CAMINHOS TRILHADOS PARA ELABORAÇÃO DESTE DOCUMENTO
Ações de formação na CESE sempre existiram, porém não eram vistas como uma linha específica de trabalho. Neste momento, a CESE procura refletir sobre sua experiência com processos educativos para fundamentar política e pedagogicamente a sua ação nesta área. Para isso, se alimenta de três fontes: a sua própria história, a perspectiva ecumênica e a Educação Popular em suas interfaces com as várias áreas de trabalho que foram se desenvolvendo ao longo da trajetória recente dos movimentos populares no Brasil.
O processo de elaboração deste documento se deu a partir de um seminário interno, em fevereiro de 2014, que contou em sua preparação com sistematizações realizadas pela equipe da CESE nas diferentes áreas de trabalho e posteriormente organizadas em um documento síntese. Após o seminário, o documento síntese foi complementado com as discussões realizadas sobre as experiências realizadas ao longo da história de CESE, a discussão sobre novas possibilidades, problemas encontrados e os principais pontos que deveriam ser retomados posteriormente.
Em 2015 o processo foi retomado com uma oficina de reflexão em setembro, na qual se discutiu o sentido da formação para CESE, as bases político-pedagógicas, as possibilidades de financiamento e a forma de organização interna para dar continuidade ao trabalho de formação de forma mais potencializadora. Em seguida foram realizados dois momentos de intercâmbio interno, com base em um roteiro prévio, a fim de extrair das experiências realizadas os principais elementos da concepção pedagógica da CESE, articulado com a leitura de textos indicados a partir da oficina. Em outubro de 2015 foi feita uma nova oficina para aprofundar a reflexão e indicar os caminhos político-organizativos que a CESE tomará nesta área.
Este documento apresenta a síntese dos debates acumulados, de forma subsidiária à tomada de decisões. Para isso, está organizado em itens: Sentidos da formação na CESE; Bases político-pedagógicas; Organização e financiamento da formação.
SENTIDOS DA FORMAÇÃO NA CESE
A formação realizada pela CESE contribui para dar concretude a sua missão: Fortalecer movimentos e grupos populares, e outras organizações, empenhadas nas lutas por transformações políticas, econômicas e sociais que conduzam a estruturas em que prevaleçam democracia com justiça na perspectiva dos direitos humanos. E se baseia em seus princípios éticos: compromisso com práticas democráticas; compromisso com lisura e transparência na gestão de recursos; promoção de relações sociais baseadas na equidade, sem discriminação de raça, etnia, gênero, orientação sexual, confissão de fé ou opinião política; respeito pleno à integridade física e moral de crianças e adolescentes; valorização da diversidade religiosa e do diálogo intereclesial e inter-religioso*.
Com esta Política de Formação a CESE busca responder às necessidades de formação junto aos movimentos populares frente à conjuntura atual de esgarçamento do campo democrático e popular. As ações de formação são oportunidades para maior aproximação da equipe da CESE com os grupos e movimentos que são apoiados, fortalecendo a capacidade de análise da equipe sobre a situação destes sujeitos e as realidades sobre as quais eles atuam.
A CESE busca estar sintonizada com as discussões no âmbito dos movimentos, com o surgimento de novos sujeitos e novas pautas políticas em cada conjuntura. Manter esta sintonia na contemporaneidade institucional exige uma maior definição estratégica de prioridades frente à escassez de recursos (humanos, financeiros e de tempo).
O trabalho de formação da CESE é avaliado positivamente pelos parceiros por, entre outras coisas, a organização ser vista como tendo boa acolhida para os vários movimentos sociais, ou seja, não sendo marcada por um alinhamento político que restrinja seu foco de análise a uma das perspectivas no interior do campo de movimentos sociais.
*Informações repassadas por documento entregue pela diretora executiva da CESE durante a oficina como parte do novo plano trienal.
BASES POLÍTICO-PEDAGÓGICAS
A ação da CESE na formação se orienta pelos valores ecumênicos* de justiça, paz e integridade da criação. Neste momento de crescimento do fundamentalismo religioso no mundo e no Brasil, com tentativas de controle sobre o Estado, comprometendo a sua laicidade e impondo um retrocesso em direitos conquistados pelos grupos sociais mais vulneráveis, é necessário reafirmar este diferencial na ação da CESE. Interessa, também, considerar, neste campo, o referencial teórico da Teologia da Libertação, associado à crítica do economicismo que lhe foi característico, e integrando os desdobramentos que esta teologia produziu no que diz respeito a gênero, raça e etnia.
