Geração de renda fortalece autonomia e organização das mulheres no Cerrado

Mulheres do Cerrado e a autonomia que vem da renda própria

Dados da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher (2023), produzida pelo Instituto de Pesquisa DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, apontam que a insuficiência de renda é um fator de risco que contribui para vulnerabilidade das mulheres, em especial das mulheres negras, à violência doméstica e familiar. Segundo o levantamento, entre as mulheres negras que não possuem renda suficiente para se manter, 32% declararam ter sofrido violência doméstica ou familiar — o equivalente a uma em cada três.  

Diante desse cenário, a Articulação das CPTs do Cerrado, que reúne comunidades de nove estados do país, realizou, com apoio da CESE, o projeto “Mulheres em luta contra o racismo e a fome: organizando e semeando resistência”. Através de oficinas de capacitação, a iniciativa buscou debater temas como racismo, patriarcado, acesso a políticas públicas de geração de renda e produção de alimentos saudáveis.

“Percebemos que a luta pelo fortalecimento da renda das mulheres é um caminho para a libertação. Aquelas que não têm renda ficam submissas e ficam sendo violentadas domesticamente quase a vida toda”, ressalta Lucimone de Oliveira, responsável pela articulação. “A maioria delas precisa ter uma fonte de renda para que possam ter voz e vez dentro da sua própria casa”, completa.

Autonomia e organização das mulheres

A iniciativa é parte de uma longa caminhada que a Articulação das CPTs do Cerrado tem trilhado no âmbito da formação e organização feminina nas comunidades, o que envolve desde encontros periódicos dos grupos e oficinas regionais até a realização de encontros estaduais. Em 2024, o mesmo projeto apoiou diretamente dois estados – Goiás e Mato Grosso do Sul – a partir da realização de duas oficinas, que tiveram a participação de cerca de 50 mulheres no total.

“A Articulação Cerrado fez o trabalho de acompanhamento mais de perto no sentido de autocuidado, cuidado coletivo da proteção em rede. Debatemos também sobre patriarcado, racismo e capitalismo. A questão da violência contra as mulheres para que, dentro desse âmbito, a gente possa articular um melhor entendimento no fortalecimento dos grupos. Com as oficinas da CESE, a gente ampliou o trabalho, alcançando o debate sobre políticas públicas, o papel da mulher na sociedade e pensar em grupos produtivos”, explica Lucimone.

A articuladora destaca a importância da organização coletiva para fortalecer a autoestima e consciência das participantes. “As mulheres precisam estar fortemente ligadas a um grupo para que elas se sintam seguras e possam, então, implementar formas diferentes de organizar o seu pensar, tanto em casa, quanto na comunidade”. Mas essa é só uma parte da caminhada. Como mulheres que semeiam resistência, o projeto pretende ser um multiplicador de formação de lideranças femininas e catalisador de processos organizativos.

“As mulheres que passam por esse processo se tornam líderes de si mesmas e muitas vezes da comunidade. Passam a ter autonomia e visibilidade na maneira de decidir o seu jeito de ser dentro da sua própria casa e da sua própria comunidade. Um dos próximos passos é que essas mulheres possam ser chave de organização de outras mulheres nas suas localidades”, conclui Lucimone.

Programa de Pequenos Projetos

Desde a sua fundação, a CESE definiu o apoio a pequenos projetos como a sua principal estratégia de ação para fortalecer a luta dos movimentos populares por direitos no Brasil.

Quer enviar um projeto para a CESE? Aqui uma lista com 10 exemplos de iniciativas que podem ser apoiadas:

1. Oficinas ou cursos de formação

2. Encontros e seminários

3. Campanhas

4. Atividades de produção, geração de renda, extrativismo

5. Manejo e defesa de águas, florestas, biomas

6. Mobilizações e atos públicos

7. Intercâmbios – troca de experiências

8. Produção e veiculação de materiais pedagógicos e informativos como cartilhas, cartazes, livros, vídeos, materiais impressos e/ou em formato digital

9. Ações de comunicação em geral

10. Atividades de planejamento e outras ações de fortalecimento da organização

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