Cânticos, protestos contra a Proposta de Emenda à Constituição – PEC 006/19 e manifestações de fé marcaram a Vigília contra a Reforma da Previdência, realizada na noite desta terça-feira (14) no Centro Histórico de Salvador. Fruto da articulação entre a ASA – Ação Social Arquidiocesana, Cáritas Brasileira Nordeste II, CESE, CEBIC – Conselho Ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs e CPT (Comissão Pastoral da Terra – Bahia), o ato teve o objetivo de chamar atenção da sociedade para o possível fim da seguridade social e aumento das desigualdades entre ricos e pobres com a “Nova Previdência”, proposta pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL).
A reforma da Previdência traz como principais pontos modificações a idade para aposentadoria, aumento do tempo de contribuição e criação de um novo regime de capitalização. Essa proposta desconsidera por completo, as desigualdades de gênero, diferenças geográficas, e as pessoas quem estão dentro e fora do mercado de trabalho. Para Rizoneide Gomes, da Pastoral dos Pescadores e Pescadoras da Bahia, essa medida afeta drasticamente o povo do campo que depende dos períodos de safra e condições climáticas para sobreviver. A elevação do período de carência para a aposentadoria por idade para um mínimo de 20 anos de contribuição, deixará população do campo longe do acesso ao benefício: “A comprovação do exercício da atividade não será mais através de documentação. Se não contribuir, não recebe. Infelizmente, a população rural nem sempre tem condição de pagar. Vamos ficar doentes e morrer trabalhando.”
O vão livre da Praça Municipal, ponto de concentração da manifestação, recebeu dezenas de pessoas com cantos, orações, tochas e cartazes com frases como “#EuNãoAceitoEssaReformaDaPrevidência”, “Só se for para ampliar a Justiça Social”, “Basta! Não ao desmonte dos direitos” e “Maior desmonte social da história”.
O que se viu nesta Vigília foram várias manifestações de fé que, com suas especificidades, símbolos e crenças, encontraram-se para refletirem e reivindicarem direitos. “Para nós, povo de fé e de luta, participar desses momentos é extremamente importante. Exercemos o nosso direito profético de denunciar o ataque aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e anunciamos o nosso compromisso com as pessoas que vivem diretamente as consequências da desigualdade no país.”, afirmou Sônia Mota, diretora executiva CESE.
A programação da Vigília contou com um manifesto em frente estátua de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência e luta contra a escravidão. “O canto das três raças” (1974), interpretado pelos manifestantes, ecoou ao redor do monumento e chamou atenção de comerciantes e turistas que circulavam no coração da Praça da Sé.
Em seguida, a procissão luminosa se dirigiu rumo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, congregação católica que impera o sincretismo com as religiões de matrizes africanas. Em frente à igreja, no largo do Pelourinho, houve depoimentos de pessoas que serão afetadas pela reforma e uma cruz personalizada, contra PEC 006/19, erguida pelos presentes, como símbolo do sofrimento e das tribulações que afligem o povo brasileiro.
A cerimônia foi concluída na Rosário dos Pretos, com a leitura do texto do Salmo: “Como é feliz aquele que se interessa pelo pobre!” (Sl 41:1ª) e o anúncio de esperança, de um projeto de vida para coletividade e afirmação da humanidade, com as palavras: “Proteção”, “Fim dos Privilégios”, “Amparo aos necessitados”, “Assistência Social”, ‘Renda Mínima”, ‘Justiça Social” e “Igualdade de Direitos”.
Campanha Nacional – Vigília Nacional contra a Reforma da Previdência
A ação faz parte de uma campanha nacional iniciada no dia 6 de maio, pela Cáritas, CONIC e CESE estimulando grandes concentrações, em várias cidades do País para que igrejas, comunidades de fé, sindicatos, associações de trabalhadoras e trabalhadores, professores, militantes em geral organizem ações e saiam às ruas para dizer NÃO a mais este absurdo governamental.
Clique aqui e leia a nota do CONIC e da CESE sobre a Reforma da Previdência