periferia e zona costeira: debatendo racismo ambiental e LGBTQIAPN+fobia no Ceará
11 de dezembro de 2024
Com o apoio do Programa de Pequenos Projetos da CESE, do Instituto Terramar e do CEDECA, o intercâmbio “Da periferia à zona costeira” reuniu 50 participantes de Fortaleza e do litoral cearense para debater racismo ambiental, LGBTQIAPN+fobia, gênero, território e outras questões. Realizado entre os dias 29 e 30 de novembro, o encontro interseccionou vivências e fortaleceu laços entre coletivos urbanos e costeiros, costurando uma rede de resistência que amplia vozes marginalizadas.
A programação diversificada iniciou com uma acolhida entre os participantes, seguida pela customização das blusas para a XII Marcha da Periferia, que ocorreu no Grande Bom Jardim, em Fortaleza. A marcha, com o tema Periferia Livre: Direitos para vida e não para morte, reforçou as denúncias contra as múltiplas violências sofridas pelas comunidades periféricas, unindo movimentos sociais, coletivos juvenis e instituições em um coro por justiça.

JUVENTUDE CONTRA VIOLÊNCIA
No dia seguinte, o foco foi na construção coletiva de uma carta reivindicatória. Jovens e adolescentes apresentaram demandas e propostas ao poder público, destacando a negligência histórica enfrentada nos territórios. Racismo ambiental, especulação imobiliária, colonialidade e a convivência com a natureza estiveram entre os temas discutidos. As trocas também evidenciaram como corpos LGBTQIAPN+ e suas ancestralidades resistem em meio a essas violências estruturais.
O intercâmbio gerou reflexões sobre a importância de nomear e pautar questões pouco debatidas, criando espaços para o escambo de saberes que fortalecem as comunidades envolvidas. Como destacou um dos participantes, a iniciativa vai além de unir o que se sabe; trata-se de repartir o aprendido e construir um futuro que combata as desigualdades e preconceitos em nível estadual, nacional e latino-americano.

A inspiração para o evento ecoa nas palavras do escritor Nego Bispo, que homenagearam a ancestralidade e a resistência coletiva: “Mesmo queimando o nosso povo, não queimarão a ancestralidade.” O intercâmbio reafirmou que, por meio do diálogo e da organização, novas redes continuarão a surgir, desafiando as estruturas de opressão e plantando sementes para um mundo mais justo.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Quero muito agradecer pela parceria, pelo seu histórico de luta com os povos indígenas. Durante todo o tempo que fui coordenadora executiva da APIB e representante da COIAB e da Amazônia brasileira, nós tivemos o apoio da CESE para realizar nossas manifestações, nosso Acampamento Terra Livre, para as assembleias locais e regionais. Tudo isso foi muito importante para fortalecer o nosso protagonismo e movimento indígena do Brasil. Deixo meus parabéns pelos 50 anos e seguimos em luta.
Parabéns à CESE pela resistência, pela forte ancestralidade, pelo fortalecimento e proteção aos povos quilombolas. Onde a política pública não chega, a CESE chega para amenizar os impactos e viabilizar a permanência das pessoas, das comunidades. Que isso seja cada vez mais potente, mais presente e que a gente encontre, junto à CESE, cada vez mais motivos para resistir e esperançar.
A gente tem uma associação do meu povo, Karipuna, na Terra Indígena Uaçá. Por muito tempo a nossa organização ficou inadimplente, sem poder atuar com nosso povo. Mas, conseguimos acessar o recurso da CESE para fortalecer organização indígena e estruturar a associação e reorganizá-la. Hoje orgulhosamente e muito emocionada digo que fazemos a Assembleia do Povo Karipuna realizada por nós indígenas, gerindo nosso próprio recurso. Atualmente temos uma diretoria toda indígena, conseguimos captar recursos e acessar outros projetos. E isso tudo só foi possível por causa da parceria com a CESE.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
A família CESE também faz parte do movimento indígena. Compartilhamos das mesmas dores e alegrias, mas principalmente de uma mesma missão. É por um causa que estamos aqui. Fico muito feliz de poder compartilhar dessa emoção de conhecer essa equipe. Que venham mais 50 anos, mais pessoas comprometidas com esse espírito de igualdade, amor e fraternidade.
Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
Eu acho extraordinário o trabalho da CESE, porque ela inaugurou outro tipo de ecumenismo. Não é algo que as igrejas discutem entre si, falam sobre suas doutrinas e chegam a uma convergência. A CESE faz um ecumenismo de serviço que é ecumenismo de missão, para servir aos pobres, servir seus direitos.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Eu preciso de recursos para fazer a luta. Somos descendentes de grupos muito criativos, africanos e indígenas. Somos na maioria compostos por mulheres. E a formação em Mobilização de Recursos promovida pela CESE acaba nos dando autonomia, se assim compartilharmos dentro do nosso território.
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.