Entre os dias 19 e 22 de março, em Belém do Pará, a CESE realizou o Curso Mobilização de Recursos Locais, do Programa Virando o Jogo, com o objetivo de estimular reflexões sobre estratégias para sustentabilidade Institucional.
Sensibilizar e mobilizar comunidades religiosas a atuar de forma articulada nos processos de mobilização de recursos locais como estratégia para a sustentabilidade institucional. Esse foi o objetivo do Curso sobre Mobilização de Recursos Locais, realizado entre os dias 19 e 22 de março na cidade de Belém (PA). A formação faz parte do programa Virando o Jogo, ministrado no Brasil pela CESE, em parceria com a agência holandesa Wilde Ganzen.
Formado por pessoas de diversas manifestações de fé e de distintos contextos de atuação, a atividade contou com a presença de 17 representantes de 12 organizações entre igrejas, entidades ecumênicas, terreiros e uma organização indígena. Um combinado de formação, troca de experiências e dinâmicas em grupo possibilitou que os/as participantes começassem a refletir e esboçar as primeiras estratégias para atrair recursos humanos e financeiros para seus projetos, além de ampliar parcerias através do fortalecimento das suas redes de relacionamento.
A perspectiva do curso é aprimorar o que já vem sendo realizado pelas organizações. Desde 2011 a CESE tem ofertado capacitações nesta área e acompanha a mudança de percepção sobre mobilização de recursos e sua importância para grupos a partir do curso. “Estas formações têm valorizado a troca de experiências entre grupos que, aliadas ao suporte metodológico da CESE, buscam fortalecer suas redes de relacionamento, abrir novas frentes de apoio, além de buscar estratégias de abordagem e fidelização de parceiros/as. Desta forma, as organizações passam a ter uma visão mais ampla sobre esse campo de atuação.”, declara Marília Pinto, analista de comunicação da CESE e facilitadora da formação.
Nessa mesma perspectiva, Lucyvanda Moura, assessora de projetos e formação da CESE, também formadora do curso, enxerga a iniciativa como uma oportunidade para que as organizações garantam sua sustentabilidade e autonomia: “Muitos recursos circulam pela força popular, seja por suas articulações, parcerias ou pelos próprios recursos financeiros gerados pelas entidades, mas isso ainda é tratado de uma maneira informal pelas organizações. A gente tem percebido que, a partir dos cursos, as organizações começam a ver essas questões como estratégicas, para não ficarem tão dependentes de projetos ou editais, por exemplo”, relata.
A metodologia aplicada na formação garantiu que as/os participantes pudessem ter a liberdade para manifestação das particularidades de cada comunidade de fé, além de incentivar a troca de vivências entre as igrejas, religiões de matrizes africanas e a organização indígena convidada.
Marília Gabriela de Freitas, representante do Instituto Mansu Nangetu, terreiro de Candomblé, participou da iniciativa e ressaltou a importância da inclusão do povo de santo no curso oferecido pela CESE: “Nosso conhecimento ancestral é muito falado e, quando a gente participa desses locais, aprendemos a escrever projeto.”, conta. Sobre o trabalho metodológico para que todos/as fossem incluídos/as, participassem das atividades e se sentissem parte do todo, Marília Freitas completa: “Ver a inclusão e as facilitadoras fazerem esforço para incluir o Povo de Terreiro, é muito legal.”.
Com rodas de diálogos, apresentações de grupos, dinâmicas e brincadeiras que até envolviam “defender” causas inusitadas, o curso buscou a interação dos/as participantes para ter sucesso no compartilhamento de saberes.
Rosane Aparecida, representante da Igreja Episcopal Anglicana da Amazônia e voluntária da Cáritas Brasileira Regional Norte II, considerou que suas expectativas em relação ao curso foram alcançadas: “Acreditava que o curso seria maçante e cansativo, mas não foi o que encontrei. Superou a minha expectativa e trouxe muitas possibilidades que até então eu não imaginava que fosse tão acessível”, relata.
Além da participação de instituições religiosas, a CESE também convidou para participar do curso uma organização parceira de Wilde Ganzen (idealizadora do programa), o Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (CITA). Representando a entidade, o jovem Rainer Jarakaí participou da experiência e considerou a importância de ter organizações de base dentro desses espaços: “A juventude vem se mobilizado e precisamos estar inseridos nestes espaços de fala, precisamos ocupar esses espaços de direitos”, declarou.