Ante às irregularidades que envolvem o Ministério da Educação
“O cristão não hesita em dar a vida pela sua fé, mas é muito triste morrer de vergonha por causa dela.”
1) A Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) nasceu nos anos 70, como fruto da luta de homens e mulheres que foram perseguidos por lutar pelos ideais de uma nação democrática e por uma sociedade mais justa.
2) A IPU entende que a obrigação de fazer pronunciamentos sobre questões sociais deriva de sua vocação profética de proclamadora e testemunha do Reino, bem como de sua submissão e fidelidade à Palavra de Deus. (*)
3) A IPU sempre entendeu que a educação, gratuita, de qualidade e acessível a todos, é o caminho para a redução das desigualdades, que há cinco séculos caracterizam a sociedade brasileira.
4) O Presbiterianismo brasileiro foi beneficiado pelo trabalho de grandes educadores como Mary Ann Chamberlaim, Eduardo Carlos Pereira, Erasmo Braga, Benjamim Moraes, José Borges dos Santos Jr., Billy Gammon, Rubem Alves, João Dias de Araújo, Áureo Bispo dos Santos e Joaquim Beato, dentre muitos outros.
5) É por esta visão e por este passado que a IPU vê com profunda preocupação e tristeza os rumos que tem tomado a educação em nosso país e, apesar de saber que há um pastor presbiteriano à frente do Ministério da Educação, de forma alguma nos sentimos mais representados agora, neste governo, do que estávamos representados pelos três desqualificados ministros que o antecederam;
6) A IPU não acredita que alunos portadores de deficiência atrapalham a aprendizado dos colegas; A IPU não aceita que a universidade deva ser reservada para poucos; A IPU não pensa que os professores são profissionais que não conseguiram fazer outras coisas; A IPU não ensina que pessoas homossexuais sejam frutos de famílias desajustadas;
7) E, acima de tudo, a IPU repudia que a liberação de verbas por parte do Ministério da Educação deva ser feita prioritariamente aos amigos de um determinado “pastor”, mesmo que este seja um pedido especial feito pelo Presidente da República e ainda que haja contrapartidas para beneficiar igrejas evangélicas.
8) A IPU crê que todos os cristãos têm uma responsabilidade social, e, que, no desempenho de seus ministérios, tanto homens quanto mulheres podem assumir funções públicas e até de governo, mas isso não significa que, por amor ao poder, esses cristãos devam agir como saduceus dos tempos modernos, que se aliam aos governantes de plantão e deixam de agir como profetas no meio de uma sociedade injusta.
9) A IPU reconhece que a educação em nosso país vive uma profunda crise, mas sempre nos lembramos que as crises geram oportunidades de reflexão e recomeço, e neste tempo de quaresma, somos chamados a refletir sobre nosso presente, a fim de que possamos construir um futuro melhor.
10) A IPU conclama seus membros a permanecer em constante intercessão pelo nosso país e, ao mesmo tempo, os incentiva; a) A assumir uma cidadania responsável, como testemunhas de Cristo, nos sindicatos, nos partidos políticos, nos diretórios acadêmicos, nas fábricas, nos escritórios, nas cátedras, nas eleições e nos corpos administrativos, legislativos e judiciários do País; ( * ) b) A proclamar, profética e incessantemente, os princípios éticos e sociais do evangelho de modo que sejam denunciados todos os erros dos poderes públicos, sejam de omissão ou comissão, que resultem em ameaças ou obstáculos à paz social ou tendam à destruição da nossa estrutura democrática ( * ).
Que assim Deus nos ajude!
CONSELHO COORDENADOR DA IGREJA PRESBITERIANA UNIDA DO BRASIL
Vitória, ES, 26 de março de 2022 (*) Trechos do Pronunciamento Social da IPU