O debate de ideias é sempre salutar nas sociedades democráticas. A divergência, ao contrário de empobrecer estruturas, fortalece a democracia, amplia direitos e promove a diversidade.
Nos últimos meses, porém, o Brasil tem visto uma onda de discursos de ódio tomar conta das redes sociais. Nesses ambientes, sobra intolerância e falta amor. Não é por acaso que o salmista aconselha: “Evite a ira e rejeite a fúria; não se irrite: isso só leva ao mal” (Salmos 37:8).
Nos noticiários acompanhamos situações cada vez mais assustadoras:
– MBL denuncia agressão em ato de SP;
– Manifestante que levantava faixa de Marielle é agredido;
– PM quebra braço de dirigente do PT em delegacia de Atibaia;
– Motorista avança sobre manifestação do MST e mata homem de 72 anos;
– Homem atira contra acampamento de manifestantes a favor do ex-presidente Lula.
O que ainda não compreendemos?
Parece que ainda não entendemos que vidas são colocadas em risco quando um líder religioso afirma orar para que Deus possa “remover opositores de Bolsonaro”, ou quando um pastor famoso chama pessoas que tem afinidade com a esquerda de “esquerdopatas” – uma junção entre a palavra esquerda e psicopata ou sociopata. Enquanto cristãs e cristãos, precisamos semear a paz e trabalhar para fortalecer o diálogo pacífico de ideias (Tiago 1:19-20).
De acordo com a pastora presbiteriana Sônia Mota, diretora executiva da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), vivemos um estado de barbárie. “É a materialização do ódio aliado à licença para matar com a certeza da impunidade. No caso do manifestante do MST que foi propositalmente atropelado, temos o sangue de mais um trabalhador jorrando na terra e gritando por justiça. Como pastora, lembro do Cristo, morto e assassinado pelos poderes políticos, econômicos e religiosos da sua época e penso: muda o cenário, mudam os personagens, mas a situação é a mesma. O evangelho nos impele a não calarmos enquanto sangue inocente continuar sendo derramado”, declarou.
“O ódio que vemos contra pobres, mulheres, indígenas, quilombolas, LGBTQI+ não é isolado. Ele está articulado com questões econômicas. É um ódio construído e fortalecido por forças econômicas do agronegócio, da mineração e de empresas interessadas em nossa água, nosso petróleo, nossos recursos, sempre com vistas a acabar com nossa soberania nacional e nos destruir como país”, declarou a secretária-geral do CONIC, pastora Romi Bencke.
Fonte CONIC