Porto Alegre recebe Fórum Social das Resistências

De 21 a 25 de janeiro, a capital gaúcha sedia o FSR, que tem como tema central Democracia e Direitos dos Povos e do Planeta

Por Observatório (*)

Com o lema Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta, o Fórum Social das Resistências (FSR) tem início nesta terça-feira (21) em Porto Alegre e região metropolitana. Seguindo a tradição desde o primeiro Fórum Social Mundial (FSM), em 2001, os participantes do FSR se reuniram com a Marcha de Abertura, a partir das 17h do dia 21, no Largo Glênio Peres, no centro da capital gaúcha.

Entre os dias 21 e 25 de janeiro, o fórum vai trazer a Porto Alegre acadêmicos de diversas áreas, lideranças do meio ambiente e de movimentos sociais do Brasil e do mundo. Entre eles, a líder indígena e ex-candidata à vice-presidente na chapa encabeçada por Guilherme Boulos (PSOL), Sonia Guajajara (PSOL); a primeira mestra indígena formada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pietra Dolamita; a ativista feminista negra Lilian Conceição da Silva; o economista Márcio Pochmann (PT); e o co-fundador da organização não-governamental Transparência Brasil, Chico Whitaker.

Programação

No dia 22, acontecem as chamadas assembleias de convergência, que acontecerão em Porto Alegre e outras cidades da região metropolitana. No dia 23, serão promovidas os debates com convidados nacionais e internacionais. No dia 24, as questões elencadas nas assembleias de convergências serão debatidas na “assembleia dos povos”.

Nos dias 25 e 26 ocorrerá a reunião do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, bem como várias atividades nos parques e praças de Porto Alegre. Durante a semana de atividades, também acontecem atividades culturais.

Clique e veja a programação completa do FSR:

PROGRAMAÇÃO_FSR2020

Confira a carta Aberta de Convocação:

Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta. Com este lema, em janeiro de 2017 realizamos o 1o Fórum Social das Resistências em Porto Alegre. Sem qualquer recurso público, foi um Fórum Social marcante pela mobilização de mais de 5 mil pessoas que realizaram uma grande marcha de abertura e durante quatro dias participaram de assembleias de convergências, culturas e cine de resistências e de uma Assembleia das Assembleias no Auditório Araújo Viana.

Depois disto, o crescimento das agendas neofascistas, neoliberais e de retirada de direitos se aprofundaram tanto no Brasil como no resto do mundo. Os EUA intensificaram seus ataques aos países não alinhados da América Latina, do Oriente Médio e da Ásia. Os movimentos de orientação fascista e antidemocrática seguiram crescendo, não só nos espaços institucionais, mas também na base de nossas sociedades. Essas derrotas ocorreram a partir de uma ofensiva articulada das forças de direita, nacionais e internacionais, utilizando-se dos novos mecanismos das mídias sociais, do cerco da imprensa corporativa e da crise econômica, social e ambiental que se agrava a cada ano. Sabemos que a agenda defendida pelo mercado capitalista e incorporada pela extrema-direita visa a retirada de direitos sociais, a restrição de direitos políticos das classes populares, a exploração sem precedentes da natureza e o aprofundamento da concentração de riquezas nas mãos de apenas 1% da humanidade.

Frente a estas ofensivas neoliberais crescem movimentos de resistência, locais, nacionais e internacionais. Temos assistido mobilizações dos povos indígenas do Equador, de jovens na Argentina e no Chile, de milhões de pessoas no Iraque, de ações de resistência no Haiti, na Colômbia e em países da Asia. No Brasil, desde a posse do novo governo, são centenas de ações, mobilizações e movimentos de resistências contra as políticas neoliberais e de retirada de direitos.

Esta realidade coloca as defensoras e defensores da democracia, da solidariedade e dos direitos humanos em estado de alerta e exige um esforço extra no processo de articulação de uma agenda capaz de produzir uma unidade mundial do campo democrático e popular entorno de propostas capazes de enfrentar as crises ambiental, econômica, social e a crise dos valores democráticos. Por isso, é uma exigência que os movimentos altermundialista se reúnam para refletir e propor saídas comuns para a humanidade, numa ótica solidária, democrática, de respeito as diversidades, que busque enfrentar as causas das várias formas de violências, das desigualdades sociais e territoriais.

Os Fóruns Sociais, apesar de seus limites, seguem sendo espaços abertos, plurais, de encontros horizontais e debate democrático que já produziram iniciativas comuns e podem contribuir na formulação de propostas e na articulação de ações capazes de se opor ao domínio do capital e de todas as formas de dominação. Por isso, convidamos à todas e todos para se somarem a realização do 2o Fórum Social das Resistências de 21 a 25 de janeiro de 2020 em Porto Alegre e Região Metropolitana, uma importante oportunidade de encontro, troca de experiências e de acúmulos de forças.

O FSResistências2020 soma-se as outras iniciativas que estão sendo articuladas, como o Fórum Social Panamazônico que será realizado de 22 a 25 de março de 2020 em Mocoa/Colômbia e o Fórum Social das Economias Transformadoras que será realizado de 25 a 28 de junho de 2020 em Barcelona/Espanha. Soma-se ao processo de mobilização e articulação do Fórum Social Mundial que será realizado no final de 2020 ou início de 2021 na cidade do México.

Acreditamos que as inúmeras formas de resistências dos povos, dos territórios e dos movimentos contra o neoliberalismo representam possibilidades de mudanças que estão sendo construídas na prática. Por isso, convidamos para que todas as organizações, redes, movimentos e pessoas comprometidas com a construção de uma sociedade solidária, radicalmente democrática, ambientalmente sustentável e socialmente justa que se somem ao processo de organização e realização do Fórum Social das Resistências 2020. Frente aos enormes desafios do atual momento da humanidade é impossível ficar parado. Comprometa-se com as mudanças.

Grupo Facilitador do FSResistências2020

(Foto: GILMAR LUÍS/JC)

(*) Com Brasil de Fato e Jornal do Comércio

(Fonte: Observatório da Sociedade Civil)