Segunda roda de diálogo discute conjuntura política e econômica e seus impactos para a população brasileira

Desafios e caminhos para as lutas pelo Direito à Terra, Água, Território e Trabalho e Renda no Brasil foram os focos da segunda roda de diálogo virtual, realizada pela CESE, na manhã de ontem (01 de fevereiro).

A formação para a equipe interna faz parte do ciclo de debates “PISANDO FIRME NA CORDA BAMBA: Desafios e possibilidades para as lutas por direitos no Brasil.”, que tem o objetivo de fazer a reflexão para atuação da CESE em 2021, debater com a equipe executiva os desafios, e trazer insumos para o planejamento.

A iniciativa contou com a contribuição do parceiro Ruben Siqueira, coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e da coordenadora do núcleo nacional de assessoria da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), Maureen Santos.

A discussão sobre a conturbada conjuntura política e econômica brasileira possibilitou que os/as presentes trouxessem elementos para sintonizar as demandas dos movimentos sociais com as políticas referenciais da CESE, a partir do debate sobre os desafios e contextos que envolve diversos grupos e territórios.

Nesse mosaico de diálogos e trocas, Maureen Santos abordou os seguintes pontos: estagnação da economia e as consequências sociais; o mercado de trabalho e a uberização; deterioração das condições de vida da população; processo de digitalização em massa; agronegócio, mineração e modelo de desenvolvimento predatório; mercantilização da natureza e dos bens comuns; militarização do debate ambiental; crescimento da violência no campo e na cidade. Antigos e conhecidos problemas que estavam em curso e foram intensificados com a pandemia.

E para entender um pouco como funciona a lógica do capital financeiro-industrial-agrário e sua necropolítica, Ruben fez um apanhado histórico sobre a relação dos organismos bilaterais, as corporações transnacionais e o capital financeiro no controle da economia mundial, associados ao agronegócio, agroenergia e mineração brasileira. Descreveu também as consequências da exportação de commodities, grilagem de terras e exploração predatória dos recursos naturais: “A terra é um grande ativo econômico. O Brasil está entre os maiores concentradores de terras no mundo. É uma concentração histórica e determinante para o recrudescimento da violência, dos massacres e conflitos no campo.”. E complementa: “Isso tudo acontece com financiamentos públicos e incentivos fiscais.”, explica o coordenador da CPT.

Além de apresentar os principais desafios do atual contexto, Maureen Santos chama atenção para as propostas de “economia verde” e suas derivações. Ao contrário do que anuncia, esse caminho não condiz com as necessidades socioambientais e vulnerabiliza ainda mais as populações e povos tradicionais: “Essa narrativa faz parte do pacote de destruição, e segue a lógica do lucro acima da vida. Precisamos ficar atentos/as para as ofertas de parceria e as falsas soluções para crise ambiental.”, alerta a assessora da FASE.

Por fim, os/as representantes das organizações parceiras partilharam caminhos para atuação da CESE, através de boas práticas adotadas pelos movimentos sociais para enfrentar o desenvolvimentismo e mercantilização da vida: “É preciso fortalecer as perspectivas locais. As populações do campo deram banho nesta pandemia, com saídas e ações concretas frente a ineficiência do Estado.”, exemplifica Maureen. E Ruben complementa: “Esse pessoal produz alimento de verdade. Produção consciente e sem veneno, com outra concepção de vida, de mundo e de futuro”, afirma o companheiro em referência aos assentados/as, indígenas, quilombolas e populações tradicionais.

Próxima roda de diálogo:

O ciclo de discussões: “PISANDO FIRME NA CORDA BAMBA: Desafios e possibilidades para as lutas por direitos no Brasil na atual conjuntura” trará, no próximo dia 04 de fevereiro, o último tema da roda de conversa: “Desafios e caminhos para as lutas pelo Direito à Cidade no Brasil e pelo Direito à Identidade na Diversidade no Brasil.”.