NOTA I Um segundo turno com muita fé e profética esperança I #ComFéSemFascismo

NOTA I Um 2º turno com muita fé e profética esperança I #ComFéSemFascismo

Bem-aventuradas as pessoas que sofrem perseguição por causa da justiça, porque delas é o reino dos céus; Mateus, 5, 10

A CESE busca inspiração no texto das bem-aventuranças para conclamar todas as pessoas de fé, quer atuem ou não juntos/as aos movimentos sociais, a refletirem e se posicionarem diante do quadro político atual.

O que estamos vivenciando com a sofreguidão que invade as redes sociais e fustiga mentes e corações com manifestações de ódio e intolerâncias o processo eleitoral, não pode estar dissociado do mal-estar que acomete a humanidade. Ela que se move entre tantas crises no meio da globalização – financeira, energética e ambiental, desemboca numa crise humanitária e civilizatória com levas de migrantes humilhados/as, colocando em xeque as bases da Declaração Universal dos Direitos Humanos duramente construída sobre os escombros da última Grande Guerra. Nós e metade da humanidade que ainda buscávamos tardiamente a afirmação dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, vivemos agora o rebaixamento de direitos civis e políticos sob o tacão das medidas de exceção – um fascismo social que, como ‘pau de aroeira’, fustiga até consolidadas democracias dos chamados países centrais.

Como em muitos momentos da nossa história em que o país apontava para um desenvolvimento próprio e menos desigualdade, o mote do combate à corrupção surge como explicação rasteira à legítima explicitação dos conflitos, criando caldo político-cultural mal direcionado de indignação popular em meio a operações que aprofundaram a crise econômica e um enorme exército de desempregados. Como no resto do mundo, os/as trabalhadores/as enfrentam dramática mutação em sua estrutura de classe – dispersa e precarizada – de que se valem as contrarreformas do capital para impor sujeição e maior exploração.

Queremos, junto com a sociedade civil organizada, superar o mais rápido possível essa sensação de medo, de insegurança pública e social, de misoginia, racismo, intolerância religiosa e preconceitos de gênero. De descrença nas instituições e na política, decorrentes da situação de desemprego e falta de horizontes, especialmente para parcelas de nossa juventude que passa a desprezar a institucionalidade e buscar saídas aventureiras marcadas pela violência e toda sorte de intolerância com a diversidade de valores das pessoas e de suas crenças. Devemos estar atentos/as para superar a criação de clima beligerante por parte de qualquer grupamento social ou de dentro das instituições que compõem o Estado Brasileiro.

Estamos convencidos/as que a falência da política é uma espécie de morte da democracia, bem como a busca insana de ‘salvadores/as da pátria’ que afrontam as instituições sem preocupar-se com a vida democrática e a legítima disputa no campo das ideias. Não por acaso, grupos e movimentos sociais, a opinião pública e a mídia internacional acompanham com vivo interesse e preocupação os destinos do Brasil que será decidido no próximo 28 de outubro. O que está em jogo é o futuro de nossa democracia diante das medidas que cada vez mais desfiguram a Constituição de 88, quando novas identidades coletivas foram reconhecidos/as.

Para a CESE e o movimento ecumênico, o encaminhamento das crises econômica, social e ambiental são inseparáveis da luta por direitos, da retomada das políticas públicas inclusivas para atender as condições dignas de vida das amplas parcelas que foram historicamente excluídas. É com esse espírito de confiança nas instituições e na democracia que a CESE convida as igrejas, movimentos sociais e todas as pessoas de boa fé a exercerem sua cidadania ativa neste histórico 28 de outubro. Vamos para as urnas com consciência!

#ComFéSemFascismo

CESE – COORDENADORIA ECUMÊNICA DE SERVIÇO

Salvador, 14 de outubro de 2018