CESE apoia iniciativa que fortalece produção de mulheres quilombolas no Maranhão

Coletivo Mulheres Guardiãs de Sementes fortalece rede de apoio e comercialização de produtos de mulheres quilombolas

Mulheres negras e quilombolas contam com apoio para comercializar azeite de coco babaçu e seus derivados, vencendo os desafios socioeconômicos gerados pela pandemia. É o que propõe o Coletivo Mulheres Guardiãs de Sementes, que promove a articulaçao de redes de apoio, propagação dos saberes ancestrais e práticas agroecológicas no Maranhão. A iniciativa foi contemplada no Programa Pequenos Projetos da Coordenadoria Ecumênica de Serviço em 2021.

O projeto visa proporcionar melhores condições estruturais para a produção coletiva e comercialização do azeite de coco babaçu. A renda gerada pelas vendas contribuirá para mitigação das dificuldades potencializadas pela pandemia da Covid-19, além do aprimoramento da produção. O Coletivo Guardiãs de Sementes quer ampliar a participação de mulheres dos territórios, bem como constituir uma rede de apoio que auxilie no enfrentamento às violências, em articulação com movimentos e entidades.

De acordo com Rosilene Cruz, coordenadora do projeto, o contexto das mulheres quilombolas é de uma longa trajetória de superação de obstáculos. “É uma história de luta, resistência, organização, rompimento de barreiras em busca de alternativas e em defesa de um território livre para nosso bem viver” declara a liderança, que vem realizando reuniões para organizar e qualificar a produção, bem como encontros formativos temáticos.

As atividades formativas tratam de temas como Enfrentamento as violências doméstica durante a pandemia; Resgate e partilhar dos saberes e práticas ancestrais; Desafios para equidade racial, além de aprender mais sobre o aproveitamento integral do Babaçu e uso de defensivos naturais e oficinas sobre Medicina Natural e Ginecologia Natural. As atividades formativas tiveram início em maio deste ano e serão concluídas em agosto.

As mulheres participantes vêm das Comunidades de Pontes, Sítio Raízes e Bica, todas territórios quilombolas no Maranhão. São 15 mulheres em processo de formação, bem como articulação para organização e fortalecimento do coletivo, através das rodas de conversa, trabalhos em grupo, além das oficinas. Para Rosilene Cruz, as mulheres beneficiadas pelo projeto enxergam nele um espaço de “autonomia, empoderamento, independência, qualidade de vida e a conquista de direitos”.

Mulheres Guardiãs de Sementes – O projeto em andamento é a primeira ação do Coletivo apoiada pela CESE, que contribuiu nas condições para viabilizar os processos formativos, bem como aprimoramento da produção e comercialização dos produtos. “O apoio da CESE foi um incentivo para que mais mulheres se juntem a nós para fortalecer mais ainda nossa luta. Também nos dá a possibilidade de conhecer outras alternativas e conhecer outros territórios e suas experiências – que chamamos de troca de saberes” revelou a coordenadora da iniciativa.

Criado em 2017, o Coletivo “Mulheres Guardiãs de Sementes” nasceu dentro do intercâmbio denominado “Intercâmbio das Sementes da Paixão”, que na oportunidade, uniu mulheres de três comunidades quilombolas do Maranhão. Desde então, o grupo desenvolve atividades voltadas para a salvaguarda das sementes do território, organização de oficinas de confecção de bonecas Abayomi, bem como trabalhos voltados com a extração do coco babaçu e seus derivados. O proejto em andamento contribuirá para a estruturação da unidade de apoio onde funciona o Coletivo Guardiãs de Sementes.