O Movimento Interestadual de Mulheres Quebradeiras de Coco do Babaçu (MIQCB) – Regional Piauí capacitou 80 mulheres para qualificação dos produtos derivados do coco do babaçu em dezembro de 2022. Essas e outras ações compuseram o projeto “Fortalecimento Produtivo e Defesa dos Territórios Tradicionais de Quebradeiras de Coco Babaçu”, que seguiu até abril de 2023. A iniciativa recebeu apoio da CESE através do edital “Povos do Cerrado no enfrentamento às mudanças climáticas”, realizado entre junho e agosto do ano passado.
O objetivo do projeto foi contribuir para fortalecer a produção com qualidade das mulheres quebradeiras de coco através de capacitação para melhoramento da produção de azeite e mesocarpo de babaçu, além de buscar a valorização dos produtos oriundos do babaçu.
Na oportunidade, além da formação de ordem mais técnica, elas também discutiram temas referentes ao Cerrado, bem como trocaram experiências com entidades que colaboraram promovendo palestras, a exemplo do Cartografia Social, a Universidade Federal do Piauí, a Defensoria Pública da União, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Movimento dos Agricultores do Piauí.
A iniciativa também objetiva dinamizar as vendas em feiras da agricultura familiar no município de Esperantina (PI) e na região do Sul do estado, onde será possível reunir feirantes, trazer produtos que apresentam desenvolvimento técnico no aproveitamento do mesocarpo do coco de babaçu. De acordo com Marinalda Rodrigues da Silva, coordenadora regional do MIQCB-Piauí, “apresentar esses outros produtos gerados a partir do mesocarpo do coco de babaçu é importante para ensinar às quebradeiras que outras possibilidades de produtos podem ser geradas”.
“Nosso objetivo é que as mulheres possam entender mais sobre sua produção, mas que elas possam também saber o que se passa dentro das comunidades, em seu entorno e os desafios dos seus territórios” explica a coordenadora. Os encontros e discussões possibilitam que as mulheres troquem experiências de vidas e possam ter mais conhecimento para defender e exigir leis de proteção para seus territórios. A estimativa é que as feiras alcancem em cada município uma média de 20 mulheres feirantes. Uma das ações futuras do trabalho é a realização do seminário sobre os impactos ambientais e projetos de defesa ambiental.
O MIQCB – O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins se configura como uma organização que representa os interesses sociais, políticos e econômicos das mulheres, visando sua visibilidade e reconhecimento. O foco da instituição é possibilitar o desenvolvimento das quebradeiras de coco babaçu através do conhecimento e da experiência que o trabalho do movimento oferece, além de adquirirem visão ampliada de mundo, também para fora de suas comunidades. A luta pelo direito à terra e ao babaçu é também pela qualidade de vida da mulher no campo.
Edital de Projetos Povos do Cerrado – Marinalda pontua que a parceria do MIQCB – Piauí e a CESE vem se estreitando cada vez mais, contando com o suporte nos editais que apoiam pequenos projetos. Para a liderança “a parceria com a CESE tem permitido avanços na ação do MIQCB em territórios, especialmente nesse caso com as mulheres feirantes. Uma parceria que tem sido importante e que pode ser cada vez mais melhorada” afirma a coordenadora.
A CESE vem realizando um conjunto de ações formativas, de fortalecimento e também de apoio a projetos de organizações não-governamentais e movimentos que atuem em defesa do Cerrado brasileiro, com especial atenção aos povos e comunidades tradicionais que, há muitas gerações, buscam viver em harmonia com o meio ambiente e que atuam como guardiãs das águas e da sociobiodiversidade de seus territórios. O edital de projetos “Povos do Cerrado no enfrentamento às mudanças climáticas” convidou povos indígenas, comunidades tradicionais, extrativistas, ribeirinhas, camponesas, quilombolas, mulheres, juventudes, entre outros, para enviar projetos com foco na defesa de direitos territoriais e no fortalecimento de sistemas alimentares.
A CESE está atenta ao fato de que os povos e comunidades tradicionais sofrem a pressão do agronegócio e dos grandes projetos econômicos, que impactam na manutenção dos seus modos de vida, harmônicos com o meio ambiente, bem como aprofundam crises sociais, como a retirada da soberania alimentar dessas populações, esgotamento dos recursos naturais e ameaça diretamente a vida dessas populações. Em função dessa conjuntura extremamente desfavorável, a CESE definiu por estimular iniciativas desses povos, movimentos e organizações que visem a defesa de direitos territoriais e o fortalecimento de sistemas alimentares por meio desse edital para apoio a projetos.