Comitê Gestor do Projeto Dabucury avalia Cartas Consultas do 2º edital
04 de novembro de 2025
Entre os dias 28 e 30 de outubro, o Comitê Gestor do Projeto Dabucury se reuniu em Salvador (BA) para avaliar as Cartas Consultas inscritas no segundo edital de apoio a projetos de gestão territorial e ambiental em Terras Indígenas da Amazônia Legal. Foram 14 Cartas Consultas na categoria Jenipapo, para criação e atualização de Instrumentos de Gestão Territorial e Ambiental (IGATIs) e 31 na categoria Urucum para implementação dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) nos territórios.
O comitê é formado por representantes da CESE, Coiab, Apib, Fundo Podáali e um representante de notório saber. Durante o encontro, os membros analisaram detalhadamente as propostas enviadas pelas organizações indígenas, debatendo critérios técnicos e estratégias voltadas ao fortalecimento da autonomia e da proteção territorial dos povos indígenas.
A programação também incluiu uma avaliação dos projetos apoiados no primeiro edital, com destaque para avanços e desafios enfrentados na execução das atividades e na gestão financeira. A rede de parcerias do Dabucury foi destacada como essencial para o acompanhamento técnico e o fortalecimento das ações de base no primeiro edital.
Vinícius Alves, assessor de projetos e formação da CESE destaca que “os projetos mostram avanços importantes e demonstram o compromisso das organizações indígenas com a proteção dos territórios.”

Para o segundo edital, os membros do comitê destacaram positivamente a presença de propostas que envolvem formação, envolvimento das mulheres e juventudes indígenas e estratégias sustentáveis de manejo dos bens naturais, incluindo iniciativas ligadas à comunicação indígena popular e ao combate de incêndios florestais.
Também foram debatidas as ameaças comuns aos territórios, como garimpo, desmatamento, queimadas e exploração predatória, e a necessidade de investir em ações de prevenção. Segundo Dimas Galvão, coordenador de projetos e formação da CESE, a distribuição dos recursos também serve para alavancar capacidades institucionais.
O comitê reafirmou a importância de garantir transparência e coerência com os critérios estabelecidos no edital, assegurando que os recursos cheguem a iniciativas que fortaleçam as comunidades. Rose Meire Apurinã, vice-diretora do Podaáli destacou que “é importante apoiar iniciativas que reforcem a gestão dos territórios e também a participação das juventudes”.
Esse entendimento também é reforçado por Gracinha Manchineri, gerente do Centro Amazônico de Formação Indígena da Coiab e integrante do Comitê Gestor. “O fortalecimento das organizações passa pela unidade do movimento indígena”, afirma.
O Projeto Dabucury segue como uma iniciativa de apoio a estratégias comunitárias voltadas à proteção dos territórios indígenas, à sustentabilidade e à valorização dos saberes tradicionais. Vanicleison Karajá, representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), reforça que “fortalecer as organizações locais é essencial para garantir a continuidade da gestão e da proteção dos territórios”.
As Cartas Consultas classificadas serão encaminhadas ao Fundo Amazônia/BNDES para validação final, e o resultado será divulgado em dezembro de 2025, conforme previsto no segundo edital do Dabucury.
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
A CESE completa 50 anos de testemunho de fé ativa no amor, faz jus ao seu nome. Desde o início, se colocou em defesa dos direitos humanos, denunciou atos de violência e de tortura, participou da discussão de grandes temas nacionais, apoiou movimentos sociais de libertação. Parabéns pela atuação profética, em prol da unidade e da cidadania. Que Deus continue a fazer da CESE uma benção para muitos.
Celebrar os 50 anos da CESE é reconhecer uma caminhada cristã dedicada a defesa dos direitos humanos em todas as suas dimensões, comprometida com os segmentos mais vulnerabilizados da população brasileira. E valorizar cada conquista alcançada em cada luta travada na busca da justiça, do direito e da paz. Fazer parte dessa caminhada é um privilégio e motivo de grande alegria poder mais uma vez nos regozijar: “Grande coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres!” (Salmo 126.3)
Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
Ao longo desses 50 anos, fomos presenteadas pela presença da CESE em nossas comunidades. Nós somos testemunhas do quanto ela tem de companheirismo e solidariedade investidos em nossos territórios. E isso tem sido fundamental para que continuemos em luta e em defesa do nosso povo.
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.
A gente tem uma associação do meu povo, Karipuna, na Terra Indígena Uaçá. Por muito tempo a nossa organização ficou inadimplente, sem poder atuar com nosso povo. Mas, conseguimos acessar o recurso da CESE para fortalecer organização indígena e estruturar a associação e reorganizá-la. Hoje orgulhosamente e muito emocionada digo que fazemos a Assembleia do Povo Karipuna realizada por nós indígenas, gerindo nosso próprio recurso. Atualmente temos uma diretoria toda indígena, conseguimos captar recursos e acessar outros projetos. E isso tudo só foi possível por causa da parceria com a CESE.
Somos herdeiras do legado histórico de uma organização que há 50 anos dá testemunho de uma fé comprometida com o ecumenismo e a diaconia profética. Levar adiante esta missão é compromisso que assumimos com muita responsabilidade e consciência, pois vivemos em um país onde o mutirão pela justiça, pela paz e integridade da criação ainda é uma tarefa a se realizar.
A CESE não está com a gente só subsidiando, mas estimulando e fortalecendo. São cinquenta anos possibilitando que as ditas minorias gritem; intervindo realmente para que a gente transforme esse país em um lugar mais igualitário e fraterno, em que a gente possa viver como nos quilombos: comunidades circulares, que cabe todo mundo, respirando liberdade e esperança. Parabéns, CESE. Axé e luz para nós!
Viva os 50 anos da CESE. Viva o ecumenismo que a organização traz para frente e esse diálogo intereclesial. É um momento muito especial porque a CESE defende direitos e traz o sujeito para maior visibilidade.
A CESE é a marca do ecumenismo na defesa de direitos. É serviço aos movimentos populares nas lutas por justiça. Parabéns à Diretoria e equipe da CESE pela persistência e compromisso, sempre renovado nesses cinquenta anos, de preservação da memória histórica na defesa da democracia em nosso país.