Movimento de Mulheres Negras da Paraíba realiza a 24ª Edição do 25 de Julho na Paraíba

Com apoio do Programa de Pequenos Projetos da CESE, o evento está alinhado com a 10ª Edição do Julho das Pretas Nordeste: fortalecendo a mobilização das mulheres negras!

As mulheres negras do Nordeste e da Paraíba estão alinhadas estrategicamente com as pautas de debate e celebração dos 30 anos da criação do 25 de Julho como Dia Internacional das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe. Com apoio do Programa de Pequenos Projetos da CESE, o Movimento de Mulheres de Negras da Paraíba promoveu a Agenda Afrofeminista Paraibana 2022 com espaços para discussão, atividades de trocas e visibilidade das pautas de defesa de direitos de mulheres negras.

A programação ocorreu de maneira integrada à 24ª Edição do 25 de Julho na Paraíba e com a 10ª Edição do “Julho das Pretas Nordeste: fortalecendo a mobilização das mulheres negras!”. As ações aconteceram numa coalizão de forças de diversos grupos, organizações e ativistas negras em torno de uma ação conjunta, condensada em uma agenda afrofeminista protegida.

Um dos destaques da programação foi a 5ª edição do UYELÊ DAS PRETAS, realizado no dia 24 de julho, na Casa da Pólvora, e promoveu a visibilidade das pautas antirracistas, mas também da cultura de rua. A ação político-cultural organizada pelo Grupo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais Maria Quitéria e pelo Movimento de Mulheres Negras da Paraíba visou pautar as questões de gênero, raça, classes e sexualidades. A culminância das ações desenvolvidas ao longo do mês aconteceu no III Encontro Estadual de Mulheres Negras na Paraíba, nos dias 29 e 30 de julho, no Sindicato dos Bancários, integrando os diferentes movimentos de mulheres negras do estado.

A Paraíba tem uma longa caminhada na celebração do Dia Internacional das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe. São já 24 edições realizadas nos 30 anos em que a data é comemorada no continente. Terlúcia Silva, assistente social e integrante do Movimento de Mulheres Negras da Paraíba, relembra a trajetória das comemorações no estado: “Na Paraíba, desde 1998 que essa data é marcada, é celebrada, é colocada na agenda política da cidade e dos movimentos sociais. Quando surgiu a proposta do Julho das Pretas, pelo Instituto Odara, na Bahia, nós, organizações locais que compomos a Rede de Mulheres Negras do Nordeste, incorporamos a data como estratégica. De forma ampliada no Nordeste, temos uma programação que tem atividades durante o mês todo e aqui especificamente, a gente organiza uma Agenda Afrofeminista, que é proposta uma série de ações pelo movimento de mulheres negras locais. São iniciativas de diferentes grupos, organizações, comunidades, fazendo o que a gente chama de agenda protegida”. O marco dos 30 anos recebeu como tema “Mulheres Negras no Poder: construindo o bem viver”.

“O 25 de julho tem um papel muito importante para a mobilização e a organização das mulheres negras aqui no estado da Paraíba. Em torno dessa data, foi construído um espaço de militância, de ativismo e congregação de mulheres negras de diferentes lugares. Este ano, preparamos uma agenda protegida com atividades coletivas como a ação de recontar nossas histórias, reconhecendo a trajetória das mulheres negras que atuam no enfrentamento ao racismo na Paraíba, em diferentes áreas” explica Silva.

Movimento na rua – A agenda do Julho das Pretas na Paraíba, além de ser um espaço de organização estratégica e política das mulheres negras, também contribui para a geração de renda, especialmente para as artesãs negras, muito impactadas pelos efeitos econômicos da pandemia. Para isso, dentro da programação do UYELÊ ocorreram a Feira Preta, bem como uma roda de conversa e apresentações culturais.

“Em todos os estados do Nordeste, as mulheres negras organizaram uma ação de rua. A nossa começou no dia 25 de julho, segunda-feira, às 14h, com um Cortejo na comunidade Aratu. Esta comunidade tem vários problemas decorrentes das desigualdades sócio-raciais no Brasil. Mas essa é uma comunidade que tem também um histórico de organização muito forte”. A Agenda se encerra neste sábado (30), com a Oficina Afetos, desafetos e o autocuidado físico e mental das mulheres negras de terreiro na Paraíba. As ações envolveram diferentes coletivos de mulheres paraibanas.

Pautas de luta – A Agenda do Julho das Pretas na Paraíba teve o objetivo de alcançar um público direto de 1200 mulheres e debater sobre os impactos do atual contexto do Brasil, como a pandemia, os retrocessos no campo dos direitos humanos e direitos de mulheres negras. Os encontros e atividades colocaram em evidência as pautas das mulheres negras.

“A gente tem visto de volta a fome, a miséria e aqui na Paraíba, a gente tem trabalhado muito. Com essa perspectiva de evidenciar como as mulheres negras têm sobrevivido e as condições das mulheres negras na Paraíba são algumas das pautas que trazemos. Neste ano, um recado que a gente tem dado é sobre a importância de ver mulheres negras nos espaços de representação e, minimamente, garantir que as pautas das mulheres negras estejam nas casas legislativas e no Poder Executivo”, explica a assistente social.

Uma das grandes preocupações dos movimentos é a elevação dos casos de violências cometidas contra as mulheres negras. “Essa violência que atinge esses corpos e atravessa as mulheres negras de diferentes formas: a violência doméstica, o feminicídio, a mortalidade materna e o racismo obstétrico. Por tudo isso, a gente está evidenciando as pautas que têm atravessado a vida das mulheres negras.

Parceria – A CESE é apoiadora do Movimento de Mulheres Negras da Paraíba no desenvolvimento de atividades que visibilizem a pauta de direitos e agenda política durante o mês de julho.

“A CESE esteve presente, talvez, em 80% da realização das 24 edições do Julho das Pretas na Paraíba. É uma parceira antiga das organizações de mulheres negras aqui. Sem esse apoio, nós evidentemente faríamos as ações, mas faríamos com muito mais dificuldade. Nesse sentido, o apoio da CESE se constitui como fundamental para garantir capilarização das ações do 25 de Julho” afirma Silva. Após um período de ações remotas, em decorrência do contexto da pandemia, neste ano, foram retomadas as atividades presenciais, guardando os devidos cuidados de segurança sanitária. “Com o apoio político e suporte material da CESE, tão necessário nesse momento, a gente consegue realizar essa agenda protegida”, conclui a ativista.