Publicação reúne experiências colhidas em edições anteriores do Tapiri
14 de novembro de 2025
O território sagrado e suas vozes que clamam com fé” foi lançado hoje, 12 de novembro, durante o Tapiri Ecumênico, em Belém. Documento revela como fundamentalismos religiosos têm sido vetor de violações de direitos.
Organizações que compõem o Tapiri lançam, durante o Tapiri Ecumênico e Inter-religioso, a publicação “O território sagrado e suas vozes que clamam com fé”. A obra é o registro de uma jornada de escuta que percorreu os nove estados da Amazônia Legal brasileira, documentando as violações de direitos humanos intimamente ligadas ao avanço de fundamentalismos religiosos e seus impactos na justiça socioambiental.
Fruto da iniciativa Tapiri, o documento traz um mapeamento inédito, compilando relatos colhidos em comunidades quilombolas, ribeirinhas, indígenas e terreiros. Os depoimentos revelam um padrão de violações onde o fundamentalismo religioso atua como um catalisador de conflitos, frequentemente associado a interesses do agronegócio e de outros grandes projetos econômicos, que resultam em desmatamento, grilagem de terras e ameaças a defensores de direitos humanos.
A publicação contextualiza a realidade de cada estado visitado, o que a equipe do Tapiri encontrou nessas realidades, e traz falas de lideranças que, em muitos casos, estão sob proteção de programas de defensores de direitos humanos. São relatos que detalham desde a destruição de terreiros até a pressão sobre modos de vida tradicionais, sempre conectando a violência religiosa à degradação ambiental.
Sobre o Tapiri Ecumênico:
De 11 a 16 de novembro de 2025, a cidade de Belém (PA) sedia o Tapiri Ecumênico e Inter-religioso na Cúpula dos povos, grande encontro que reunirá lideranças de diversas tradições religiosas, povos indígenas, comunidades quilombolas, tradicionais de terreiro, movimentos sociais e juventudes de todo o Brasil e do mundo. O evento, que acontece na Catedral Anglicana de Santa Maria (Av. Serzedelo Correa, n° 514, Bairro Batista Campos), é um espaço de diálogo, formação de alianças e elaboração de propostas para influenciar as discussões da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
Organizado por um coletivo de entidades ecumênicas, inter-religiosas e de defesa de direitos (lista completa abaixo), o Tapiri é uma iniciativa itinerante que já percorreu, desde 2022, 9 estados da Amazônia Legal. A edição 2025 amplia o escopo para uma perspectiva global, trazendo vozes internacionais do Canadá, Austrália e outros países da América Latina para dialogar com as realidades brasileiras, tendo como pano de fundo a COP30 e suas implicações para um futuro menos desigual e ambientalmente sustentável para todas as pessoas e ecossistemas.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
A CESE foi criada no ano mais violento da Ditadura Militar, quando se institucionalizou a tortura, se intensificaram as prisões arbitrárias, os assassinatos e os desaparecimentos de presos políticos. As igrejas tiveram a coragem de se reunir e criar uma instituição que pudesse ser um testemunho vivo da fé cristã no serviço ao povo brasileiro. Fico muito feliz que a CESE chegue aos 50 anos aperfeiçoando a sua maturidade.
A CESE é a marca do ecumenismo na defesa de direitos. É serviço aos movimentos populares nas lutas por justiça. Parabéns à Diretoria e equipe da CESE pela persistência e compromisso, sempre renovado nesses cinquenta anos, de preservação da memória histórica na defesa da democracia em nosso país.
Eu acho extraordinário o trabalho da CESE, porque ela inaugurou outro tipo de ecumenismo. Não é algo que as igrejas discutem entre si, falam sobre suas doutrinas e chegam a uma convergência. A CESE faz um ecumenismo de serviço que é ecumenismo de missão, para servir aos pobres, servir seus direitos.
Parabéns à CESE pela resistência, pela forte ancestralidade, pelo fortalecimento e proteção aos povos quilombolas. Onde a política pública não chega, a CESE chega para amenizar os impactos e viabilizar a permanência das pessoas, das comunidades. Que isso seja cada vez mais potente, mais presente e que a gente encontre, junto à CESE, cada vez mais motivos para resistir e esperançar.
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.
Nós, do SOS Corpo, mantemos com a CESE uma parceria de longa data. Temos objetivos muito próximos, queremos fortalecer os movimentos sociais porque acreditamos que eles são sujeitos políticos de transformação. Seguiremos juntas. Um grande salve aos 50 anos. Longa vida à CESE
Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
Comecei a aproximação com a organização pelo interesse em aprender com fundo de pequenos projetos. Sempre tivemos na CESE uma referência importante de uma instituição que estava à frente, na vanguarda, fazendo esse tipo de apoio com os grupos, desde antes de outras iniciativas existirem. E depois tive oportunidade de participar de outras ações para discutir o cenário político e também sobre as prioridades no campo socioambiental. Sempre foi uma troca muito forte.
Celebrar os 50 anos da CESE é reconhecer uma caminhada cristã dedicada a defesa dos direitos humanos em todas as suas dimensões, comprometida com os segmentos mais vulnerabilizados da população brasileira. E valorizar cada conquista alcançada em cada luta travada na busca da justiça, do direito e da paz. Fazer parte dessa caminhada é um privilégio e motivo de grande alegria poder mais uma vez nos regozijar: “Grande coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres!” (Salmo 126.3)