Com base na postura ecumênica, a educação na CESE tenta construir visões compartilhadas, através do diálogo, onde cada movimento pode ampliar sua visão se abrindo para escutar o outro e compreender as suas crenças, visões de mundo, seus problemas e os pontos de vista a partir do qual cada um elabora suas estratégias.
A formação na CESE tem compromisso também com os princípios da Educação Popular: a dialogicidade no ato educativo como fundamento metodológico para toda a prática pedagógica, o sentido político da formação como caminho de fortalecimento da luta popular por transformação social, e a transformação social como um devir histórico que se constrói a partir da ação de múltiplos sujeitos em distintos processos e momentos. Nesta perspectiva, a pedagogia da CESE prima pelo respeito à autonomia dos grupos e movimentos populares e pelo respeito às suas estratégias, rejeitando qualquer forma de doutrinarismo.
Com base nestes princípios, as atividades educativas buscam trazer à tona conhecimentos dos grupos e das pessoas que os compõem, as diversas experiências de resistência, de lutas, de auto-organização e de articulação, assim como as distintas leituras sobre a realidade na qual atuam e sobre a conjuntura, facilitando a troca de saberes e de visões de mundo. As ações de formação da CESE contemplam uma pluralidade de visões, dentro do campo dos movimentos sociais de luta por direitos. Neste sentido, a pluralidade de conhecimentos, acadêmicos e populares, devem ser considerados com a mesma estatura, todos contribuindo para impulsionar a análise crítica e a criatividade dos/as participantes.
A formação deve favorecer a capacidade de análise crítica do contexto em que ocorre, a começar pela explicitação do que nos traz ao espaço da formação, como nos situamos frente às desigualdades estruturantes da sociedade brasileira e ao campo dos movimentos populares. Deve ter abertura para o novo, tanto em termos geracionais, como em termos de novas problemáticas e de novos sujeitos que se engajam no campo dos movimentos populares. E deve favorecer o diálogo entre diferentes, dentre aqueles que almejam as mudanças sociais. Com isso, afirmamos que as ações de formação podem ser compostas também com falas políticas e de conteúdos feitas por integrantes de movimentos populares, que, neste caso, saem do lugar mais tradicional que ocupam nas atividades que é o de apresentar suas experiências.
A CESE afirma-se como sujeito político no interior do movimento ecumênico e, portanto, como parte do campo político dos movimentos sociais. Realiza processos e/ou atividades de formação com diversos formatos e temas e para distintos públicos em diferentes regiões do país. Isso desafia a capacidade de construir internamente as condições para autoformação, intercâmbio entre educadores/as, disseminação de conhecimentos, e reconhecimentos de distintas problemáticas e linguagens trabalhadas pelos diversos movimentos.
A cada demanda de formação, devemos refletir sobre qual o perfil do grupo, como ele se situa no campo político e que elementos são centrais na sua cultura institucional. Esta reflexão durante o processo preparatório é importante para, na atividade, saber dialogar com o conhecimento do grupo, potencializar as trocas de experiências e construir um roteiro metodológico que seja capaz de aportar para a produção de novos conhecimentos a partir do patamar no qual o grupo está.
As ações de formação, sempre que possível, devem considerar estrutura, contexto e conjuntura. Estrutura no sentido de ter como referência o processo de estruturação na formação social brasileira que articula as distintas dimensões de dominação e exploração; contexto no sentido de buscar compreender em que situação social aquele grupo ou aquele tema está inserido; e conjuntura no sentido de discutir a correlação entre as forças no jogo de poder que ocorre naquele momento referente àquele tema ou àquele sujeito com o qual se está trabalhando. Nesta perspectiva a CESE vive o desafio de aprofundar a sua reflexão sobre estes elementos internamente e relacioná-los com a definição de valorização da cultura popular e com a formulação ecumênica sobre ‘desenvolvimento transformador’.
A CESE busca considerar sempre, em suas ações de formação, o sentido político de pequenos gestos que fortalecem a cultura popular, a economia solidária e a agroecologia, a exemplo de escolha de local e tipo de alimentação para as atividades, definição de fornecedores, expressões artísticas que buscamos fortalecer, etc.
