Religiosos e religiosas do FeACT Brasil participam da Marcha das Margaridas
14 de agosto de 2019

Com o slogan “Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e liberdade contra a violência”, Brasília recebe hoje mais uma edição da Marcha das Margaritas. O evento é a maior ação organizada na América Latina organizada por mulheres do campo, da floresta e das águas. Um bloco de religiosas e religiosos ligado ao Fórum Ecumênico ACT-Brasil se juntam à marcha.
A Marcha acontece a cada quatro anos. A primeira foi realizada em 2000, e inspirada na força da líder sindical do nordeste Margarida Alves, morta por defender os direitos dos trabalhadores rurais.
Por que este ano é estratégico para a realização da Marcha das Margaridas?
Sonia Mota, Diretora Executiva da CESE
A conquista da Marcha das Margaridas em 2019 tem um significado muito forte porque as mulheres saem para denunciar as políticas anti direitos e anti mulheres impostas pelo governo Bolsonaro em seus primeiros meses de governo. É também um momento de afirmação da força da política das mulheres e seus movimentos, seguindo um intenso processo de mobilização e reflexão das mulheres nos territórios de todos os cantos do Brasil.
Em sua sexta edição, a Marcha tem como slogan “Margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e liberdade contra a violência”, defendendo bens comuns, assistência social pública e previdenciária, universal e solidária; e a autonomia das mulheres sobre seu corpo e sua sexualidade, entre outros eixos de luta. Outra característica especial desta Marcha é a articulação com a Marcha das mulheres indígenas com o lema “Território: nosso corpo, nosso espírito”. Esta articulação torna esta edição da Marcha ainda mais significativa porque expressa a aliança entre as mulheres para enfrentar o avanço do racismo, do machismo, do fascismo e da cobiça do capital no território e na vida das mulheres.

Por que participar como mulheres evangélicas?
Esta é a primeira vez que vamos participar como mulheres evangélicas que fazem parte das igrejas e organizações do Feact Brasil. Marchamos em solidariedade com as mulheres rurais e as mulheres indígenas. Nós também marcharemos por nós mesmas, porque somos impactadas por todos esses reveses que estão acontecendo no país. Como mulheres evangélicas e feministas, queremos denunciar este governo que promove a morte e anunciar que não daremos um passo atrás em defesa de nossas conquistas e lutas por nossos direitos.
A Marcha Margaridas pela primeira vez recebeu financiamento coletivo para “coletar recursos complementares”, de acordo com a (Contag).
O Fórum Ecumênico ACT Brasil se reúne desde a segunda-feira 12 de Brasília.
Fonte: ALC NOTÍCIAIS – Claudia Florentin
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Somos herdeiras do legado histórico de uma organização que há 50 anos dá testemunho de uma fé comprometida com o ecumenismo e a diaconia profética. Levar adiante esta missão é compromisso que assumimos com muita responsabilidade e consciência, pois vivemos em um país onde o mutirão pela justiça, pela paz e integridade da criação ainda é uma tarefa a se realizar.
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
Eu acho extraordinário o trabalho da CESE, porque ela inaugurou outro tipo de ecumenismo. Não é algo que as igrejas discutem entre si, falam sobre suas doutrinas e chegam a uma convergência. A CESE faz um ecumenismo de serviço que é ecumenismo de missão, para servir aos pobres, servir seus direitos.
Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.
A família CESE também faz parte do movimento indígena. Compartilhamos das mesmas dores e alegrias, mas principalmente de uma mesma missão. É por um causa que estamos aqui. Fico muito feliz de poder compartilhar dessa emoção de conhecer essa equipe. Que venham mais 50 anos, mais pessoas comprometidas com esse espírito de igualdade, amor e fraternidade.