O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, 21 de Janeiro, foi oficializado em 2007 através da Lei n.º 11.635, de 27 de dezembro, e a sua escolha feita em homenagem à Mãe Gilda, do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, localizado em Salvador. Esse foi o dia que, em consequência do crime de intolerância religiosa, ela faleceu com um infarto no ano 2000.
Em Salvador várias atividades aconteceram, desde o dia 19, reafirmando o respeito à diversidade religiosa e a Laicidade do Estado Brasileiro que deve ser o garantidor da liberdade de Culto. Na manhã do dia 21, terça, um ato foi realizado diante do Busto de Mãe Gilda nas margens da Lagoa do Abaté, conduzido pela Yalorixá Jaciara de Oxum junto ao povo de Terreiro com a presença da CESE, de Koinonia, do CEBIC – Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs, do Coletivo Mulheres Políticas Públicas e Sociedade – MUPPS e de representantes de outras comunidades de fé como Anglicanos(as), Batistas, Católicos(as) e Presbiterianos (as) além de órgãos governamentais representado pela SEPROMI – Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado da Bahia e de grupos culturais como o Bloco Afro Malê Debalê.
No ato, Sonia Mota, diretora da CESE, salientou que o dia 21 de janeiro, lembrado pela dor da perda de Mãe Gilda, hoje representa um dia de luta e de compromisso com a pluralidade, a diversidade e a liberdade religiosa, que une irmãos e irmãs do mesmo pai, seja ele chamado de Alá, Olorum, de Tupã ou Javé.
Em todo o Brasil, igrejas, comunidades de fé, movimentos sociais e organizações da sociedade civil também lembraram o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data coincidiu com a abertura do Fórum Social das Resistências, em Porto Alegre. Na cidade, a XII Marcha Estadual Pela Vida e Pela Liberdade Religiosa do RS contou com a presença de centenas de pessoas, de todas as fés. A mensagem era uma só: não podemos aceitar que a intolerância religiosa tome conta de nossas cidades, nossos corações.
No Distrito Federal, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) abriu as portas da Diocese Anglicana de Brasília para um ato inter-religioso em memória às tantas vítimas de intolerância. Representantes de diversas religiões estavam presentes, incluindo povos de terreiro e indígenas.
No Rio, uma vigília inter-religiosa também reuniu adeptos de várias comunidades religiosas. O momento contou com diversas atrações, incluindo o Festival Cultural Inter-Religioso Cantando A Gente Se Entende; participação das Escolas de Samba Acadêmicos do Grande Rio, Estação Primeira de Mangueira, da cantora Varda, do coro Bienas e Prim, do cantor gospel Kleber Lucas, entre outras atividades voltadas à conscientização de que uma sociedade só pode ser verdadeiramente próspera quando todos possuem direitos iguais, e isso inclui o direito de crer no que se quer, ou mesmo não crer em nada.
Em Maceió, o Fórum de Diálogo Religioso de Alagoas e a Aliança de Batistas do Brasil (membro do CONIC), em parceria com a Igreja Batista do Pinheiro e da Alegria, organizaram um encontro sobre o tema. O evento foi aberto pra toda a comunidade local.
Na avaliação do pastor Vando Oliveira, membro da Aliança de Batistas, é muito importante que as igrejas cristãs assumam essa luta de combate às intolerâncias “como forma até de retratação, sobretudo com os irmãos que professam alguma fé de matriz africana”, disse. Vando acrescentou que, neste dia, foi criado Fórum de Diálogo Inter-Religioso de Alagoas, que passará a reunir cristãos, judeus, budistas, espíritas, entre outros.
Manifesto Evangélico contra a Intolerância
Aproveitando a data, evangélicos lançaram um Manifesto contra todo tipo de intolerância. O documento, que pode ser assinado na plataforma Avaaz, assume “a defesa incondicional da liberdade religiosa de todas as pessoas” e se posiciona “contra toda forma de intimidação, discriminação, agressão verbal e violência física oriundas de pessoas e igrejas evangélicas”.
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Fonte: CONIC