Entrevista com a presbítera Anita Wright (IPU), nova presidenta da CESE

Presbítera Anita Wright (IPU), presidenta da CESE

Na última Assembleia Geral da CESE, Anita Sue Wright Torres, Presbítera da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, foi eleita nova presidenta da organização para o triênio 2024-2027. Anita é a filha caçula do Rev. Jaime Wright e Alma Cole Wright, casal de missionários da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América. Expoente do movimento ecumênico no Brasil, Jaime foi um grande combatente da ditadura militar (64-85) e um dos fundadores da CESE.

Anita sempre acompanhou o trabalho dos pais, seja no campo missionário, seja na defesa de Direitos Humanos, principalmente depois da prisão, tortura e morte de Paulo Stuart Wright em setembro de 1973, irmão caçula de seu pai, um dos mais de cem “desaparecidos” políticos da ditadura militar.

Em 1988, sua família se muda para Vitória (ES), quando o Rev. Jaime assume a função de secretário geral da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU). Começa assim sua trajetória na IPU, onde foi diaconisa e é atualmente presbítera. Anita é professora de Arte aposentada. O Ecumenismo e sua participação nesta caminhada passam pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) no Espírito Santo e também Nacional e pela própria CESE, ora representando a IPU, ora o CONIC.

Confira abaixo, um pouco sobre o olhar da nova presidenta da CESE acerca de temas como direitos humanos e o papel das organizações baseadas na fé nesta caminhada.

Como a senhora avalia o trabalho da CESE na defesa dos direitos humanos?

A CESE nasceu em 1973, em plena Ditadura Militar, e desde sempre traz como uma de suas principais pautas a defesa dos Direitos Humanos, e esta é sua grande marca, que manteve viva nestes cinquenta anos de trabalho, e com excelência.

Qual a importância de organizações formadas por igrejas assumirem a pauta dos direitos humanos?

Tanto a CESE quanto o CONIC são organizações formadas por igrejas e que trazem no bojo de suas pautas a defesa de Direitos Humanos que muitas vezes as Igrejas sozinhas não dariam conta nem tem como prioridade. Entendo que as Igrejas devem seguir o Evangelho libertador e pautar suas ações pelo exemplo de nosso Mestre, Jesus Cristo, que defendeu os pobres, oprimidos, mulheres, crianças, e pessoas alijadas de seus direitos.

Como a senhora vê a atuação de grupos fundamentalistas e ultraconservadores dentro das igrejas hoje?

É triste e uma grande preocupação o fortalecimento de grupos fundamentalistas e ultraconservadores nas igrejas hoje, a ponto de criar a “Bancada Evangélica” para defender estas pautas a nível nacional, dando a entender que representam todos os evangélicos, o que não é verdade. As igrejas que compõem a CESE são exemplo disso. Somos em primeiro lugar Cristãos.

Como reverter esse quadro e reaproximar as igrejas da luta por justiça social?

A grande lacuna é a falta de formação de quadros, especialmente a juventude, em nossas igrejas em Direitos Humanos e pautas atuais como Racismos, Gênero, Meio Ambiente.

A CESE é uma organização fundada por igrejas cristãs em 1973 para enfrentar a Ditadura Militar e tem na figura de seu pai, Jaime Wright, um de seus fundadores. Qual o significado disso para a senhora e para a sua missão enquanto presidente da CESE?

Entrar na casa CESE, e deparar com a placa com os registros de seus fundadores em 1973 com o nome de Jaime Wright traz uma sensação da importância de sua participação na caminhada da CESE. E deixar esta mesma casa como Presidente/a traz a sensação de que a semente plantada germinou. A missão não é só minha. É de toda a Diretoria. É de todas as pessoas que trabalham na CESE. Pessoas comprometidas, parcerias bem escolhidas para levar adiante tão importante e significativo trabalho/missão.