No contexto de fortalecimento do conservadorismo, a CESE buscará fortalecer a presença ecumênica na formação e contribuir com os Movimentos Populares no enfrentamento desta onda no local onde eles atuam. A defesa do Estado laico, enquanto princípio ecumênico, deverá estar presente em nossas ações. Além da formação, esta política aqui desenhada pode também iluminar as ações de incidência que CESE realiza enquanto parte do movimento ecumênico e do campo dos movimentos sociais.
*“Ser ecumênico é fazer a pergunta sobre o lugar dos sistemas de crença no conjunto das relações sociais… acessar seu/um/algum sistema de crença sendo capaz de perceber o conjunto das relações sociais de poder implicadas. Quem não é ecumênico não consegue fazer a crítica da religião! Quem é ecumênico não abandona sua capacidade interpretativa e política: interessa mais o oikos que a norma. Quem é ecumênico pergunta pelos viventes, o conjunto dos habitantes, e, a partir daí, pode questionar e desafiar as normas (econômicas) e os arranjos/valores (ecologia). É por essas e outras que o ecumenismo é muito mais que unidade dos cristãos ou diálogo com judeus e muçulmanos! O ecumenismo é a pergunta por um outro mundo possível. O ecumenismo é atitude, postura política diante do mundo todo habitado. Por isso, o ecumenismo é rechaçado e indesejado nas igrejas cristãs que não aceitam abrir mão de seu lugar de poder na formulação civilizatória hegemônica” (Nancy Cardoso).
4- ORGANIZAÇÃO E FINANCIAMENTO DA FORMAÇÃO
4.1. Organização do trabalho
A formação é uma dimensão presente nos programas e se busca conexão entre as distintas dimensões do trabalho da CESE. Ela necessita que seja destinado tempo para preparação, realização e sistematização das atividades, porém nem todas deverão ser sistematizadas, porque isso não é sustentável com o tempo disponível. Faz-se necessário definir internamente critérios que justifiquem o quê, em cada período, deve ser sistematizado. As experiências de sistematização da CESE foram muito positivas para a sua reflexão interna e para os sujeitos envolvidos. Devem ser mantidas com melhorias na distribuição dos produtos, gerando a possibilidade de atingir um público mais amplo.
4.2. Temas prioritários
Deve-se tomar como base para a definição dos temas prioritários o projeto político institucional (plano trienal), mas, a princípio, alguns temas deverão se de conhecimento geral da equipe: ecumenismo; direitos humanos /Dhesca; desenvolvimento institucional e PMAS – planejamento, monitoramento, avaliação e sistematização. É importante buscar definir internamente temas de aprofundamento de cada pessoa envolvida nas ações de formação, sobre o qual ela deve ser a referência na equipe, a exemplo de gênero e raça, mas sabendo-se que é necessário ter uma visão geral dos temas prioritários. A CESE deverá manter ou construir legitimidade em alguns temas e em outros, necessários à formação, trabalhará em parceria com outras organizações e consultorias.
4.3. Público prioritário
O público prioritário das ações de formação da CESE é o mesmo do trabalho institucional como um todo: os grupos populares e movimentos sociais e os setores diaconais das igrejas. A CESE pode também realizar atividades de formação com outros públicos como ONGs e gestores públicos, através de contratos específicos, desde que estejam de acordo com sua missão e seja avaliado internamente como relevante.
4.4 Realização de processos e/ou atividades de formação
Todos os setores podem realizar ações de formação, de acordo com suas especificidades. A contratação de consultorias para ações de formação é necessária, porém, com atenção para a discussão preparatória e o acompanhamento da realização, no sentido de reduzir possibilidades de surpresas negativas durante as atividades, e também buscando construir acúmulo para a CESE com cada experiência desenvolvida.
5- AUTOFORMAÇÃO
No plano anual de trabalho é necessário adotar alguns procedimentos para potencializar a ação de formação na CESE, a exemplo de: organizar momentos de intercâmbio e formação internos para a equipe de trabalho; socializar internamente registros e sistematizações das atividades de formação; potencializar a participação da equipe técnica em momentos de formação externos, a partir dos quais ela pode ampliar o acúmulo da CESE nos seus temas prioritários; aprofundar a sistematização dos aprendizados das diferentes ações como insumos aos referenciais político-pedagógicos da CESE; entender a participação em momentos de encontros dos movimentos populares (diálogo e articulação) como parte do processo de formação.
6- ESTRUTURA ORGANIZATIVA INTERNA
Pessoas de todas as equipes e da coordenação podem realizar ações de formação, porém para garantir uma certa unidade político-pedagógica, a CESE terá uma pessoa de referência para contribuir com a institucionalidade interna da formação. Ela buscará potencializar o intercâmbio interno, a autoformação e fomentar as ações externas de formação.
