Em parceria com a CESE, Cimi leva auxílio a povos indígenas afetados por fortes chuvas na Bahia e em Minas Gerais

Bahia e Minas Gerais foram alguns dos estados que mais sofreram os impactos das fortes chuvas que atingiram algumas regiões do Brasil em dezembro de 2021. Cidades inteiras foram alagadas, famílias perderam casas, imóveis, vidas foram ceifadas. Povos indígenas também viveram momentos de tensão. Logo nas primeiras chuvas, muitas aldeias ficaram ilhadas, com danos à infraestrutura, vias de acesso e plantações foram destruídas.

Apenas na Bahia, 11 mil indígenas de nove povos foram atingidos/as pelas enchentes, segundo Agnaldo Francisco dos Santos, liderança dos Pataxó Hã-Hã-Hãe Ele aponta que, de todos os municípios que declararam estado de emergência, 19 tinham terras indígenas e, das 195 comunidades indígenas, 104 foram atingidas. Em Minas, calcula-se que aproximadamente 25 mil indígenas foram atingidos/as pelas enchentes.

As mesmas famílias que foram atingidas pelas chuvas, já vinham sofrendo o impacto da pandemia de Covid-19, o que agrava ainda mais o quadro de vulnerabilidade. Diante desse contexto, a CESE e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Regional Leste se mobilizaram para socorrer algumas comunidades atingidas apoiando ações de solidariedade mais estruturantes no período pós-enchente, fortalecendo sobretudo o empoderamento econômico e a segurança alimentar e nutricional, de forma a contribuir para o bem viver local.

Dentre as ações apoiadas estão aquisição de materiais para recuperação de canais de irrigação e de caixas para captação de água da chuva; compra de itens para realização de oficinas de material de higiene, bio joias, artesanato, miçangas; distribuição de sementes nativas de feijão, milho, mandioca, abóbora, fava, gergelim, entre outras; e  aquisição de 220 cestas de alimentos para as famílias que se encontravam em situação de maior vulnerabilidade alimentar.

Considerando todas as ações realizadas, foram atendidas dezenas de comunidades indígenas, formadas por povos Xakriabá, Pataxó, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Atikum, Kiriri, Tupinambá, Imboré, Kamakã, Maxakali, Pankararu-Pataxó, Aranã Caboclo e Mokuriñ. Ao todo, cerca de 1200 famílias foram beneficiadas.

O Cimi foi o executor das ações nas localidades selecionadas e a CESE ficou com a responsabilidade de gerir os recursos e realizar as aquisições dos produtos. O projeto teve apoio da Swiss Solidarity, uma fundação independente criada pela SRG SSR, a corporação suíça de meios de comunicação, que se dedica às vitimas de desastres e conflitos. O projeto teve suporte da aliança Terre des Hommes Suisse e terre des hommes swcheiz no Brasil e da Cosude.

Haroldo Heleno, coordenador do Cimi Regional Leste afirma que a contribuição da CESE e Terre des Hommes Suisse chega em um momento desafiador para estas comunidades, que já vinham enfrentando o descaso do governo federal e foram duramente castigadas pelas enchentes.  “Neste sentido, essa solidariedade é mais do que uma ajuda na garantia da soberania alimentar. É a possibilidade de resgatar a cidadania e a auto-estima destas comunidades. A palavra que temos neste momento é  gratidão.”