Contradições do Modelo Mineral Brasileiro foi tema de exposição e rodas de diálogo em Salvador

Debater na sociedade o modelo mineral brasileiro, construir o contraponto e a resistência às propostas desenvolvimentistas, e lutar pela soberania popular foram às alternativas discutidas  durante a Ciclo de Debates e a Exposição ”Do rio que era doce às águas do semiárido: Contradições do modelo mineral”, que aconteceu de 17 a 2o de outubro, no Congresso  2017 da UFBA.

Na abertura, a Roda de Conversa aconteceu  na Biblioteca Central da UFBA, e contou com a exposição dialogada das seguintes representações: Sônia Mota da CESE; Beni Carvalho da Comissão Pastoral da Terra-BA;  Lucas Zenha do GeografAR / UFBA; Moema Miranda – Sinfrajupe e Comitê Nacional Em Defesa dos Territórios Frente a Mineração; e Magno Costa do Movimento pela Soberania Popular na Mineração.

Na quarta,  Belmiro Silva dos Santos da Associação Baiana de Expostos ao Amianto – ABEA e Cláudia d’Arede, Professora do Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho da UFBA, dialogaram sobre saúde e mineração. Representantes de comunidades e populações em conflito com a mineração na Bahia dos municípios de Caetité, Nordestina, Santo Amaro e Simões Filho também expuseram a situação vivenciada em suas comunidades. Pela tarde, Luis Jardim de Moraes Wanderley, Professor Adjunto do Depto. de Geografia da UFRJ e do Grupo POEMA – Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade apresentou questões sobre a relação das empresas e a mineração.

Na tarde da última quinta,19, o ciclo de debates sobre mineração, contou com a colaboração a professora de Direito da UFBA, Tatiana Dias Gomes, também representante da Comissão Pastoral da Terra – Bahia e da Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia.
Tatiana abordou sobre o Código da Mineração, e fez um apanhado histórico sobre como esse tema foi tratado no âmbito das leis e dos interesses empresariais, retratando desde a época da colonização portuguesa, passando pelas ditaduras Vargas e Militar, até os dias atuais.
Participaram do debate, jovens da Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe, estudantes secundaristas, universitários, além de representantes dos movimentos sociais e organizações populares. 

Cerca de 1.000 pessoas circularam pela Biblioteca Central da UFBA, na semana do Congresso.

Sobre a Exposição

Usando a arte para estimular o debate em torno do modelo mineral brasileiro, a exposição Do Rio que Era Doce às Águas do Semiárido Baiano: Contradições do Modelo Mineral, chega à Universidade Federal da Bahia – UFBA, em Salvador, de 17 a 20 de outubro. .

A mostra nasceu meses após o rompimento da barragem de Fundão, que, em novembro de 2015, deixou a região de Mariana (MG) coberta por rejeitos tóxicos. O rastro de lama chegou até o oceano Atlântico e, com ele, cresceu também a necessidade de se discutir as ameaças socioambientais representadas pela mineração. A contaminação da água e do solo, o inchaço e a sobrecarga das capacidades dos municípios que abrigam barragens e os problemas de saúde de sua população são só alguns deles.

São Paulo foi a primeira cidade a abrigar a exposição, organizada pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração. Passou por Belém (PA), Açailândia e São Luís (MA), Caetitè e chega à Salvador. Assim, o debate ganha força e amplitude, associando o desastre em Mariana aos efeitos da mineração também na Bahia.

A exposição traz mais de 50 fotos sobre Mariana, sobre a mineração em territórios de diversos estados brasileiros, exibição de filmes, aulas públicas, rodas de conversa e palestras sobre o modelo mineral brasileiro. Merecem destaque a tela O Rio que Era Doce, de 14 x 3 metros, da artista plástica argentina, Leila Monségur, e as maquetes desenvolvidas por Ricardo Silly e Gabriela Vergara, que, com movimentos e sistema hidráulico reproduzem o complexo de Mariana antes do rompimento da barragem e logo após o desastre, com lama se espalhando – bastante didáticas, as maquetes ajudam o público a entender como funciona a mineração e a gravidade de seus impactos, especialmente em termos de contaminação da água. 

Na Bahia, a exposição tem a co-organização da Articulação Baiana formada pelo MAM, CPT Bahia, Movimento Paulo Jackson: Ética, Justiça e Cidadania e GeografarUFBA. Conta com o apoio do PAD, Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE e da Universidade Federal da Bahia – UFBA, CUT Bahia, MST Bahia e sua produção teve o apoio da Bem Te Vi Diversidade, CESE e Greenpeace, com curadoria de Katia Visentainer.

Sobre o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração

Articulação de organizações, movimentos sociais, igrejas e pesquisadores, em atividade desde 2013. É uma das principais iniciativas nacionais que se organiza politicamente em defesa dos atingidos pela mineração e de seus territórios. Investe, também, em comunicação e formação sobre o tema.