Deverá ser garantido no planejamento anual as definições necessárias para o funcionamento das ações de formação: pessoas de referência para os temas; critérios para sistematização; momentos internos de intercâmbio e de formação, e critérios para participações da equipe em atividades de formação externas. Também neste momento deverão ser definidas as atribuições da pessoa de referência para a formação. Para 2016, esta pessoa será Viviane Hermida, para uma primeira experiência com este novo formato, o que deverá ser avaliada ao final do ano.
7- Financiamento da formação
Ações de formação têm potencial de mobilização de recursos para a CESE. Elas devem ser inseridas nos projetos que são enviados para os financiadores de cooperação internacional e nacional (agências, governos, fundações, entre outros) como mais um caminho para o fortalecimento dos grupos e movimentos populares apoiados, além do financiamento de pequenos projetos.
A CESE também realiza ações de formação a partir de contratos e convênios públicos, através da participação em editais, chamadas e/ou por convite específico como notório saber, desde que os temas e públicos estejam contemplados em suas prioridades institucionais e contribuição para alcance de sua missão. Para isso, no material de divulgação institucional da CESE deve constar sua disponibilidade para atuar em formação. A decisão sobre a atuação em atividades de formação que não constam no plano anual de trabalho será tomada, em cada oportunidade, pela coordenação da CESE, ouvindo a pessoa diretamente envolvida, se for o caso, e a pessoa de referência para a formação.
8- RECOMENDAÇÕES
São apresentadas abaixo algumas recomendações adicionais ao documento sistematizado, que foram apontadas durante as oficinas, mas não tem o mesmo caráter permanente e estruturante previsto para o documento-síntese.
- Caso a CESE mantenha a ideia de Políticas Referenciais neste próximo plano trienal, considera-se oportuno criar uma referente a ecumenismo, a fim de fortalecer a sua identidade ecumênica;
- Uma questão que perpassou o processo de debate foi ‘como planejar ações de formação sob forte incerteza de financiamento?’. O projeto político institucional (plano trienal) deve estabelecer as bases que orientem a elaboração rápida de projetos de financiamento específicos, a cada oportunidade.
- Considerar, na elaboração do plano trienal, a relação entre ‘Diálogo e Articulação’ e a Formação.
- No planejamento anual de trabalho, construir um plano específico de formação, capaz de articular o conjunto das atividades de formação previstas, as quais podem já estar financiadas ou serem uma base para buscar financiamentos. Neste momento seria desejável tomar as definições referidas neste documento e construir agendas internas referentes a elas (momentos de intercâmbio e formação internos, entre outras).
- É necessário construir um processo de aprofundamento interno dos temas demandados neste momento de elaboração da política de formação, em especial: ecumenismo; desenvolvimento transformador; cultura popular; perspectiva libertadora da formação; e campo político dos movimentos populares e campo de esquerda.
- Também foi considerado relevante buscar aprofundar a reflexão coletiva sobre outras influências no trabalho educativo da CESE, a partir de novos paradigmas, novos temas ou sujeitos e/ou de pedagogias próprias construídas pelos movimentos. Abaixo indicamos aquelas que foram citadas na oficina, as quais, obviamente, precisam ser organizadas para definição de prioridades:
- Bem-Viver, discutindo a mercantilização da vida e desdobrando as referências para o ambiente urbano;
- Pedagogia feminista, em especial corpo e subjetividade nos processos educativos;
- Arte-educação e cultura popular;
- Educomunicação e comunicação popular;
- Cartografia social
- Formação na ação: manifestações e outras ações de incidência como processos pedagógicos;
- Oralidade e recursos visuais;
- Sentido político-pedagógico de dinâmicas;
- “O que beber na juventude”: linguagem e metodologias inovadoras;
- “O que beber nos povos indígenas”: linguagem e metodologias inovadoras;
- Virtualidade, TICs e educação a distância;
- Agroecologia e soberania alimentar;
- Economia popular e modelo de desenvolvimento;
- Como se estruturam as desigualdades;
- Finanças solidárias;
- Referencial marxista e diferentes interpretações de práxis;
- Não ficar refém de políticas públicas, discutir projeto político.
