lajeado Novo, Montes Altos, Ribamar Fiquene e Sítio Novo, e possui uma abrangência de 145 mil hectares. A brigada Krikati, composta por 15 brigadistas, é liderada por uma mulher, Celiana Krikati, responsável pela proteção de 1016 indígenas que habitam neste território.
A Terra Indígena Caru é uma área habitada por Guajajara, Awá Guajá (povo de recente contato), e povos isolados dos Igarapés Presídio e Juruti, possui 173 mil hectares e abriga uma população de 400 indígenas. 15 brigadistas receberam o apoio de apoio da ACT-Aliança para prevenção, monitoramento e combate ao incêndio na região.
O incêndio na Terra Indígena Araribóia foi um dos que mais destacaram no Maranhão. O território que possui 413 mil hectares, sofreu com quatro focos de incêndio no início do mês de novembro. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as chamas destruíram 5.000 hectares, o equivalente a 5 mil campos de futebol. De acordo com a reportagem do G1 Portal de Notícias (https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2019/11/09/incendio-em-terra-indigena-arariboia-e-controlado-anuncia-ibama.ghtml), divulgada no dia 09 de novembro, o incêndio foi iniciado após a morte do líder indígena Paulo Paulino Guajajara. O caso ainda está sob investigação, mas uma das principais suspeitas é a de que as chamas tenham sido provocadas por madeireiros que atuam na região.
Os Gavião Pykopjê também sofreram os impactos dos incêndios na Amazônia brasileira, localizados mais precisamente em uma faixa de terra de com cerca de 41.644 hectares de extensão, no município de Amarante. Essa área compreende a Terra Indígena Governador, que também conta com aldeias dos Guajajara. A ajuda humanitária da ACT-Aliança chegou para os 15 membros da brigada com equipamentos, alimentos e água potável. Da mesma forma o Povo Canela Apanyekrá da Terra Indígena Porquinhos, que abrange 80 mil hectares e abriga 677 indígenas, recebeu o apoio de cestas básicas, mas também utensílios para vigilância da área e prevenção a novos focos de incêndio.
A CESE acompanhou todo o processo de ajuda a essas populações tradicionais e contou com a parceria da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão – COAPIMA.