Documento elaborado em novembro de 2015
Assessoria: Carmen Silva (SOSCorpo)
VEJA O
QUE FALAM
SOBRE NÓS
Conheço a CESE desde 1990, através da Federação de Órgãos para Assistência Social (FASE) no apoio a grupos de juventude e de mulheres. Nesse sentido, foi uma organização absolutamente importante. E hoje, na função de diretor do Programa País da Heks no Brasil, poder apoiar os projetos da CESE é uma satisfação muito grande e um investimento que tenho certeza que é um dos melhores.
A relação de cooperação entre a CESE e Movimento Pesqueiro é de longa data. O apoio político e financeiro torna possível chegarmos em várias comunidades pesqueiras no Brasil para que a gente se articule, faça formação política e nos organize enquanto movimento popular. Temos uma parceria de diálogos construtivos, compreensível, e queremos cada vez mais que a CESE caminhe junto conosco.
Ao longo desses 50 anos, fomos presenteadas pela presença da CESE em nossas comunidades. Nós somos testemunhas do quanto ela tem de companheirismo e solidariedade investidos em nossos territórios. E isso tem sido fundamental para que continuemos em luta e em defesa do nosso povo.
Eu acho extraordinário o trabalho da CESE, porque ela inaugurou outro tipo de ecumenismo. Não é algo que as igrejas discutem entre si, falam sobre suas doutrinas e chegam a uma convergência. A CESE faz um ecumenismo de serviço que é ecumenismo de missão, para servir aos pobres, servir seus direitos.
Há vários anos a CESE vem apoiando iniciativas nas comunidades quilombolas do Pará. A organização trouxe o empoderamento por meio da capacitação e formação para juventude quilombola; tem fortalecido também o empreendedorismo e agricultura familiar. Com o apoio da CESE e os cursos oferecidos na área de incidência política conseguimos realizar atividades que visibilizem o protagonismo das mulheres quilombolas. Tudo isso é muito importante para a garantia e a nossa permanência no território.
Minha história com a CESE poderia ser traduzida em uma palavra: COMUNHÃO! A CESE é uma Família. Repito: uma Família! Nos dois mandatos que estive como presidente da CESE pude experimentar a vivência fraterna e gostosa de uma equipe tão diversificada em saberes, experiências de fé, histórias de vida, e tão unida pela harmonia criada pelo Espírito de Deus e pelo único desejo de SERVIR aos mais pobres e vulneráveis na conquista e defesa dos seus direitos fundamentais. Louvado seja Deus pelos 50 anos de COMUNHÃO e SERVIÇO da CESE! Gratidão por tudo e para sempre!
A CESE não está com a gente só subsidiando, mas estimulando e fortalecendo. São cinquenta anos possibilitando que as ditas minorias gritem; intervindo realmente para que a gente transforme esse país em um lugar mais igualitário e fraterno, em que a gente possa viver como nos quilombos: comunidades circulares, que cabe todo mundo, respirando liberdade e esperança. Parabéns, CESE. Axé e luz para nós!
A luta antirracista é o grande mote das nossas ações que tem um dos principais objetivos o enfrentamento ao racismo religioso e a violência, que tem sido crescente no estado do Maranhão. Por tanto, a parceria com a CESE nos proporciona a construção de estratégias políticas e de ações em redes, nos apoia na articulação com parcerias que de fato promovam incidência nas políticas públicas, proposições institucionais de enfrentamento a esse racismo religioso que tem gerado muita violência. A CESE nos desafia na superação do racismo institucional, como o grande vetor de inviabilização e da violência contra as religiões de matrizes africanas.
Há muito a celebrar e agradecer! Nestes anos todos, a CESE tem sido uma parceira importantíssima dos movimentos e organizações populares e pastorais sociais. Em muitos casos, o seu apoio foi e é decisivo para a luta, para a vitória da vida. Faz as exigências necessárias para os projetos, mas não as burocratiza nem as excede. O espírito solidário e acolhedor de seus agentes e funcionários faz a diferença. O testemunho de verdadeiro ecumenismo é uma das suas marcas mais relevantes! Parabéns a todos e todas que fazem a CESE! Vida longa!
A CESE completa 50 anos de testemunho de fé ativa no amor, faz jus ao seu nome. Desde o início, se colocou em defesa dos direitos humanos, denunciou atos de violência e de tortura, participou da discussão de grandes temas nacionais, apoiou movimentos sociais de libertação. Parabéns pela atuação profética, em prol da unidade e da cidadania. Que Deus continue a fazer da CESE uma benção para muitos.